Orunmilá consultou Ifá, antes de
deixar Ifé, para ir-se a um país de vales. Os adivinhos lhe disseram:
"Neste país de vales, onde pretendes ir, encontrarás um bom amigo. Deves
fazer oferendas antes de partir, para que tua viagem seja feliz." Orunrnilá
fez as oferendas. Ele ofereceu quatro pombos e oito mil búzios da costa.
Quando ele chegou lá, quando
Orunmilá chegou naquele país de vales, ele tornou-se amigo de Erinlê. Erinlê é
um caçador. Erinlê é também um guerreiro. Erinlê é, além de tudo, um orixá.
Esta amizade foi grande. Erinlê tomou dinheiro emprestado a Orunmilá. O
montante deste empréstimo foi de doze mil búzios.
Quando chegou a hora de Orunmilá
retomar à casa de Ifé, Erinlê teria de reembolsar o empréstimo. Mas ele não
tinha dinheiro. Ele sentiu vergonha e foi consultar Ifá: "Onde poderei
encontrar este dinheiro?" Os adivinhos lhe aconselharam a oferecer um
carneiro, um galo e um cachorro. Disseram-lhe, ainda, que deveria oferecer
vinte e um sacos de búzios da costa. Erinlê exclamou: "Ahl Já devo doze
mil búzios! Onde poderei encontrar todas estas coisas?"
Erinlê tinha um talismã na mãos.
A qualquer momento ele poderia, graças a este talismã, transformar-se em água.
Quando ele assim o desejasse. Erinlê foi, então, ao lugar onde costumava caçar.
Pôs o talismã no chão e entrou terra adentro. Neste lugar havia uma jarra com
água. Seus filhos o procuraram durante muito tempo. Eles foram consultar
Orunmilá para que ele examinasse o caso.
Orunmilá lhes disse: "Façam
oferendas para encontrar vosso pai. Talvez não o vereis mais, mas encontrarão
um sinal dele." Disse-Ihes, ainda, que oferecessem sete cachorros, sete
carneiros, sete galos e vinte e um sacos de búzios da cota.
Os filhos de Erinlê fizeram as
oferendas. Orunmilá lhes dissera, também, que deveriam ir com os carneiros, os
cães e os galos, chamar pelo pai. E eles foram. Percorreram todos os lugares
onde Erinlê costumava ir.
Quando chegaram ao local onde
Erinlê entrara terra adentro, encontraram seus instrumentos de caça: fuzil,
lança, arco e flechas. Todo o material que ele usava para caçar. E, bem no meio
disso tudo, eles viram a jarra com água. Esta água começou a escorrer. Esta
água era abundante. Os filhos saudaram o pai assim: "Oh! Erinlê, o
caçador, retorne à casa! Nós oferecemos carneiro, cachorro e galos!" E
chamaram Erinlê, sem descanso.
Quando eles ofereceram estas
coisas, o rio os seguiu no caminho de casa. Erinlê lhes disse para deixar os
galos livres, no lugar onde os encontraram. Os galos que naquele dia eles
deixaram livres, são os galos que Erinlê cria perto de seu rio, até hoje.
Ninguém ousa matá-los.
Certa vez, pessoas ignorantes
mataram alguns. Mas os galos ressuscitavam sempre. Dede que o prato estivesse
pronto, os galos saltavam da tigela, batiam novamente suas asas - Puf! Puf!
Puf! E iam empoleirar-se numa árvore Akô, cantando de novo seu cocoricô! No
mesmo momento em que Erinlê, o rio, se pôs a correr, Oxum preparava-se para
partir da cidade de Ijumu. Ela também se pôs a correr.
E eles se encontraram perto de
Edé. Ali onde se encontraram, o leito destes rios é suave – eles estão felizes.
Suas águas formaram um grande rio e o curso de ambos tomou-se um mesmo. Juntos,
eles correm para a lagoa.
FONTE: VERGER,
Pierre Fatumbi. Lendas africanas
dos orixás. 4.ed. Salvador: Corrupio, 1997.
FONTE DA IMAGEM: http://azanrumji.mojile.nafoto.net/photo20120920215344.html
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