Antônio Carlos da Silva Costa de Souza[1]
(Thonny Hawany)
RESUMO: O presente texto
tem como meta apresentar resultados de estudos relacionados à importância da linguagem,
da comunicação e da leitura como instrumentos de interação entre os sujeitos do
fazer pedagógico (professor e aluno). Nesse sentido, objetivou-se discutir os
avanços da linguagem no processo de construção do texto e questionar as
competências e habilidades do professor contemporâneo em compreender para
ensinar os significados construídos a partir da união de códigos verbais e não
verbais e mesmo a partir daqueles puramente imagéticos. A base metodológica
utilizada, neste trabalho, constituiu-se de revisão bibliográfica e consequente
análise das teorias a fim de se chegar aos resultados. Assim sendo, considerando
as experiências, foi possível confirmar que a leitura de textos sincréticos e
de textos puramente imagéticos promovida por diversos professores de língua
portuguesa tem sofrido prejuízos em detrimento de uma interpretação deficitária,
quase sempre desprezando os significados contidos na linguagem não verbal.
PALAVRAS-CHAVES: Linguagem; Texto Sincrético;
Professor-leitor.
O
homem sempre demonstrou interesse por desvendar os mistérios relacionados às questões
da língua(gem). Em função de sua curiosidade, vários estudos foram desenvolvidos
no decorrer da história – alguns cercados de especulações; outros, já mais
tardios, tratados e refletidos à luz de métodos tomados por empréstimo de
outras áreas do conhecimento com a finalidade de dar à pesquisa linguística o
devido tratamento científico. Apesar de sua primitiva história, a linguagem humana
passou a ser estudada, com mais afinco, a partir dos hindus, logo depois pelos neogramáticos e, no final do século XIX,
pelo suíço Ferdinand Saussure, com quem ela tomou novos e imprevisíveis rumos. Muito
embora, neste trabalho, não tenhamos que tratar especificamente com a linguística,
não podemos deixar de lhe dar a importância devida nos estudos da linguagem e da
comunicação.
A
linguística e a comunicação caminham arraigadas no entendimento das
interlocuções e da natureza sociointeracionista que há nos diálogos sociais. Para
Jakobson (2005, p. 22), “a teoria da comunicação parece [...] uma boa escola
para a Linguística Estrutural, assim como a Linguística Estrutural é uma escola
útil para os engenheiros de comunicação [...]”.Comunicação e linguística se
prendem dinamicamente e se fazem homogêneas no diálogo entre enunciador e
enunciatário. Enquanto a linguística contribui com o material linguístico, a
comunicação se ocupa da efetividade do diálogo entre emissor e receptor.
Para
o desenvolvimento científico dos estudos da linguagem, as ideias de Ferdinand
Saussure foram fundamentais e conferiram caráter científico à Linguística ao definir
um objeto e método de estudo. Até Saussure, o tratamento metodológico dado no
estudo da linguística era basicamente histórico-comparativo.
O
marco temporal do nascimento da Linguística é o ano de 1916 no qual foi
publicado o “Curso de Linguística Geral” – compilação de cursos ministrados por
Saussure na Universidade de Genebra três anos antes da publicação. O “Curso de
Linguística Geral” é uma obra póstuma e, embora a autoria seja atribuída a
Saussure, a escrita ali presente corresponde às anotações dos alunos – especialmente
de Bally e Sechehaye – os compiladores – Há também, na obra, escritos do
próprio Saussure concedidos, a posteriori,
pela esposa aos discípulos organizadores do Curso de Linguística Geral.
A
partir de Saussure, correntes de estudos desenvolveram-se a fim de corroborar
com os avanços nas áreas da linguagem e da comunicação: ora priorizando o
aspecto formal, ou seja, a gramática e a forma, ora enfatizando a comunicação
como elemento entre sujeitos coletivos.
Linguagem
e comunicação não se apartam, seduzem-se diligentemente no processo de
interação indivíduo versus indivíduo
para Terra (1997, p 12), “damos o nome de linguagem a todo sistema de sinais convencionais
que nos permite realizar atos de comunicação”. Por assim o ser, a linguagem é a
matéria prima da comunicação. Para que se tenha domínio da comunicação, antes é
preciso munir-se de conhecimentos relacionados ao uso dos signos (verbais e
não-verbais) e suas significações.
Segundo
Orlandi (1999, p. 7), “o homem procura dominar o mundo em que vive. Uma forma
de ele ter esse domínio é o conhecimento. Esse é um dos motivos pelos quais ele
procura explicar tudo o que existe”. E quando Orlandi fala em tudo o que existe, ela inclui explicações
sobre o homem em si mesmo, sobre o homem como o outro e também explicações a respeito
do homem e sua relação com o meio em que vive e atua. Ainda para Orlandi(1999,
p. 7),
“a linguagem é uma dessas coisas. Ao procurar explicar a linguagem, o homem
está procurando explicar algo que lhe é próprio e que é parte necessária de seu
mundo e da sua convivência com os outros seres humanos”.
A
linguagem é o principal dos elementos de interação entre os sujeitos coletivos
eessa interação é materializada por um fenômeno denominado comunicação. Para
Goodman (1997, p. 15),“a linguagem permite que compartilhemos nossas experiências,
aprendemos uns com os outros, planejemos juntos e expandamos muito nosso
intelecto ao ligarmos nossas mentes com outras semelhantes às nossas”.
A
comunicação tem como suporte a linguagem e como o maior de seus fundamentos o
próprio homem em sociedade. Sem linguagem não há comunicação, sem comunicação
não haveria sociedade da forma como a concebemos em nossa era.
Tal
é a importância da comunicação para a humanidade que a partir do século XX com
os estudos de Roman Jakobson criou-se o que chamamos de Ciência da Comunicação.
Ao estudarmos a teoria da comunicação de Jakobson (1999), vimos que ela sofreu
inúmeras influências de outras áreas do conhecimento humano, a exemplo da
Filosofia, da Linguística, da Psicologia, da Teoria da Informação e,
principalmente, da Sociologia.
A
teoria que estuda a comunicação, dentre outras, na vanguarda da ciência,
chama-se Semiologia, ou Semiótica[2],
que significa “o estudo da vida dos signos”. Para esclarecer o que é esta
teoria e a que ela se propõe, é necessário tratar do processo de comunicação.
Em tese, para haver eficiência no processo de comunicação é necessário que
existam elementos competentes envolvidos na realização de tal ação. Assim, não
há como se olvidar a presença de interlocutores que dominem o mesmo código sob
pena de não haver comunicação entre eles.
Teoricamente
haveria suficiência na efetivação da comunicação quando as informações fossem
passadas de emissores a receptores. Na prática, porém, essa visão mostra-se
limitada e Flores (1993, p. 22) considera que admiti-la como suficiente seria:
[...] ignorar o caráter essencialmente
intersubjetivo da linguagem. Comunicar é transmitir informações, mas não
somente isso. Caso a função informativa da linguagem fosse colocada como
fundamental, questões como prometer e pedir, seriam entendidas como consequências
do ato de fala, pois não se reduzem a informações. Porém, a linguagem é a
possibilidade de se reconhecer que na intersubjetividade estão implicadas
regras institucionais de convívio social. Nessa perspectiva, a linguagem deve
ser considerada como uma ação cuja realização está unida a uma instituição
(cultural) pressuposta ao próprio ato.
Em
outras palavras, é indispensável entender que na formulação de uma mensagem
capaz de levar de um interlocutor a outro o referente, não basta que o emissor
apenas conheça o código. É preciso que ele seja um exímio falante, para que não
lhe faltem os argumentos necessários à interlocução. Do mesmo modo, para não
cair nas armadilhas do discurso, o receptor deve ter discernimento e capacidade
de filtro das mensagens recebidas, a fim de perceber o jogo de interesses e de intenções
do emissor, a idoneidade (ou não) do veículo em que elas aparecem, as
ideologias que veiculam, entre outras questões.
Nesse
sentido, enfatizamos que o processo de comunicação mostra-se mais eficiente
quando, ao lado de conhecimentos teóricos amplos e gerais a respeito dos temas
da interlocução, os interlocutores possuem conhecimentos técnicos e específicos
da própria comunicação. Deverão ser capazes de reconheceras regras do jogo
mobilizado pelos interlocutores, além da situação de enunciação e do meio de
comunicação, os quais determinam o quê falar, para quem falar, quando falar, e como
falar.
Em
se tratando de habilidades de comunicação, não podemos perder de vista os
chamados conhecimentos didáticos e práticos: os primeiros são congênitos e
podem ser ampliados, desenvolvidos e melhorados, os outros só podem ser alcançados
por meio da prática insistente e disciplinada.
Para
complementar o raciocínio aqui esboçado, Borba (1998, p. 23), adequadamente,
considera que:
[...] a comunicação é um processo por
ser algo que está sempre em fluxo ou em movimento. É esse aspecto dinâmico que
leva os especialistas a propor um modelo
circular para explicar a natureza da comunicação, querendo com isso dizer
que, embora se desloque para frente, esse processo volta-se, ao mesmo tempo,
sobre si próprio, sendo afetado pelo seu comportamento passado, que informa o
presente e tem seus efeitos sobre o futuro, num constante vai-e-vem a que se dá
o nome técnico de retroalimentação.(grifos
do autor)
A
comunicação é o meio pelo qual os indivíduos de uma mesma coletividade
interagem, compreendem seu passado, entendem o presente e reflete a respeito do
futuro. O domínio da linguagem e da comunicação constitui condição sine qua non para o entendimento e
transformação dos próprios indivíduos, da sociedade e, consequentemente, do
mundo em que vivem.
A
linguagem é a via pela qual o homem desenvolve a imaginação e a criatividade, é
o caminho de transferência da aprendizagem, é, além do mais, o canal pelo qual
as ideias transmigram-se de um interlocutor a outro para criar, modificar e
sustentar ideologias e poderes. Nesse sentido, Benveniste (1989, p. 93) pontua
que:
[...] a linguagem é para o homem um
meio, na verdade, o único meio de atingir o outro homem, de lhe transmitir e de
receber dele uma mensagem. Consequentemente, a linguagem exige e pressupõe o
outro. A partir deste momento, a sociedade é dada como a linguagem. Por sua
vez, a sociedade só se sustenta pelo uso comum de signos de comunicação. A
partir deste momento, a linguagem é dada como sociedade. Assim, cada uma destas
duas entidades, linguagem e sociedade implica a outra.
