Por Thonny Hawany
Toda
língua possui um conjunto de grafemas (signos, letras) que possibilita o
registro gráfico das informações culturais de um povo. Isso não é diferente com
o povo yorùbá. Sua língua, também chamada yorùbá é riquíssima em signos, sons e
significados.
Entender
como funciona o registro gráfico de uma língua é a base para compreender os
seus demais mecanismos linguísticos e gramaticais. Por isso, saber como usar o
alfabeto yorùbá, é condição sine qua non
para aprender os fundamentos básicos dessa língua que tanto nos instiga.
O alfabeto da língua yorùbá é composto de vinte e cinco
letras divididas em sons consonantais e vocálicos, assim como no português.
As
letras de uma língua são chamadas de grafemas e os sons que produzimos, quando
pronunciamos os grafemas, são chamados de fonemas.
Para
facilitar o aprendizado e a compreensão clara do alfabeto da língua yorùbá,
abaixo, apresentaremos um quadro contendo os grafemas da língua yorùbá e seus
respetivos fonemas.
GRAFEMAS
|
FONEMAS
|
A,a
|
/a/
|
B,b
|
/bi/
|
D,d
|
/di/
|
E,e
|
/e/
|
Ẹ,ẹ
|
/ɛ/
|
F,f
|
/fi/
|
G,g
|
/gi/
|
GB,gb
|
/gbi/
|
H,h
|
/Ri/
|
I,i
|
/i/
|
J,j
|
/dji/
|
K,k
|
/ki/
|
L,l
|
/li/
|
M,m
|
/mi/
|
N,n
|
/ni/
|
O,o
|
/o/
|
Ọ,ọ
|
/ɔ/
|
P,p
|
/pui/
|
R,r
|
/ri/
|
S,s
|
/si/
|
Ṣ,ṣ
|
/xi/
|
T,t
|
/ti/
|
U,u
|
/u/
|
W,w
|
/iu/
|
Y,y
|
/ii/
|
Como
se pode ver no quadro acima, na língua yorùbá não existem as letras C, Q, V, X
e Z. Os sons do C, como conhecemos em português, são grafados com “k” (casa) e
com “s” (doce). O som de Q é grafado com “k”. O som de “x” é grafado com “ṣ”. O
“v” e o “z” não são sons frequentes na língua.
Outra
peculiaridade que gostaríamos de mencionar é o grafema “gb” que, embora seja
escrito com duas letras, equivale a apenas uma. Na pronúncia, o “gb” deve ser
pronunciado de modo a produzir os dois sons, ou seja, os sons do “g” que é
igual a /g/ e do “b” que é igual a /b/, ou seja: /gb/.
Em face
do que foi falando anteriormente, esse fenômeno linguístico não se equivale aos
dígrafos consonantais do português, a exemplo de “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “ch”, “nh”,
“lh” “qu” e “gu”.
Os
dígrafos da língua portuguesa, embora sejam escritos com duas letras, são
pronunciados numa só emissão de voz, compondo apenas um fonema. Por isso que o
“gb” do yorùbá não se equivale aos nossos dígrafos já que, ao ser pronunciado,
é possível ouvir os dois sons distintos de “g” e de “b”. Entenderam?
Em
yorùbá, temos as chamadas vogais nasais que equivalem aos nossos dígrafos
vocálicos, são elas:
VOGAIS
|
FONEMAS
|
AN,an
|
/ã/
|
EM,em
|
/ẽ/
|
IN,in
|
/ĩ/
|
ON,on
|
/õ/
|
UM,um
|
/ũ/
|
A
letra “N”, empregada depois das vogais, só serve como indicativo sonoro.
Necessariamente não constitui um fonema em si mesma.
A vogal nasal “on” aparece sempre depois das consoantes B, F, GB, M, P e W nas palavras. Na frase “Èsú wa jú wo mòn mòn ki wo Odára”, a palavra “mòn” é um exemplo do uso. A vogal “an” é usada com as demais consoantes, a exemplo da palavra “inán” expressa na frase “Inán inán mo júbà e e mo júbà”.
As letras “n” e “m” em vogais nasais finais são sempre suprimidas na escrita, mas não na pronúncia. Exemplos ogá(n), iná(n), omi(n).
A vogal nasal “on” aparece sempre depois das consoantes B, F, GB, M, P e W nas palavras. Na frase “Èsú wa jú wo mòn mòn ki wo Odára”, a palavra “mòn” é um exemplo do uso. A vogal “an” é usada com as demais consoantes, a exemplo da palavra “inán” expressa na frase “Inán inán mo júbà e e mo júbà”.
As letras “n” e “m” em vogais nasais finais são sempre suprimidas na escrita, mas não na pronúncia. Exemplos ogá(n), iná(n), omi(n).
VOCABULÁRIO:
Iná(n): fogo
mòn: saber, entender, conhecer
ogá(n): cargo masculino no Candomblé
omi(n): água
yorúbà: povo negro do grupo sudanês, nome da língua desse povo.
TRADUÇÃO DAS FRASES:
“Èsú wa jú wo mòn mòn ki wo Odára”: Exu nos reconhece e sabe que o culto é bom.
“Inán inán mo júbà e e mo júbà”: Meus respeitos ao Exu do Fogo.
REFERÊNCIAS:
BENISTE, José. Dicionário yorùbá português. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
BENISTE, José. Òrun àye: o encontro de dois mundos. 4.ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
FONSECA JÚNIOR, Eduardo. Dicionário yorùbá português. São Paulo: Civilização Brasileira, 1988.
OLIVEIRA, Altair B. Cantando para os orixás. 4.ed., Rio de Janeiro: Pallas, 2012.
PORTUGAL FILHO, Fernandez. Guia prático de língua yorùbá. São Paulo: Madras, 2013.
WIKIPÉDIA. Língua iorubá. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_iorub%C3%A1. Aceso em: 14/07/2015.
WIKIPÉDIA. Língua iorubá. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_iorub%C3%A1. Aceso em: 14/07/2015.
EM TEMPO: Este material faz parte de uma pesquisa bibliográfica e de campo que estamos fazendo sobre o uso da língua yorùbá nas comunidades de terreiro, nas cidades de Por Velho e Ariquemes, no Estado de Rondônia.
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