sábado, 28 de maio de 2011

IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL POSICIONA-SE A RESPEITO DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA NO BRASIL

Por Thonny Hawany

O Blog Thonny Hawany abre espaço para mais um posicionamento religioso. Desta vez, a palavra está com o bispo primaz da Igreja Anglicana do Brasil, Dom Maurício José Araújo de Andrade. Inicialmente, comentarei alguns trechos do posicionamento do nobre religioso, para depois postar o texto com o intuito de levar o leitor deste blog a interagir com as palavras sereníssimas de Dom Maurício. Como é do conhecimento de todos, a mais forte de todas as finalidades do Blog Thonny Hawany é defender, fomentar, divulgar tudo o que está relacionado com os avanços sociais, culturais e científicos da comunidade LGBT, tanto por isso, é que me senti na obrigação de publicar as santas palavras de sua excelência reverendíssima por entender que elas representam enorme avanço social e cultural, além de religioso.

Tratar as questões sociais com “serenidade” deveria ser a atitude de todas as religiões do planeta, no entanto, não é isso que se constata na maioria dos segmentos religiosos. Questões a respeito das quais os religiosos fundamentalistas não têm conhecimento, são por eles chamadas de abomináveis e não de serenas.

Para Dom Maurício, a decisão do STF “representa um importante avanço em nossa sociedade na busca pela superação de todas as formas de preconceito e um aperfeiçoamento no conceito de igualdade e cidadania numa sociedade marcada pela pluralidade, mas também por profundas desigualdades e discriminações”

Em seu posicionamento, Dom Maurício reafirma que o reconhecimento da Igreja Anglicana ao tema “é feito com base em sólida tradição de defesa da separação entre igreja e estado (e entre religiões e estado), que não significa a sujeição de um campo ao outro, nem a substituição de um pelo outro, mas a necessária junção da autonomia institucional e legal com a liberdade de expressão e o pluralismo”.

Assim sendo, como defensor das causas LGBT, quero agradecer a Dom Maurício por suas sábias palavras e dizer-lhe que o mundo precisa de líderes religiosos como ele. Conforme anunciei acima, logo a seguir está o texto. Tire as suas próprias conclusões, caro leitor.

IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA DO BRASIL

Dom Maurício José Araújo de Andrade Bispo Primaz
Brasília, 11 de maio de 2011.
Comprometidos com a Dignidade Humana

"[...] o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com teu Deus." Miquéias 6. 8.

  • Recebemos com serenidade a recente decisão unânime do STF sobre o reconhecimento jurídico das uniões estáveis de pessoas homoafetivas. Tal aprovação representa um importante avanço em nossa sociedade na busca pela superação de todas as formas de preconceito e um aperfeiçoamento no conceito de igualdade e cidadania numa sociedade marcada pela pluralidade, mas também por profundas desigualdades e discriminações;
  • Nosso reconhecimento é feito com base em sólida tradição de defesa da separação entre igreja e estado (e entre religiões e estado), que não significa a sujeição de um campo ao outro, nem a substituição de um pelo outro, mas a necessária junção da autonomia institucional e legal com a liberdade de expressão e o pluralismo. Ou seja, a IEAB sente-se perfeitamente à vontade para expressar sua posição porque sua prática a recomenda e porque entende que o estado deve ser continuamente acompanhado em suas decisões, em qualquer esfera de poder, aprovando-o ou questionando-o em suas ações;
  • A decisão do STF levanta sérios desafios a todos os cristãos de todas as igrejas, pois requer abertura para reconhecer que as relações homoafetivas são parte do jeito de ser da sociedade e do próprio ser humano. A partir de agora, os direitos desse grupo tornaram-se iguais aos de todas as outras pessoas. Reconhecemos que há ainda muito que fazer nesse campo, pastoral e socialmente, para afirmar a dignidade da pessoa humana e seus direitos. Sabemos que um profundo e longo debate deve acontecer na sociedade brasileira a este respeito, e a IEAB não está isenta de nele participar, com profunda seriedade e compromisso de entender as implicações do evangelho de Jesus Cristo em nosso tempo e lugar;
  • Reconhecemos que tal decisão é resposta à prece que sempre fazemos em nossos ritos de Oração Matutina/Vespertina: "Ó Senhor, que nos governas... ao teu misericordioso cuidado encomendamos nossa Pátria... concede a todas as Autoridades, sabedoria e força para conhecer e praticar a tua vontade. Enche-os de amor à verdade e à justiça..." (Livro de Oração Comum, pg. 38). Assim, afirmamos nosso compromisso pastoral para com essas pessoas. Cremos que a promessa declarada no rito do batismo: "És de Cristo para sempre!" (Livro de Oração Comum pag. 169) repousa sobre todos nós e, portanto, não nos cabe decidir quem pertence ou não a Deus;
  • Neste momento de mudança, reafirmamos nosso compromisso de ser uma Igreja que Acolhe e Serve, reconhecendo o sensus fidelium declarado na última CONFELIDER: defender os Direitos Humanos e o Direito à Cidadania plena. Entendemos que esse compromisso é decorrência dos votos que fazemos perante o altar em nossa confirmação: "Defenderás a justiça e a paz para todos, respeitando a dignidade de todo ser humano" (Livro de Oração Comum pg 179);
  • Louvamos a Deus pelos avanços conquistados, entendendo que fazem parte da sutil e gradativa inspiração do Espírito Santo para transformar nossa sociedade. Conclamamos todos os anglicanos e as anglicanas a acolher as pessoas que nos buscam, a orar por elas e acompanhá-las pastoralmente, entendendo que a Igreja é um edifício ainda em construção e que a totalidade de sua membresia só é conhecida pelo próprio Cristo, Senhor da Igreja.
  • No amor inclusivo de Jesus Cristo, nosso Senhor e Rei e supremo juiz dos vivos e mortos.

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