Para
Benveniste
(1989), linguagem e sociedade coadunam-se. Não há o que se falar em linguagem
sem sociedade nemmesmo em sociedade sem linguagem. A linguagem é o mais
importante veículo de interação social, é por meio dela que os indivíduostornam-se
capazes de se expressarem e de se (re)conhecerem a expressão do outro. A
palavra articulada na intersubjetividade caracteriza o homem como tal e ainda
lhe dá condições para agir sobre o meio em que vive e atua. Quanto maior for a capacidade do homem como enunciatário, maior será sua capacidade de dominação de
si, do outro e do meio.Cada palavra enunciada contém conceitos do enunciador e
do próprio enunciatário. Para Lévinas (2009, p. 48), “na palavra, não somente
pensamos no interlocutor, mas falamos a ele, dizemos-lhe o próprio conceito que
podemos ter dele como ‘interlocutor’”.
É
nessa perspectiva interacionista que o indivíduo adquire a condição
indispensável para se tornar capaz socialmente, é nos embates sociais que o sujeito
se converte em promotore regulador das transformações do mundo e não apenas em
mero espectador das mudanças por que passam ele, o outro e o meio. Tudo evolui
como um engenho que não para nunca. Assim evolui o homem e tudo o quanto o
cerca.
O
homem moderno se transforma com tanta rapidez que precisa ser dotado de um
sistema capaz de torná-lo conhecedor e dominador ao mesmo tempo de todos os
acontecimentos dos quais ele faz parte como protagonista e antagonista de si
mesmo.
Isso
significaria dizer que o domínio da linguagem e da comunicação constitui o mais
eficiente meio para que o indivíduo em constante mutação entenda e compreenda suas
possibilidades e limitações a fim de evoluir juntamente com todo o sistema que
se move frementemente. O pensamento, por menor que seja, é mola propulsora do
homem e do meio.
Sabemos que o menor de nossos
pensamentos influencia nos nossos atos, que nossos atos influenciam nossas
percepções, que nossas percepções influenciam nossos pensamentos e que nossa vida
impermanente se engendra nesse instável turbilhão (LÉVY, 2001, p. 137).
Todo
homem que evolui com o seu tempo, o faz aumentando a sua consciência que se
alimenta de signos. Quando maior o conjunto de signos que esse homem conhece,
tanto maior será sua consciência, e quanto maior for sua consciência, tanto
maior será sua ideologia e consequente capacidade de poder e de manutenção
desse poder. Para Bakhtin (2002, p. 41) “[...] a consciência só se torna
consciência quando se impregna de conteúdo ideológico (semiótico) [...] no
processo de interação social”.
Nada
em linguagem é estanque, os processos sociais e linguísticos são contínuos e
vivos assim como o homem.
Para a consciência, suas sensações,
seus desejos, sua imaginação, suas inferências, seu discursoperpétuo e plural,
sua lógica, seu delírio de significados, sua busca de sentido, para a
consciência, insisto, o mundo é virtual. Virtual, no caso, quer dizer integralmente vivo [...] (LÉVY, 2001, p.
137).(grifos
do autor)
Dessa
forma é que se espera do indivíduo, esteja ele onde estiver, exerça ele o que
exercer, a capacidade de interagir criticamente com o meio social, a fim de que
possa fazer da teoria um suporte para a prática elaborada e, circularmente,
dessa um meio de sustentação daquela. Para Giroux (1997, p. 45), ao falar de
linguagem e educação, “[...] o real sentido da linguagem educacional deve ser
compreendido como produto de uma estrutura teórica específica, através das
suposições que a governam, e, finnalmente, através das relações sociais”.
Em
se tratando de educação, não é possível ficar restrito à linguagem produzida
exclusivamente por meio de signos linguísticos[3],
haja vista que muitos outros signos tendem a ser, igualmente, importantes para
a formação do educador e do educando. Assim, quando se fala em linguagem neste
estudo, estão sendo consideradas as mais amplas acepções e isso porque
compartilhamos dasidéias de Benveniste (1988, p. 285), segundo a qual
[...] não atingimos nunca o homem
separado da linguagem e não o vemos nunca inventando-a (sic). Não atingimos jamais o homem reduzido a si mesmo e procurando
conceber a existência do outro. É um homem falando que encontramos no mundo, um
homem falando com outro homem, a linguagem ensina a própria definição de homem.
Linguagem
e comunicação pressupõem outro elemento extremamente importante no processo de
comunicação humana: a leitura. Nenhum conhecimento pode ser adquirido a não ser
por meio da leitura, é por meio dela que o indivíduo desenvolve sua linguagem e
sua capacidade comunicadora. Não há o que se falar em conhecimento, sem falar
em leitura, não o que se falar em indivíduo integralmente socializado, sem falar
em domínio da leitura de mundo e da palavra (FREIRE, 1985).
