Todas as vezes que leio um texto de boa qualidade e que nele enxergo um grito por rupturas com as ideias do passado que não mais coadunam com as do presente, sinto-me na obrigação de dar vazão ao texto para que outras pessoas possam compatilhar comigo da leitura. Moisés Santiago é, a meu ver, um dos poucos religiosos preparados para lidar, de modo competente, com as turbulentas transformações sociais, políticas e religiosas por que passa o mundo na atualidade. Não é por acaso que o nome dele é MOISÉS... A sua missão pastor é quebrar paradigmas e se abrir para os verdadeiros caminhos que DEUS, muito provavelmente já o está conduzindo. Assim como no tempo de seu amônimo (Moisés), no de hoje há também "exércitos" poderesos para serem vencidos e "mares" para serem abertos na condução de seu verdadeiro povo... A igreja que há em seu coração não pune o homem por sua natureza humana, aceita-o e o conduz em direção ao bem... A igreja que há em seu coração não é inerte, age diante do fato, participa dele...
Abaixo está o texto do pastor, professor, jornalisata, escritor, poeta e humanista, Moisés Selva Santiago. Leia-o com exauriência e não se arrependerá.
ENQUANTO ISSO...
Por Moises Selva Santiago
Era uma vez – assim começavam as narrações no passado. Mas hoje em dia não há mais tempo para “uma vez”. Acelerou-se a vida. As “vezes” são muitas em 24 horas. Milionésimos de segundos fazem a diferença na conquista da vitória. O tempo voa supersonicamente. A tecnologia nos arremessa para o amanhã ainda cedo, bem antes do amanhecer de cada dia. Dormir virou sinônimo de recarregar-se para o acordar, que requer velocidade e competência. Assim caminha a humanidade...
Os japoneses insistem em miniaturas tecnológicas. O comércio não enxerga mais fronteiras. A cultura dos povos anda de avião semeando-se por onde passa. No mesmo instante, o mundo vê-se em todos os lugares, on-line. São tantas milhares de informações que é impossível estar-se atualizado. Megabites de leis. Aeroportos lotados. Rodovias congestionadas. Pressa em tudo. Nada pode ser olvidado. Senhas, cartões, chips, tablets, twiter e o inseparável celular multifuncional, capaz de aquecer a banheira antes de se chegar em casa...
Enquanto isso, os Batistas congelam. Estacionam. Freiam. Imobilizam-se. Como um poste que vê a velocidade dos carros passando por ele. Como uma pedra que olha o movimento das ondas do mar. Como uma montanha que assiste o pôr do sol sem saber das horas. Como um monumento no meio da praça, por onde passam as pessoas – por onde as pessoas simplesmente passam. “Quem sabe discutiremos esse assunto na reunião do próximo mês. Lá, poderemos eleger uma comissão para estudar o tema e apresentar um relatório daqui a noventa dias. Depois, na reunião seguinte, levaremos o assunto ao plenário que poderá pedir mais tempo para amadurecer a idéia. E aí, depois desse tempo, o assunto poderá retornar para uma nova votação” – mas o tempo já escorregou pelas mãos...
Enquanto isso, outras denominações entram no bonde da História, ou melhor, no jato da História, e se tornam atraentes, pertinentes, presentes, crescentes, abundantes, marcantes, envolventes, alertas, tecnológicas e politicamente corretas. Desenvolveram Agilidade. Visão estratégica. Planejamento holístico. Leitura vivenciada da Bíblia. Valorização da vida humana e ambiental... “Volte daqui a seis meses. Nesse período, pensaremos e oraremos para que Deus nos mostre a vontade dEle em nossa Igreja.” Se esquecem que em apenas seis dias tudo foi criado. Que bastou uma madrugada para levarem Jesus à cruz. Que três dias foram suficientes antes da ressurreição do Mestre. Que a palavra mais usada por Marcos para marcar o ministério de Jesus é “imediatamente”. Que perto da meia-noite um carcereiro se converteu ao Salvador. Que Jesus nunca adiou seus milagres para um tempo mais oportuno. Que Levi seguiu ao divino convite imediatamente. Que os campos precisam de trabalhadores... Se esquecem que a Igreja cresceu durante esses dois milênios justamente porque ousou estar presente na História.
Enquanto isso, inventaram as reuniões, comissões, plenários, departamentos, conselhos, bispados, ordens, diretorias, presbitérios, sínodos... Muito cacique. Pouco índio. Departamentalização das áreas da Igreja, com seus respectivos donatários. Leis, regimentos, estatutos. Achômetros ligados ininterruptamente. Idiossincrasias superiores ao bom senso. Desconfiômetro ao que é novo. Mentalidade bairrista, exclusivista e discriminatória. E tudo em nome do Pai. Mas, qual é mesmo a “vontade de Deus”? Ah, sim, lembrei: Que cada crente seja um servo. Quem não vive para servir, não serve para viver. Servir a Deus e ao próximo, a partir daquelas esquecidas palavras de Jesus: ame a Deus sobre tudo e todos, e ao próximo como a você mesmo. O amor tem pressa em amar. O amor tem prazer em servir agora, nesse exato momento. O amor tem alegria em ser útil imediatamente. Ele se alimenta de ações. Ele se completa com o bem-estar do próximo. O amor vive sempre no presente contínuo: é sempre amando. Enquanto isso eu continuo Batista, querendo ser útil no único tempo que estou: Hoje.
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