sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

PESQUISA DA UNICAMP DEMONTRA QUE O CONGRESSO NACIONAL É O PODER MAIS HOMOFÓBICO DO BRASIL

Por Thonny Hawany

Essa é uma afirmação que eu não gostaria de fazer nunca, mas ao ler a matéria: “no Congresso, oito propostas tentam proibir união estável entre pessoas do mesmo sexo”, publicada, nesta semana, pelo portal G1 e em outros sites de segura credibilidade, não tive alternativa.

A matéria é fruto de análise dos dados de uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Justiça ao Núcleo de Pesquisa de Gênero da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e é de autoria da jornalista Débora Santos, a quem devotamos nossa confiança pelo reconhecido trabalho que desempenha.

Segundo a jornalista, de 1969 até novembro de 2011, 97 projetos relacionados à homossexualidade foram propostos ao Congresso Nacional e das 97 proposituras, apenas “oito estão em andamento e visam proibir a união entre pessoas do mesmo sexo”. O título desta postagem começa a se justifica a partir deste ponto. Não há nada que justifique tais números a não ser a possível homofobia do Congresso Nacional.

Os dados da pesquisa foram publicados, durante a 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de LGBT, pelo governo do Brasil. Não há maior descaso do que este praticado pelo Congresso Nacional. Isso é uma vergonha! Isso é o que se pode chamar de desumano!

A pesquisa da UNICAMP, não só analisou as propostas de lei no Congresso Nacional, mas também as decisões judiciais e portarias do poder Executivo que dizem respeito à população LGBT. Segundo Débora Santos, “além das 97 propostas no Congresso em pouco mais de 40 anos, no Judiciário foram identificadas 391 decisões de tribunais superiores sobre o tema, entre 1976 e 2011. No Poder Executivo, desde 1995, foram editados 54 atos normativos que tratavam de políticas públicas envolvendo a população gay”.

Conforme os dados, não há como se chegar a outra conclusão senão a de ser o Congresso Nacional a instituição que detém o maior teor de homofóbia em território brasileiro. O que pensar de um país quando um de seus poderes trabalha contra os direitos humanos de aproximadamente vinte milhões de seus cidadãos que pagam impostos, que trabalham e que votam? Essa é uma pergunta cuja resposta eu deixarei para sua reflexão, caro leitor, depois que terminar a leitura deste texto.

Além do mais, o estudo apontou que há projetos no Congresso Nacional de toda natureza, desde os que são contrários ao reconhecimento da união estável e da adoção por pessoas do mesmo sexo aos que entendem que a comunidade LGBT deve ser reconhecida e respeitada integralmente segundo seus anseios e necessidades.

Segundo a matéria de Débora Santos, Rosa Maria, coordenadora da pesquisa feita pela UNICAMP em parceria com a Secretaria de Reforma do Judiciário, afirmou que os dados apontam para o fato de ser o Poder Legislativo o que menos atua em favor da comunidade LGBT. Ao acompanhar as discussões no Congresso Nacional sobre o tema homoafetividade, vemos que não seria necessária pesquisa para concluir pela inércia daquele poder.

Para a pesquisadora, “apesar de o Poder Legislativo ser o que menos coopera com relação aos direitos dos homossexuais, existe grande contribuição do Poder Judiciário e, a partir de 2008, do Executivo em implementar as políticas sociais nesse sentido”. Perguntada, Rosa Maria afirmou que o “fundamentalismo religioso” é o principal motivo para tal postura do Congresso Nacional. Algo já esperado. “Existe um paredão do fundamentalismo religioso no Congresso, que se sobressai ao estado laico”, afirmou Rosa Maria.

Um ponto crítico da matéria foi o fato de haver uma proposta de emenda à Constituição para permitir que associações religiosas contestem leis no Supremo Tribunal Federal. Para a pesquisadora, os fundamentalistas “estão cercando por todos os lados e têm maioria no Legislativo”. Isso é a construção de uma ideologia talibã no Brasil. Se não for, encontre um nome mais apropriado para essa atitude tão mesquinha das tais bancadas religiosas fundamentalistas.

Na matéria, o deputado federal Eduardo Cunha do PMDB-RJ, para o qual devem ter votado muitos gays, lésbicas, bissexuais e transexuais, afirmou o seguinte sobre o tema: “[...] é o grande ponto de discórdia. A gente respeita, mas o único problema é que não concordamos com o reconhecimento disso como família. A sociedade não concorda e não aceita. É uma minoria querendo impor à maioria a opção deles” (grifei). Como se não bastasse, emendou o deputado, “por exemplo, a gente não concorda que uma criança seja criada por um casal homossexual. Isso é substituir a família”. Sobre o projeto de lei que criminaliza a homofobia, falou o “sábio” deputado: “não há necessidade de fazer projeto. A pena é a mesma se você agride um homossexual ou um heterossexual. Você agrediu um ser humano. O Congresso representa a sociedade, se temos número e nos articulamos, é porque a maioria do país não concorda”.

Em síntese, a pesquisa da UNICAMP e a matéria de Débora Santos trouxeram-nos subsídios suficientes para acreditar, de fato, que o Congresso Nacional seja a instituição mais homofóbica do Brasil. Na mesma matéria há outras considerações sobre os atos dos poderes Executivos e Legislativos já tratados por mim em outros comentários que fiz e postei aqui neste espaço.

Para ler a matéria na íntegra, acesse: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/12/no-congresso-oito-propostas-tentam-proibir-uniao-estavel-entre-gays.html

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

BEIJO DE OFICIAIS LÉSBICAS DA MARINHA AMERICANA MARCA DIREITOS GAYS NOS EUA

Por Thonny Hawany

Aconteceu o primeiro beijo gay na marinha dos Estados Unidos da América. Segundo a tradição, os marinheiros, depois de uma viagem, fazem um sorteio para ver quem será o oficial a desembarcar primeiro e beijar sua amada ou seu amado. Conforme publicado no G1, uma “base naval na Virgínia foi palco do 1º beijo gay na tradição militar daquele país”. (Marissa Gaeta e Citlalic Snell - Foto: AP/Brian J. Clark/The Virginian-Pilot).

Nesta quinta-feira, dia 21 de dezembro de 2011, uma oficial da Marinha dos EUA, depois de viajar por 80 dias, ao voltar à terra firme foi recebida por sua companheira com um beijo apaixonado que acabou ficando registrado como mais um grande marco na luta pelos direitos homossexuais, não só nos Estados Unidos, mas no mundo. Certamente, outras forças armadas de outros países, culturalmente mais desenvolvidos, deverão seguir o exemplo da potência americana.

Conforme publicou o G1, “tradicionalmente, os marinheiros fazem um sorteio para escolher um oficial que tem alguém lhe esperando em terra para descer primeiro do navio e ser recebido com um beijo apaixonado. A oficial de 2ª classe Marissa Gaeta foi sorteada ao chegar na base naval de Virginia Beach, na Virginia, e desembarcou para dar um beijo em sua namorada, a também oficial da Marinha Citlalic Snell”. Isso é que quebra de Tabu. Não pude evitar o comentário.

Essa foi a primeira vez que o sorteio abertamente escolheu uma oficial homossexual. Isso ocorreu depois que o presidente Obama assinou, em junho deste ano, o fim da lei de 1994 que proibia a manifestação pública de atos tipicamente homoafetivos aos que servissem às Forças Armadas dos EUA.

Enquanto, os países desenvolvidos avançam na luta contra a homofobia, nós outros ficamos por aqui apenas aplaudindo o sucesso dos irmãos e das irmãs lésbicas, gays, bissexuais e transexuais de outros países que recebem o respeito de seus representantes legais. Parabéns às Forças Armadas dos EUA por essa quebra de tabu. As Nações do mundo todo precisam se sentir, inteiramente, laicas e deixar de lado a mesquinhez própria dos ignorantes de cultura menor e tradicional, para se sentirem livres e fazer de seu povo homens e mulheres livres e iguais, quer sejam heterossexuais, quer sejam homossexuais.

FONTE: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/12/beijo-de-oficiais-lesbicas-da-marinha-americana-marca-direitos-gays-no-pais.html.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CONFERÊNCIA LGBT NACIONAL: UM SHOW DE VAIAS E DESENCONTROS

Por Thonny Hawany

Participei de duas conferências LGBT regionais, mas por questão alheia a minha vontade, não pude participar das conferências estadual e nacional. Tenho acompanhado o movimento e, pela internet, por meio de uma página pessoal, procuro fazer a minha parte dando visibilidade às questões homoafetivas, com especial destaque para o Direito.

A militância que faço está longe dessa praticada pela maioria da comunidade LGBT. Não gosto nem um pouco do exibicionismo, do nudismo e de vincular minha orientação sexual tão somente ao sexo e a festas que, em virtude da baixa índole de alguns, acabam por denegrir o trabalho que os sérios constroem.

