http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Ogum |
Ogum Yêêê!
Ogum era o mais velho e o mais combativo dos filhos
de Odudua, o conquistador e rei de Ifé. Por isto, tornou-se o regente do reino
quando Odudua, momentaneamente, perdeu a visão. Ogum era guerreiro sanguinário
e temível. "Ogum, o valente guerreiro, o homem louco dos músculos de aço!
Ogum, que tendo água em casa, lava-se com sangue!" Ogum lutava sem cessar
contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio de suas
expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava
a Odudua, seu pai, rei de Ifé. "Ogum o violento guerreiro, o homem louco,
dos músculos de aço. Ogum, que tendo água em casa, lava-se com sangue!"
Ogum teve muitas aventuras galantes. Ele conheceu uma senhora, chamada
Elefunlosunlori" aquela-que-pinta-a-cabeça-com-pó- branco-e-vemelho.', Era
a mulher do Orixá Okô, o deus da Agricultura. De outra feita, indo para a
guerra, Ogum encontrou, à margem de um riacho, uma outra mulher, chamada Ojá, e
com ela teve o filho Oxóssi. Teve, também, três outras mulheres que tomaram-se,
depois, mulheres de Xangô, Kawo Kabieyesi Alafin Oyó Alayeluwa! Saudemos o Rei
Xangô, o dono do palácio de Oyó, Senhor do Mundo!" A primeira, Iansã, era
bela e fascinante; a segunda, Oxum, era coquete e vaidosa; a terceira, Obá, era
vigorosa e invencível na luta.
Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele
tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto
chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê lodê lrê "Ogum das sete partes de
Irê" Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando
para si o título de Rei. Ele é saudado como Ogum Onirê! "Ogum Rei de
Irê!" Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa,
"akorô". Daí ser chamado, também, de Ogum Alakorô - "Ogum dono
da pequena coroa". Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum voltou a
guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não
reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma
cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ogum tinha fome
e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam
vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja paciência é
curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça
das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum e
ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê; tudo
acompanhado de muito vinho de palma. "Ogum, violento guerreiro, o homem
louco dos músculos de aço. Ogum, que tendo água em casa, lava-se com
sangue!" "Os prazeres de Ogum são o combate e as brigas. O terrível
orixá, que morde a si mesmo sem dó! Ogum mata o marido no fogo e a mulher no
fogareiro. Ogum mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada!" Ogum, arrependido
e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que
viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu
sob a terra. Ogum tomara-se um orixá
FONTE:
VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas africanas dos orixás. 4.ed. Salvador: Corrupio, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário