Olokum, senhora das águas, consulta Ifá, numa
época em que suas águas não eram bastantes para que alguém nelas se lavasse o
rosto. Se alguém recolhesse água em eu leito, recolheria, também, areia. Porque
ela estava pobre de água.
Olossá, senhora da lagoa, consulta Ifá, numa
época em que suas águas não eram bastantes para que alguém nelas se lavasse os
pés. Se alguém quisesse, com elas, lavar os pés, sujar-se-ia de lama e areia.
Pois havia na lagoa muito pouca água.
Olokum e Olossá foram, ambas, aos pés de Orunmilá
rogar-lhe examinar o seu caso. Poderiam elas tornar-se as maiores do mundo?
Orunmilá respondeu que se elas pudessem fazer as oferendas que ele escolhera
para elas, suas vidas seriam um sucesso.
Ele disse que Olokum deveria oferecer
duzentas cobertas pretas, duzentas cobertas brancas, um carneiro e vinte e seis
mil búzios da costa. Depois, ele recomendou à Olossá fazer o mesmo.
Olokum fez as oferendas. Ela empregou tudo o
que possuía. Ela chegou a empregar-se como serva, para completar as oferendas. Olossá
fez também as oferendas com tudo o que possuía. Mas suas oferendas não foram
completas, porque ela não encontrou onde se empregar.
Oxum, o rio, elegante senhora do pente de
coral, consultou Ifá no dia em que ia conduzir todos os rios. Os rios não sabiam
em que direção seguir. Eles correriam para frente ou para trás! E haviam pedido
conselho a Oxum. Ifá respondeu: "Tu, Oxum, vais a certo lugar e, neste lugar,
serás muito bem recebida.
Os outros rios te seguirão. Nenhum outro
poderá te preceder em qualquer lugar onde estejas presente." Oxum reuniu
todos os rios. E os rios seguiram todos juntos. Quando chegaram à beira da
lagoa (osa), eles a cobriram completamente. Quando deixaram a lagoa, eles cobriram
completamente o mar (okun).
Colocou-se, então, a questão de saber quem
seria a rainha das águas. Olokum declarou: "O território onde vocês se
encontram é meu". Eles discutiam aqui e ali. Olodumaré manifestou-se a
respeito: "A que possui o território é a rainha".
Olokum foi, por direito, a rainha. Olossá
ordenou aos rios que se retirassem das suas terras. Mas, os rios não
encontraram saída por onde passar. Assim, Olossá foi eleita segunda pessoa de
Olokum. A cada ano, todos os rios vêm adorá-la. Foi assim que Olokum e Olossá
tomaram-e populares na Terra e famosas no mundo dos deuses.
FONTE DO TEXTO: VERGER, Pierre Fatumbi.
Lendas africanas dos orixás. 4.ed. Salvador: Corrupio, 1997.
FONTE DA IMAGEM: http://www.religiaoindigenaioruba.com/divindades-cultuadas-em-nossa-egbe/olokun/
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