Depois
de esclarecida a concepção de linguagem neste artigo, faz-se necessário engrossar
a corrente de pensamento daqueles que defendem a leitura como o principal
processo de aquisição (desenvolvimento) e domínio da linguagem. Para que um
indivíduo possa galgar os mais altos níveis da comunicabilidade humana é
necessário, conforme Freire (1985), que tenha adquirido, ao longo de sua vida, conhecimentos
suficientes de mundo que possam facilitar a leitura da palavra escrita e de
outros signos. O homem é sempre aquilo que ele lê e escreve. Ao falarmos da
linguagem como elemento de interação indivíduo-sociedade, estamos nos referindo
ao mais importante instrumento de lapidação do homem como tal e de sua
trajetória sócia histórica. A leitura é, sem sombra de dúvida, a base do
conhecimento, pois o indivíduo que lê torna-se mais reflexivo, responsável,
dinâmico e capaz de interferir, sobremaneira, nas transformações de seus
próprios ideais e, consequentemente, na modificação do meio em que vive e atua.
Em
linhas gerais, este estudo pretende, além de mostrar a importância que tem a
linguagem e a comunicação nas relações sociais, ainda visa apresentar uma proposta
de formação de um leitor que seja capaz de articular e de propor a coexistência
dos diversos saberes a fim de tornar a leitura mais exauriente.
A
leitura pode ser leiga ou especializada. A leiga,qualquer um pode fazer desde
que tenha o mínimo de conhecimentos linguísticos, a especializada, no entanto,
é preciso que o indivíduo tenha adquirido ao longo de sua vida competências e
habilidades relacionadas à teoria da leitura que ultrapassam os conhecimentos
meros linguísticos. Apreender a ler começa pelo processo de formação do
professor-leitor e se entende nas habilidades pedagógicas que o professor
egresso dos cursos de licenciatura é capaz de desenvolver na condição de
professor formador de leitores. Quanto maior for sua formação como
professor-leitor, maior será sua capacidade na formação do aluno-leitor.
Não
só a teoria especializada, mas a pratica em sala de aula nos fala
insistentemente que algo está errado na forma como lidamos pedagogicamente com o
ensino de leitura. Não formamos bons professores-leitores na graduação e, por
consequência, não formamos bons alunos-leitores na educação básica. Está aí,
portanto, um ciclo vicioso que precisa ser quebrado a todo e qualquer custo.
Por
falta de metodologia que seja eficiente para o ensino de leitura, o professor
incute na cabeça de seus alunos que leitura é uma questão de gosto. E gosto é
individual, cada um tem o seu: ou você gosta, ou você não gosta. Pasmem! Quando
questionados em sala de aula de qualquer nivela respeito do gosto pela leitura,
a maioria dos alunos não gosta. Um ou outro levanta a mão timidamente. A massa,
sempre imponente, irreverente e até mesmo irônica, assume o não-gosto pela
leitura.
Depois
de mostrar aos alunos que sem leitura, não há conhecimento, que sem
conhecimento não há poder e sucesso em qualquer que seja a área do conhecimento
e da atuação humana, sempre os deixo, de propósito, confusos diante da díade que
eles próprios desenvolveram ou foram levados por teorias equivocadas a
desenvolver: de um lado, o não-gosto pela leitura, do outro, o sonho de vencer
na vida, ter poder e sucesso.
A
partir desse ponto, procuro construir, em conjunto com os alunos, um raciocínio
a que chamo de divisor de águas entre o aluno que não gosta de ler e o aluno
que precisa obter o hábito de ler sob pena de fadar-se ao insucesso acadêmico e
intelectual.
A
necessidade do hábito de leitura comprovada pelos fins e objetivos do ato de
ler desmistifica a “teoria do gosto pela leitura”. O hábito pode ser adquirido
aos poucos e quase sempre motivado por um interesse que vai além da própria
leitura. A leitora é o caminho para se chegar ao longe. Trabalhar a leitura justificada
pelo objetivo do leitor é mais eficiente que desenvolvê-la como um fim em sim
mesma.Ainda que isso seja necessário e está implícito no próprio. Com a
leitura, o leitor adquire maior habilidade com as linguagens, e quanto maior forem
suas habilidades e competências em ler a si, ao outro e ao mundo que o cerca,
tanto maior será ó seu poder e sucesso.
Assim,
entendemos que os cursos de formação de professores precisam (re)pensar os seus
currículos a fim de permitir que o egresso tenha um perfil multifacetado que
lhe dê uma visão ampla de mundo e o posicione como agente de transformação
social. Para tanto, todos os cursos de formação de professores devem se
responsabilizar, fundamentalmente, pelo desenvolvimento da linguagem, das
teorias e especificidades da formação, do pensamento crítico e criativo do
educador e, sobremaneira, das competências e habilidades de leitura de mundo
por meio de qualquer signo: quer seja linguístico, quer seja não-linguístico.
Para
falar em leitura em qualquer nível, antes é preciso pensar na aquisição da
linguagem como instrumento que atua na modificação das relações mentais do
indivíduo, mas também é imprescindível que este assunto seja discutido aliado à
teoria do pensamento, visto que leitura, linguagem e pensamento não se apartam.
O signo é parte da linguagem do qual o leitor faz uso para decifrar, pensar,
compreender e criticar os enunciado e as consequentes enunciações.
