Okê!
http://blog.clickgratis.com.br/inaciopaper /429431/Ox%F3ssi.html |
Olofin era um rei africano da terra de Ifé,
lugar de origem de todos os iorubas. Cada ano, na época da colheita, Olofin
comemorava, em seu reino, a Festa dos Inhames. Ninguém no país podia comer dos
novos inhames antes da festa. Chegado o dia, o rei instalava-se no pátio do seu
palácio. Suas mulheres sentavam-se à sua direita, seus ministros sentavam-se à
sua esquerda, seus escravos sentavam-se atrás dele, agitando leques e
espanta-moscas, e os tambores soavam para saudá-lo.
As pessoas reunidas comiam inhame pilado e
bebiam vinho de palma. Elas comemoravam e brincavam. De repente, um enorme
pássaro voou sobre a festa. O pássaro voava à direita e voava à esquerda. Até
que veio pousar sobre o teto do palácio. A estranha ave fora enviada pelas feiticeiras,
furiosas porque não foram também convidadas para a festa.
O pássaro causava espanto a todos! Era tão
grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade. Sua asa direita cobria
o lado esquerdo do palácio, sua asa esquerda cobria o lado direito do palácio,
as penas do seu rabo varriam o quintal e sua cabeça, o portal da entrada. As
pessoas assustadas comentavam: "Ah! Que esquisita surpresa?"
"Eh! De onde veio este desmancha-prazer?" "lh! O que veio fazer
aqui?" "Oh! Bicho feio de dar dó!" "Uh! Sinistro que nem
urubu!" "Como nos livraremos dele?" "Vamos, rápido, chamar
os caçadores mais hábeis do reino."
De ldô, trouxeram Oxotogun, o "Caçador
das vinte flechas". O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas vinte
flechas. Oxotogun afirmou: "Que me cortem a cabeça se eu não o
matar!" E lançou suas vinte flechas, mas nenhuma atingiu o enorme pássaro.
O rei mandou prendê-lo.
De Morê, chegou Oxotogí, o "Caçador das
quarenta flechas". O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas quarenta
flechas. Oxotogí afirmou: "Que me condenem à morte, se eu não o
matar!" E lançou suas quarenta flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro. O
rei mandou prendê-lo.
De Ilarê, apresentou-se Oxotadotá, o
"Caçador das cinquenta flechas". Oxotodotá afirmou: "Que
exterminem toda a minha família, se eu não o matar". Lançou suas cinquenta
flechas e nenhuma atingiu o pássaro. O rei mandou prendê-lo.
De Iremã, chegou, finalmente, Oxotokanxoxô, o
"Caçador de uma flecha só". O rei lhe ordenou matar o pássaro com sua
única flecha. Oxotokanxoxô afirmou: "Que me cortem em pedaços se eu não o
matar!"
Ouvindo isto, a mãe de Oxotokanxoxô, que não
tinha outros filhos, foi rápido consultar um babalaô, o adivinho, e saber o que
fazer para ajudar seu único filho. "Ah! - disse-lhe o babalaô. "Seu
filho está a um passo da morte ou da riqueza. Faça uma oferenda e a morte
tomar-se-á riqueza." E ensinou-lhe como fazer uma oferenda que agradasse
às feiticeiras.
A mãe sacrificou, então, uma galinha,
abrindo-lhe o peito, e foi, rápido, colocar na estrada, gritando três vezes:
"Que o peito do pássaro aceite este presente!" Foi no momento exato
que Oxotokanxoxô atirava sua única flecha. O feitiço pronunciado pela mãe do
caçador chegou ao grande pássaro. Ele quis receber a oferenda e relaxou o
encanto que o protegera até então. A flecha de Oxotokanxoxô o atingiu em pleno
peito. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu.
A notícia espalhou-se: "Foi
Oxotokanxoxô, o "Caçador de uma flecha só", que matou o pássaro! O
Rei lhe fez uma promessa, se ele o conseguisse! Ele ganhará a metade da sua
fortuna! Todas as riquezas do reino serão divididas ao meio, e uma metade será
dada a Oxotokanxoxô!"
Os três caçadores foram soltos da prisão e,
como recompensa, Oxotogun, o "Caçador das vinte flechas", ofereceu a
Oxotokanxoxô vinte sacos de búzios; Oxotogí, o "Caçador das quarenta
flechas", ofereceu-lhe quarenta sacos; Oxotadotá, o "Caçador das
cinquenta flechas", ofereceu-lhe cinquenta. E todos cantaram para
Oxotokanxoxô.
O babalaô, também, juntou-se a eles, cantando
e batendo em seu agogô: "Oxowusi! Oxowusi!! Oxowusi!!! "O caçador Oxo
é popular!" E assim é que Oxotokanxoxô foi chamado Oxowusi. Oxowusi!
Oxowui!! Oxowusi!!!
FONTE:
VERGER,
Pierre Fatumbi. Lendas africanas
dos orixás. 4.ed. Salvador: Corrupio, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário