Ossain recebera de Olodumaré o
segredo das folhas. Ele sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor.
Outras, a sorte, as glórias, as honras, ou, ainda, a miséria, as doenças e os
acidentes.
Os outros orixás não tinham poder
sobre nenhuma planta. Eles dependiam de Ossain para manter a saúde ou para o
sucesso de suas iniciativas.
Xangô, cujo temperamento é
impaciente, guerreiro e imperioso, irritado com esta desvantagem, usou de um
ardil para tentar usurpar, de Ossain, a propriedade das folhas. Falou do plano
à sua esposa Iansã, a senhora dos ventos.
Explicou-lhe que, em certos dias,
Ossain pendurava, num galho de lroko, uma cabaça contendo suas folhas mais
poderosas. "Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias",
disse-lhe Xangô.
Iansã aceitou a missão com muito
gosto. O vento soprou a grandes rajadas, levando o telhado das casas,
arrancando as árvores, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado,
soltando a cabaça do galho onde estava pendurada.
A cabaça rolou para longe e todas
as folhas voaram. Os orixás se apoderaram de todas. Cada um tomou-se dono de
algumas delas, mas Ossain permaneceu senhor do segredo de suas virtudes e das
palavras que devem ser pronunciadas para provocar sua ação.
E, assim, continuou a reinar
sobre as plantas, como senhor absoluto. Graças ao poder (axé) que possui sobre
elas.
FONTE DO TEXTO: VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas africanas dos orixás. 4.ed. Salvador: Corrupio, 1997.
FONTE DA IMAGEM: http://candombledabahia.wordpress.com/2012/08/10/ossain-ossanha/
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