Procurando notícias sobre a 2ª Conferência Nacional para ler algum bom resultado, deparei-me com o texto intitulado de “Baixaria LGBT”, publicado no dia 20 de dezembro, ontem, pelo site MIXBRASIL. Fiquei estarrecido com o que passo a apresentar com base na leitura que fiz do pequeno, mas contundente, texto de Andre Fischer.

Segundo ele, tudo começou nas conferências estaduais: em São Paulo, a pancadaria LGBT acabou virando caso de política, no Rio de Janeiro, quase aconteceu o mesmo. Além do mais, as discussões, nas denominadas conferências prévias foram, quase sempre, vazias de significados e de conteúdos. Não há textos na internet que tenham me causando alguma surpresa pela notoriedade das decisões de nenhum estado. O que os nossos representantes fizeram, nas conferências, deve ter sido, tão somente, matéria para confecção dos relatórios de prestação de contas que, muito provavelmente, jamais teremos acesso, ou o teremos de forma restrita.

Depois de falar das conferências de São Paulo e do Rio de Janeiro brevemente, Fischer falou sobre o show de vaias em Brasília. As nossas lideranças perderam a confiança da comunidade. Não vaiamos pessoas em quem confiamos. Só vaiamos os que perderam a nossa confiança e o nosso respeito. Segundo Fischer, “a 2a Conferência Nacional de Políticas Públicas LGBT foi marcada por fortes vaias ao presidente da maior instituição LGBT nacional, Toni Reis; protestos contra a falta de verbas e a ausência da presidente Dilma”. As lideranças LGBT e aliados precisam rever seus conceitos, operar mudanças para conquistar o equilíbrio do movimento e seguir no processo de transformação.

Enquanto o nosso discurso não sair da gritaria, da baixaria e entrar num nível mais acadêmico, mais político, não receberemos o respeito daqueles que nos observam. Podemos não conquistar a confiança dos que nos são contrários e perder a mesma confiança daqueles que já nos apoiam. Para Andre Fischer, na 2ª Conferência LGBT, “o que se viu foi um show de desunião e uma prova cabal do baixo nível das discussões do chamado movimento homossexual brasileiro”. Algo que tenho falado em outros textos que publiquei anteriormente. “Há pouquíssimos militantes com condições de articular um discurso e representar a comunidade. Uma das grandes conquistas da militância nos últimos anos foi a capilaridade que possibilitou a existência de grupos nas principais cidades do país. Mas isso não significou pessoas preparadas para representar a causa”, continuou Fischer.

Não só concordo com essas afirmações, como também acrescento: os poucos militantes com formação acadêmica e política, ou seja, em condições de assegurar um discurso de melhor nível nos encontros, estão vinculados, geralmente, a entidades ou a trabalhos que não possibilitam sua disponibilidade para participar efetivamente de conferências e outros eventos do gênero.

É preciso mudar o formato do movimento se queremos seguir a diante colhendo alguns bons frutos. Se continuarmos com a atual formatação, não obteremos nenhum bom resultado, salvo derrotas e humilhações. A meu ver, o movimento deve existir e se fortalecer para nos representar nos limites do que se entende por ético e por moral. O fato de sermos LGBT não nos distancia dos bons costumes, da boa oratória, do respeito. Se quisermos dignidade, devemos agir com ela.

Outro ponto, abordado na matéria do MIXBRASIL escrita pelo companheiro Andre Fischer, foi “o corte de verbas públicas para as ações dos grupos LGBT”. Para o autor, esse fato “expôs o que todos sabíamos: eram as verbas federais que seguravam as criticas e que financiavam integralmente as lideranças, desconectadas de suas comunidades locais e sem capacidade para levantar recursos de outras fontes”.

Essa é uma realidade da qual não podemos nos furtar: estamos mal representados, sem verbas e passando por um momento de turbulência nacional no tocante a credibilidade do próprio movimento LGBT. Muitos até podem criticar a atitude de Luiz Mott (fundador do Grupo Gay da Bahia), em recusar o convite para participar da conferência nacional, mas eu a entendo como um protesto em boa hora. Se não mostrarmos o nosso descontentamento, as autoridades permanecerão no ócio, acreditando que está tudo bem e que estamos felizes com as migalhas jogas aos pombos. Se os poderes, com especial destaque para o Legislativo, cumprissem com suas funções e atribuições, votando leis e garantindo direitos, não precisaríamos de grupos e muito menos de gastar o dinheiro público com conferências e outros eventos da mesma natureza.

