Por que és tão
indiferente?
que não me
enxergas,
que não me tocas,
que não me queres,
que só me
ilude...
Por que insiste
na indiferença,
se no perfume impregnado
nas flores
persiste a
lembrança do teu cheiro?
Por que teima
na indiferença,
se o vento que
toca a minha face
eterniza o teu
beijo suave e doce?
Por que reitera
a indiferença,
se até na luz das
estrelas, em mim
espelha o
brilho dos teus olhos?
Se sigo, sigo
assim: sentindo
o teu calor no
calor do sol,
o teu corpo
molhado no molhado da chuva,
o teu castigo
no castigo do açoite,
a tua indiferença
na LEMBRANÇA do silêncio.
Se sigo, sigo
assim: a reclamar
da saudade que maltrata,
da paixão que
assola,
da LEMBRANÇA
que dói
do esquecimento
que evoca.
Se sigo, sigo
assim: a eternizar
a dor que não dói...
a morte que não
mata...
o amor que não
ama...
a vida que não
vivo...
a LEMBRANÇA insistente
apesar da indiferença...
*Essa poesia foi originalmente escrita por mim na cidade de Caetité / Bahia, em 23 de junho de 1989.