Dois
pontos precisam ainda ser melhor dirimidos: linguagem e pensamento e para isso
consideramos a perspectiva de Vygotski (2003) para quem pensamento e linguagem
são processos interdependentes que acontecem desde a mais tenra idade. Para
ele, a aquisição da linguagem pelo indivíduo modifica suas funções mentais
superiores e propicia a organização e a planificação do pensamento e, por
conseguinte, a aprendizagem não pode ser vista como esfera estática ou que se
dê por adição, mas como um processo de reorganização no qual a apropriação de
novos conhecimentos transforma e amplia a rede de conhecimentos anteriores.
O
pensamento e a linguagem são considerados processos interdependentes.No
entanto, a aquisição ou o desenvolvimento de cada um deles, no indivíduo,
ocorre de forma distinta. Pensamento e linguagem se desenvolvem paralelamente;
porém, a medida que se desenvolvem,eles se encontram e se modificam. Quando
maior for o domínio da linguagem, tanto maior será a capacidade de pensamento
do homem e vice-versa.
É
inegável que o pensamento e a linguagem constituem-se elementos preponderantes
no desenvolvimento do homem em sociedade. Todavia, não há o que se falar em
linguagem e pensamento sem que ambas estejam diretamente relacionadas com a
capacidade de leitura que tem o indivíduo.
Em
suma, a leitura leva ao domínio da linguagem, que leva ao desenvolvimento
cognitivo do homem que leva a criação de novas ideologias e, que,
consequentemente, aponta para as mudanças e para as transformações sócio
ideológicas porque passa a sociedade ao se engrenar rumo ao futuro.
Nesta
perspectiva, Bakhtin (2002, p. 17), afirma que “[...] a palavra veicula, de
maneira privilegiada, a ideologia; [...], as transformações sociais da base
refletem-se na ideologia e, portanto, na língua que as veicula. A palavra serve
como ‘indicador’ das mudanças”. Palavra e ideologia são partes de um mesmo
corpo. Elas se completam, atraem-se e se repulsam conforme a intenção do
interlocutor.
Essa
concepção de palavra relacionada ao escopo do estudo que ora aqui se delineia
reforça a idéia de que a linguagem – quando usada de maneira eficaz – é, sem sombra
de dúvidas, a mais importante ferramenta no processo de transformação
ideológico-cultural do homem.
Ao
falar em linguagem como instrumento eficaz de interação entre sujeitos, isso
nos leva a pensar na importância que há em formar indivíduos que sejam hábeisem
lidar, competentemente, não só com a linguagem, mas também com as
possibilidades de ler, analisar, criticar e produzir novas linguagens.
Idealizar
um sujeito dotado de competências relacionadas à linguagem pressupõe pensar
numa escola que seja modelo do ponto de vista pedagógico, metodológico,
material e humano. E, acima de tudo, é considerar que está escola tenha
professores formados para ler e ensinar o aluno a ler a si, ao outro e ao mundo
de forma inequívoca.
Por
meio da linguagem, o homem se transforma socialmente, auxilia o seu semelhante
a se transformar e ainda modifica o meio em que vive e atua. Essa forma de
pensar o homem e suas relações de absoluta dependência da linguagem como
mecanismo de sobrevivência, leva-nos a uma preocupação que é a formação de um
educador que seja capaz de lidar com as interfaces da linguagem, do pensamento
e da leitura no decorrer de seu trabalho linguístico e intelectual. As
habilidades e competências do educador,ao lidar com os processos linguísticos, deverão
ser as mesmas utilizadas pelo engenhoso artesão ao entalhar na madeira crua. A esse
respeito, Rossi-Landi (1985, p. 64-65) afirma que:
[...] as palavras e as mensagens não
existem em estado natural: uma vez que são produzidas pelo homem, conclui-se
imediatamente que elas também são produtos de trabalho. É nesse sentido que se
pode começar a falar em trabalho humano linguístico. A expressão tem o mérito
de colocar este tipo de trabalho no mesmo plano de trabalho “manipulativo” ou
“transformativo” com que se produzem objetos físicos. Desse modo, o trabalho
linguístico e o não linguístico são conduzidos ao gênero ao qual pertencem por
igual direito. Pretende-se aqui tornar unitária a definição do homem enquanto
animal falante e trabalhador, que se diferencia de todos os outros, na medida
que produz instrumentos e palavras; com essa produção, que constitui ‘o
social’, ele forma historicamente a si próprio.
Quando
falamos que o código linguístico não é hermético, fixo, acabado, capaz de
encerrar em si mesmo os sentidos, devemos entender que isso é resultado da
capacidade, inerente ao signo, de estar sempre se retomando em novas
interpretações, num processo chamado semiose, ou seja, o signo em buscar do
porvir[4]
que é o vir a ser.Deste modo,um texto não pode ser lido igualmente duas vezes
por força de dos seguintes fatores categóricos: a)o sujeito sofre influências extralinguísticas
no espaço e no tempo que o faz mudar sua perspectiva em relação ao texto; b) o
sujeito é afetado pela sua nova consciência e pelo próprio texto que lhe sugere
perceber significados antes enevoados.