Com tal posicionamento, não estou dizendo que as conferências não sejam bem-vindas ou importantes, muito ao contrário disso, elas são necessárias, mas quando produzem efeitos verdadeiros e eficazes. Conferência para fazer turismo, como disse a companheira Yone Lindgren, outro dia no Facebook, já estamos cheios e intolerantes. Retomando Andre Fischer, “o objetivo desse tipo de encontro seria de reforçar o espírito de luta” e não para esvaziar e mal conceituar o movimento que não pertence a esse ou àquele, mas a totalidade de nós.

Assim sendo, a respeito da 2ª Conferência, ainda segundo as palavras de Fischer, nada de concreto saiu dali. “O movimento LGBT precisa urgentemente se recriar, sob risco concreto de desaparecer”, emenda o autor. Eu não creio no desaparecer do movimento. Isso seria muito exagerado, mas o descrédito será inevitável se não fizermos algo novo que (r) estabeleça um diálogo que paute pela ética, pela moral e que não se distancie dos bons costumes, tudo diferente de muito do que se vê por aí sendo chamado de movimento LGBT. Há os que aproveitam das festas, das paradas e de outros eventos para a visibilidade de si mesmo e a promoção de um comportamento, quase sempre obsceno, debochado, altamente, reprovado pela maioria da sociedade. Não poderemos cobrar liberdade, igualdade e dignidade se não nos comportarmos de modo digno e merecedores de ser livres e iguais a todos.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

GOVERNO FEDERAL: CAMPANHA CONTRA A HOMOFOBIA

Por Thonny Hawany

Tenho criticando a falta de ações efetivas por parte do Governo Federal no enfrentamento da homofobia, mas não posso deixar de reconhecer que, com a campanha de esclarecimento da população sobre homofobia e incentivo à denúncia por intermédio do Disque Direitos Humanos – Dique 100, o governo mostrou que pode tirar suas propostas do papel, tornando-as efetivas.

Cabe salientar que o passo inicial de mobilização é da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e da TV Globo. Os atores que fazem o papel da peça são os mesmos que fazem o casal gay da novela Insensato Coração: Marcos Damigo e Rodrigo Andrade.

É necessário criticar, falar, gritar, protestar, fazer paradas, movimentos diversos; mas é preciso também reconhecer essa gotícula de água no oceano da discriminação, auxiliar o Governo Federal na divulgação e incentivar a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República a efetivar outras ações. Parabéns à senhora presidenta da república Dilma Rousseff, à senhora ministra Maria do Rosário e aos demais parceiros pela iniciativa da campanha contra a homofobia.

Nós, militantes LGBT e simpatizantes da causa, precisamos fazer uso de nossos meios para auxiliar o Governo Federal na divulgação da campanha. Divulguem o máximo que puderem. Vamos vencer mais essa luta em favor de nossa dignidade. O Governo Federal está tirando as propostas do papel e as transformando em ações efetivas; por esse ato, merece o nosso respeito e a nossa consideração. Diga não a intolerância contra a identidade de gênero e a orientação sexual. Obrigado UNESCO. Obrigado Rede Globo. Obrigado PNUD. Obrigado Governo do Brasil.

Assista ao vídeo abaixo!


OBS.: Os créditos do filme são daquelas pessoas que constam em sua ficha técnica.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PESQUISA REALIZADA PELO SITE DO SENADO BRASILEIRO MOSTRA QUE BRASILEIROS SÃO FAVORÁVEIS À HOMOLEGALIDADE

Por Thonny Hawany

Não é difícil encontrar, na Internet, pesquisas que dizem respeito a temáticas LGBT, mas nada chega perto da que foi realizada pelo site do Senado brasileiro, no período compreendido entre 1º e 16 de dezembro. A enquete teve como pergunta fundamental o seguinte: Você é a favor ou contra emenda à Constituição brasileira a favor da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero?

Como sempre, os contras ficam sabendo primeiro, por isso o NÃO ficou na frente no início da enquete. Utilizando a rede mundial de computadores, precisamente, os sites de relacionamentos, a comunidade LGBT, unida, divulgou e votou fazendo com que o SIM ganhasse com 60,1% dos 20.654 que votaram.

Conforme o site paroutudo.com, a pesquisa “é algo simbólico, apenas uma pesquisa informal, porém marca uma posição importante. Uma emenda constitucional que deixe explícito ser objetivo do país defender a diversidade de orientação sexual (inclusive a heterossexual) e de identidade de gênero determinaria uma série de mudanças legais a nosso favor, tais como a proteção legal contra a discriminação”.

Não só concordo com o site, como também acredito que tais mudanças não tardam a se concretizarem no cenário nacional, já está mais do que na hora. Caso a PEC 111/11 seja aprovada, muita coisa mudará em favor das minorias LGBT no Brasil.

Já presenciei outras viradas LGBT em enquetes. Quando queremos, nós podemos. Que essa vitória simples nos dê ânimo para lutarmos pela efetivação da homolegalidade no Brasil. Precisamos de direitos que nos garanta acesso à saúde, à educação, à segurança, principalmente, e a outras políticas de caráter público. Unidos e direcionados por lideranças não “vacioscilantes”, conquistaremos o nosso espaço e o direito à dignidade.

sábado, 17 de dezembro de 2011

EMPRESA CRIA CARTÕES DE NATAL PARA PÚBLICO HOMOSSEXUAL

Por Thonny Hawany

Dois mil e onze tem sido um ano de muitos acontecimentos para a comunidade LGBT norte-americana. Em Miami, uma empresa, querendo tomar para seus cliente o público gay, criou cartões de Natal e também para outras datas com temática homossexual. Já estava na hora, penso! Todas as vezes que quero mandar um presente, ou flores para o meu convivente, nunca encontro o cartão ideal. Os cartões existentes no mercado nunca dizem o mesmo que eu quero dizer.

Em entrevista a Agência EFE, nesta sexta-feira, Clara Castro, representante da feliz empresa, disse que “há dois anos percebemos que quando alguém da comunidade gay procura um cartão de presente acha que tudo é muito genérico ou não expressa o que sente de verdade".

Já pensou que maravilha poder encontrar um cartão de páscoa, de natal, de namorados (principalmente) que diga o que você quer dizer para o seu namorado, ou para sua namorada! Além do mais, a idéia de fazer esses cartões é um trabalho de visibilidade para o movimento LGBT: ganha a empresa e ganha o movimento.

Algo interessante nas declarações da empresa é o fato de criar cartões semelhantes aos genéricos e que afastem a comunidade LGBT do infeliz estereótipo do sexo. Veja o que afirma a empresa, "queremos nos afastar do estereótipo do gay que costuma ser relacionado com festas e sexo. Com nossos cartões, qualquer homossexual pode-se ver refletido porque tentamos transmitir mensagens profundas e sinceras", disse Clara Castro.

Que sacada! Para reafirmar o que eu disse acima, a representante da empresa declarou que os cartões têm duplo objetivo: um mecadológico e o outro que é conscientizar a sociedade do fato de todos serem iguais.

A empresa CHAM CREW está em vários estados nos Estados Unidos da América e pretende, muito em breve, expandir-se também para a América Latina. Espero que não demore. No mercado de presentes: ou não encontramos cartões, ou os que encontramos são sempre numa versão erotizada que não combina mais com a maioria dos gays contemporâneos.

Como se é de notar, aquele gay aproveitado quase sempre para fazer piada na TV está em extinção. O gay atual é mais romântico, mais família, mais politizado, menos submisso ao sexo e às baladas. "A América Latina é nosso próximo alvo. Estivemos visitando vários países da América do Sul e nosso projeto teve a mesma recepção que nos EUA", declarou Clara. Venha com urgência, precisamos da Cham Crew com seus cartões especializados na temática LGBT pelos motivos que já mencionei acima.

Assim sendo, a exemplo da Cham Crew, muitas empresas de todos os ramos já perceberam o potencial de consumo da comunidade LGBT, por isso têm procurado se especializar criando produtos que mexam com as nossas emoções homoafetivas. Todas as empresas que procuraram se adaptar para atender ao público homossexual não se arrependeram, a exemplo das empresas de turismo. Que venham as inovações.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

2ª CONFERÊNCIA LGBT BRASILEIRA TEM INÍCIO EM MEIO A TURBULENTAS DECLARAÇÕES

Por Thonny Hawany

A segunda Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos de LGBT tem início hoje, dia 15 de dezembro de 2011 e deverá terminar no domingo, dia 18, na Capital Federal. O tema da conferência “por um país livre da pobreza e da discriminação: promovendo a cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais é bastante abrangente e promete, em si, muitas mudanças, mas, se tomarmos como exemplo os frutos quase zero da primeira conferência, a segunda será mais um evento que em quase nada contribuirá para a efetivação, de fato e de direito, de políticas públicas LGBT. Enquanto tivermos um governo amarrado com interesses religiosos fundamentalistas, não teremos clareza nos rumos das políticas públicas de lésbicas, de gays, de bissexuais e de transexuais no Brasil.

