Quando Ogum fez a guerra contra Ogotum, ele trouxe
sete mulheres. Uma destas escravas, Lakangê, era tão bonita que ele a escondeu
para si, amando-a secretamente. Mas, alguns falsos amigos apressaram-se em
denunciá-lo ao seu pai.
Odudua, furioso, mandou chamar Ogum e falou-lhe,
gritando: "Que atrevimento! Você traz-me seis mulheres, verdadeiras
feiúras e, segundo disseram-me, você deixou para si a mais bela, que parece ser
uma jóia delicada. Ah! Os jovens não têm mais respeito nem consideração por seus
pais! Onde vamos chegar com tanta insolência e desrespeito? Ogum, traga-me esta
mulher sem mais um minuto de demora!"
Ogum, assustado com a cólera de seu pai, não ousou
confessar o que se passava entre ele e Lakangê. Com a morte na alma, ele
entregou sua bela mulher a Odudua. Este, encantado, fez dela sua companheira
predileta.
Nove meses mais tarde, Lakangê teve um filho. Para
grande surpresa de todos, o corpo do recém-nascido tinha a originalidade de ser
metade preto, metade branco. Metade preto, à direita, pois a pele de Ogum era
muito escura. Metade branco, à esquerda, pois a pele de Odudua era muito clara.
Odudua, confuso, baixou a cabeça e nada soube dizer.
Mais tarde, esta criança tomou-se um guerreiro famoso. Homem valente à direita
homem valente à esquerda. Homem valente em casa, homem valente na guerra. Ele
foi o fundador do reino de Oyó e o pai de Xangô.
FONTE DO TEXTO: VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas africanas dos orixás. 4.ed. Salvador: Corrupio, 1997.
FONTE DA IMAGEM: http://www.vetorial.net/~rakaama/o-oraniam.html
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