Em
suma, podemos afirmar que um mesmo leitor, se considerado para além de suas
experiências sócio histórico e ideológicas, também as influências sofridas na
primeira leitura, poderá encontrar significados diversos, que em leituras
anteriores não vislumbrara em função das condições apresentadas no primeiro ato
de leitura. Nesse sentido é que “[...] onde está o mesmo está o diferente”
(ORLANDI, 1996, p. 93) e, por isso é que se pode ainda afirmar: sempre haverá significados
presentes e ausentes no texto, todos passíveis de leitura, até mesmo os
ausentes.
Diante
do exposto, pode-se inferir que as condições sócio históricas de produção e
entendimento da significação são afetadas, entre outros fatores, pelas mudanças
tecnológicas que proporcionam não só novas informações, mas novos suportes,
novos formatos e recursos que quando acessíveis ou compreensíveis determinam
positivamente o processo de leitura e significação.Em outras palavras, as
atuais demandas sociais exigem que os indivíduos sejam capazes de prever,
avaliar, diagnosticar e, sobretudo, de agir sobre a realidade que lhes é
imputada. Diante dessas exigências, o papel da escola passa a ser o de
promotora de atividades que levem ao amplo domínio da leitura, que por sua vez
permita a interpretação de complexos signos produzidos - representados por meio
de elementos linguísticos e não-linguísticos em que o verbal, muitas vezes, se
funde ou se completa com o não-verbal estabelecendo uma relação de sentidos
múltiplos e dinâmicos.
Nessa
“selva” de multilinguagens[5], o
homem é atraído pela magia das relações sígnicas e se rende ao jogo das
relações sociais e de mercado, geradas por meio de imagens repletas de sentidos
prontos para informar, impor, convencer e persuadir. Segundo Barthes (1997, p.
11) “[...] atualmente, há uma solicitação semiológica oriunda, não da fantasia
de alguns pesquisadores, mas da própria história do mundo moderno”.
Quando
mais signo o homem domina, mais excitada e mais alerta é a sua consciência. E
para Lévy (2001, p. 1), “quanto mais à consciência está acordada, mais ela é
livre, mais ela discerne virtualmente no que se oferece à sua contemplação e
mais ela engendra um mundo rico e vivo”.
Nesse
turbilhão de signos, a escola também passa a ser um importante centro de
formação ideológica, ao utilizar os textos para o ensino e aprendizagem de
leitura e de conhecimentos teóricos das diversas áreas do conhecimento humano, ela
veicula crenças, teorias e ideologias escolhidas pelo crivo da concepção
dominante.
Ao
fazer isso, ou seja, ao privilegiar esse ou aquele conhecimento, descartando
outros, a escola exerce uma função ditatorial e influencia na criação e
sustentação de um veio ideológico que nos afeta a todos desde os primeiros anos
de vida, quando já nos constituímos em alvo do mercado de capitais e produtos.
O maior de todos os exemplos é o livro didático que, a cada dia, transforma-se
em veículo de propaganda de produtos comuns no mercado, os quais aparecem
dissimulados em lições de gramática e interpretação de texto e justificados em
nome do ensino de gêneros textuais.
Por
falar em linguagem no livro didático, devemos destacar que nos mais modernos,
sem exceção,além da linguagem verbal, está presente também a linguagem do marketing, do cinema, da televisão, da
música, da pintura, da fotografia, da poesia, do teatro eda Internet, tudo
constituindo uma mescla entre verbal e não-verbal, que nesse espaço aparece, não
como ilustração, mas como elemento, sintaticamente, organizado para significar
e/ou ampliar a significação do texto verbal com diversos propósitos que vão
desde a divulgação de produtos e de ideologias à formação de conhecimentos
científicos diversos a respeito de homem e do mundo em que o ele está inserido
e atura como sujeito ativo e passivo de seus ações.
O
livro didático, a cada dia que passa, ganha vida e se move para acompanhar a
evolução do homem. Por enquanto, ainda nos valemos dos modelos impressos para
os estudos de conteúdos e treinos de leitura, quase obsoletos se colocados ao
lado dos ipeds, dos tablets, dos netbooks, dos notbooks
dentre outras mídias.
A cada etapa, o campo das virtualidades
aumenta, se faz cada vez mais disponível. As virtualidades se atualizam cada
vez mais rapidamente. As fronteiras do mundo se tornam mais permeáveis,
maleáveis, interativas, elas borbulham em todos os sentidos. A evolução cósmica
e cultural culmina hoje no mundo virtual do ciberespaço (LÉVY, 2001, p. 139).
Os
livros didáticos impressos ou eletrônicos têm se tornado verdadeiros ciberespaços
didáticos. A leitura eletrônica já é uma realidade em todos os espaços sociais.
Em muitas escolas do Brasil e do mundo, a presença de e-books e de máquinas que possibilitam a leitura dessas mídias
didáticas não espantam aos que insistem em marcar passo no circuito do
quadro-negro e do giz. Essas mudanças todas pressupõem um novo mestre que seja
capaz de forma um novo aluno a partir de novas mídias pedagógicas.
Deixando
de lado, um pouco, as mídias e os ciberespaços didáticos para voltar às
linguagens, à comunicação, à leitura e à formação do professor-leitor que é o
objeto núcleo de nossas discussões neste artigo; retomaremos o curso natural
das reflexões pelas influências ideológicas no processo de ensino-aprendizagem
de leitura e os cuidados que deve ter o professor ao discutir esses assuntos
com os seus alunos. Exatamente neste ponto cabe-nos indagar: será que os cursos
de licenciatura têm currículos adaptados suficientemente para formar um
professor que seja capaz de lidar com os modelos atuais de linguagem, de
comunicação e, especialmente, de leitura? Doravante, procuremos trazer a lume
uma possível resposta de solução para o problema acima suscitado, sem, lógico,
a pretensão de esgotá-lo visto sua vasta dimensão e abrangência.
Nesse
jogo ideológico em que ideias são passadas sob uma aparente necessidade de se
abarcar gêneros diferentes e permitir que o aluno tenha contato com diversos
tipos de textos, muitas vezes, o professor age ingenuamente, sem perceber o
aparato que está envolvido em cada texto por ele utilizado. Sair do jogo é
ilusão, não há como fugir das influências ideológicas, mas jogar sem conhecer
as regras dificulta muito o desempenho do jogador (no caso, o professor). Daí a
importância de conhecer os processos envolvidos no ato de significação e de
constituição do texto que é utilizado como objeto de estudos em sala de aula.
Assim, compreender as estratégias de comunicação, verbal e não-verbal, é a
maneira de proporcionar ao professor um instrumental linguístico-semiótico
capaz de tornar sua prática mais efetiva no que concerne ao esclarecimento das
regras para aqueles que jogam sem saber o quê. As ideologias incutidas no
aluno-leitor não emanam, exclusivamente, dos interesses meramente escolares,
mas de outros interesses, a exemplo das grandes empresas que querem e precisam
de indivíduos (re)formados segundo seus manuais de enrijecimento humano. A isso
não se combate, insere-se, inteligentemente, no jogo e, como jogador perspicaz,
procura tirar dele o máximo de proveito para si, para outrem e para o meio em
que vive e atua.
Para
concorrer no mercado com as mídias eletrônicas e tornar-se mais atrativo para o
aluno e para o professor, o livro didático (LD), tornou-seuma mídia pedagógica que,
na medida de suas limitações, acompanha os avanços tecnológicos e os reproduz,
ainda que sem os movimentos que pululam nas telas dos finíssimos i-peds.
Nesse
sentido, o livro didático, especialmente nas últimas décadas do século XX e
início do XXI, pela inclusão expressiva de signos não-verbais (imagens), tornou-se,
no item leitura e interpretação, bastante preocupante, visto que não se sabe se
o professor está (ou não) preparado para ler e ensinar o aluno a ler textos
multimodais, que para Maroun (2006, p. 1), significam “aqueles que empregam
duas ou mais modalidades semióticas em sua composição (palavras e imagens, por
exemplo), daí resultando a noção de multimodalidade”.
Como
forma de sustentar e facilitar o acesso ao poder, o homem criou tecnologias
capazes de ampliar, muitas e muitas vezes, a sua capacidade de comunicação.
Porém, como criador, não conseguiu acompanhar a evolução de sua criatura e de
tudo o quanto é gerado a partir dela. Por isso, precisou desenvolver mecanismos
de leitura e interpretação dos variados discursos gerados a partir dos efeitos
e impactos causados por meio da interação (homem versus tecnologia).
A
Semântica, a Pragmática, a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a
Semiótica, entre outros formam o conjunto desses instrumentos criados para dar
conta da leitura e da interpretação do discurso do homem como indivíduo e/ou
como sujeito social. A leitura leiga não precisa dessas ferramentas, quando
falamos de instrumentos de leitura, estamos falando de leituras especializadas.
Do aluno-leitor não se exigem conhecimentos teóricos de Semântica, por exemplo,
para considerar que ele tenha atingido um nível considerável de leitura. Se
assim o fosse, seria considerar que todo leitor tivesse que ser especialista
nas ciências dos sentidos. No entanto, do professor-leitor – como leitor e como
professor de leitura –espera-se além de uma leitura superficial; dele érequeridocompetências
e habilidades especializadas em ler e em ensinar a ler de modo significativo.
Diante
das possibilidades de leituras apresentadas pelas multilinguagens e seus signos
virtuais e mutantes (verbais e/ou não-verbais), dentro e fora das mídias
educacionais, a exemplo do livro didático; urge-se a formação de um
professor-leitor que seja capaz de trabalhar esse fenômeno de modo eficiente para
formar, além de alunos-leitores, cidadão que lêem, escrevem e se socializa
lendo e escrevendo.
A
leitura de textos formados a partir da combinação de multilinguagens exige
conhecimentos que vão além de meras cogitações empíricas, daí se cogitar a
formação desse professor-leitor que domine o signo compreendendo-o na
perspectiva de sua representação enquanto signo, na perspectiva do objeto a que
ele se refere e, por último, na perspectiva do seu interpretante (SANTAELLA,
2004).
Vivemos
num mundo permeado de signos que nos exigem habilidades específicas para lidar
com eles sem perder suas potencialidades significativas. Sobre essa questão,
Santaella (2004, p. XIV) afirma que “[...] a proliferação ininterrupta de
signos vem criando cada vez mais a necessidade de que possamos lê-los, dialogar
com eles em um nível um pouco mais profundo do que aquele que nasce da mera
convivência e familiaridade”. É preciso, sobretudo,
[...] compreender qual é a natureza e
quais são os poderes de referência dos signos, que informação transmitem, como
eles se estruturam em sistemas, como funcionam, como são emitidos, produzidos,
utilizados e que tipos de efeitos são capazes de provocar no receptor
(SANTAELLA, 2004, p. 4).
E
esse modo de compreender os signos modernos, sejam linguísticos, sejam não-linguísticos,
deve ser ensinado, mas para se ensinar, é preciso antes preparar aquele que
ensinará, por isso, faz-se necessário, não só mudanças no papel, a exemplo de
verdadeiras transformações no fluxo dos currículos dos cursos de formação de
professores, mas também na postura dos mestres e doutores que, acomodados,
muitos, acreditam ser mais fácil repetir as velhas lições que ensinam nada
existir para além da palavra em estado de dicionário. As faculdades de formação
de professores devem se preocupar em formar especialistas em linguagens, em
comunicação e, acima de tudo, em leituras significativas sob pena de terem que arcar
com a responsabilidade pelo atraso do homem emcompreender melhor a si, ao outro
e ao mundo em que vive e atua.
Diante
de tudo e tomando como base o que fala Santaella (2004) a respeito do signo,
percebemos que serão necessárias ao professor, no ato de sua formação,
orientações que lhe possibilite refletir sobre a importância de conhecer os
signos, sua natureza e seu poder de significar com o intuito de desenvolver,
com seus alunos, trabalhos significativos no âmbito da leitura, especialmente,
quando o instrumento base para o ensino e treino da técnica de leitura for
livro didático (LD), que, como já vimos, renova-se e se constitui, sem exceção,
de uma aquarela, não só de cores, mas de qualidades, de singularidades e de
legitimidades significativas.
As
exigências de formação de um professor-leitor que seja hábil e competente ao lidar
com as multilinguagens e, em especial, com os meios eletrônicos pelos quais
essas linguagens são virtualizadas, deve se constituir uma das grandes
preocupações deste século. Se queremos melhores alunos-leitores, deveremos dar-lhes
melhores professores-leitores e, desta forma, estaremos dando à sociedade cidadãos-leitores
capazes de compreender a si, ao outro e ao mundo em que atuam como sujeitos
ativos e/ou passivos do ser, do poder, do fazer de do conviver.
Em
suma, para entender a si, ao outro e ao mundo, é necessário, antes de tudo, que
o indivíduo aprenda e apreenda técnicas de leitura que o possibilite
compreender os signos e suas relações significativas mais profundas utilizadas na
construção, não só do material pedagógico, mas também da consciência humana.
Referências:
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch (V. N. Volochínov). Marxismo
e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método
sociológico da linguagem. 14. ed. Trad. Michel
Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BENVENISTE, Émille. Problemas de linguística geral I. 2. ed. Campinas – SP: Pontes,
1988.
BENVENISTE, Émille. Problemas de linguística geral II. Campinas – SP: Pontes, 1989.
BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos estudos linguísticos.
12. ed. Campinas – SP: Pontes, 1998.
FLORES, Valdir. Linguagem e pragmática:
algumas considerações. In: Espaços da
Escola. Ijuí - RS: UNIJUI, 1993, p. 21-26.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1985.
GIROUX, Henri A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da
aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
GOODMAN, Ken. Introdução à linguagem integral. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. 26.ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaios sobre a alteridade: Petrópolis/RJ: Vozes, 2009.
LÉVY, Pierre. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São
Paulo: 33, 2001.
ORLANDI, EniPulcinelli. O que é linguística. São Paulo: Brasiliense, 1999.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística
geral. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
TERRA, Ernani. linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997.
OBSERVAÇÃO: Este artigo foi escrito com base no
primeiro capítulo da dissertação de mestrado “A importância da Construção de
Sentidos na Formação do Professor-leitor” dissertada por Antônio Carlos da
Silva Costa de Souza e orientada pela professora doutora Maria Emília Borges
Daniel do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul. Originalmente publicado na Revista Práxis: linguagem e educação - Vol. XV, Nº 13, Ano XI.
[1] . O autor é licenciado em Letras pela
UNEB – Universidade do Estado da Bahia; Especialista em Metodologia e Didática
do Ensino Superior e em Língua Portuguesa pelas Faculdades Integradas de
Cacoal; Mestre em Educação Brasileira e Bacharel em Direito pelas Faculdades
Integradas de Cacoal.
[2]. A ciência que estuda os sistemas de
signos, qualquer que eles sejam e quaisquer que sejam as suas esferas de
utilização, chama-se Semiologia ou Semiótica (LOPES, 1980, p. 15).
[3] Para Saussure (2001, p. 80-81),
“[...] o signo linguístico é, pois, uma entidade psíquica de duas faces”, é
ainda “a combinação do conceito e da imagem acústica”.
[4] . Também chamado de devir.
[5] . Nas ciências da
linguagem, não foi encontrada uma definição, mesmo que parcial, para a
expressão multilinguagem. Assim sendo, neste trabalho a expressão foi
cunhada para significar a comunhão das linguagens verbal e não-verbal na construção
dos textos.