Logo pela manhã, li no perfil de Yone Lindgren, no Facebook, as seguintes palavras, “II Conferência Nacional LGBT... Muita emoção e responsabilidade... O ruim é que muita gente ainda pensa que é turismo... E vamos que vamos!!!”. De forma bem humorada, a militante faz uma crítica bastante séria e denuncia os turistas de conferência. Há muitos delegados eleitos nas conferências municipais e regionais que aproveitam para fazer turismo nas capitais de seus estados; da mesma forma, nas conferências estaduais, são eleitos os turistas nacionais, salvo as exceções daqueles que, verdadeiramente, vão para fazer valer, ainda que na palavra, os direitos LGBT. Concordo com o que afirmou a companheira Yone Lindgren visto que temos exemplos comprovados nos eventos anteriores e isso não ocorre somente nas conferências LGBT, é uma prática (re)corrente em todos os eventos desta natureza.

Ainda na minha leitura matinal, em visita ao site GayBrasil.com deparei-me com uma declaração de Luiz Mott, decano do movimento LGBT Brasileiro dizendo que não irá à conferência porque “nunca, como nos últimos dez anos, o Governo Federal fez tanta propaganda, prometeu horrores, fez conferências e grupos de trabalho e não obstante, como disse duas vezes a Senadora Marta Suplicy, ‘a situação piorou no Brasil para os homossexuais: na Argentina tem casamento gay, aqui tem espancamento!’ Quando Lula iniciou seu governo, matava-se um gay ou travesti a cada 3 dias. Com Dilma a imprensa noticia um homocídio a cada 36 horas. Enquanto apenas 1% dos homens heterossexuais são HIV+, os gays atingem 11%, recebendo apenas 0,9% do orçamento para a prevenção da Aids”. Ele tem toda razão, bastam de propagandas governamentais, são necessárias ações que sejam efetivas, é preciso mostrar resultados e não promessas dainte dos dados apresentados por Luiz Mott.

Em suas contundentes declarações, Mott intitula-se independente para as críticas e não as deixa de fazer. Não ficaram de fora o governo nem as lideranças do movimento LGBT. Para ele, as nossas lideranças estão ligadas a interesses políticos governamentais e, quase sempre, sedem ou se deslumbram diante de migalhas. “Tenho sido o crítico mais contundente, desmascarando os equívocos do Governo e das lideranças pelegas no enfrentamento da homofobia: é absolutamente inaceitável que o primeiro Conselho LGBT tenha como presidente um preposto governamental heterossexual; é ultrajante que a Presidenta da República tenha vetado o Kit Antiomofobia Escolar e continue a se referir a nossa a orientação sexual com termos do senso comum; é vergonhoso que nossas lideranças partidarizadas sejam tão submissas ao faz de conta governamental, sem ouvir o clamor do povo LGBT que não aguenta mais tanta humilhação.”

Para finalizar Mott recusa o convite para participar da segunda conferência e justifica: “recuso o convite para participar desta 2ª Conferencia Nacional porque não quero ser conivente com mais esta encenação bufa do atual Governo e de seus apoiadores, que se contentam com migalhas e vendem sua dignidade por um prato de lentilhas. Torço para que eu esteja errado e serei o primeiro a reconhecê-lo se após mais esta conferência milionária o Brasil deixar de ser o campeão invicto de crimes homofóbicos. E aviso pela última vez: transfiro à Secretaria de Direitos Humanos a responsabilidade pela manutenção do banco de dados sobre assassinatos de LGBT no Brasil. 235 ‘homocídios’ até novembro. Quem pariu Mateus, que o embale!”

Em assim o sendo, ou as políticas públicas para LGBT, no Brasil, saem do papel e da mídia e se materializam em ações de fato, ou o que parecia ser o caminho para a efetivação de direitos e do reconhecimento da cidadania das pessoas LGBT (as conferências) não passará, para muitos, como afirmou Lindgren, de uma viagem de turismo patrocinada pelo Governo Federal para que alguns despolitizados e pseudo-militantes, salvo as exceções, conheçam a exuberante arquitetura de Brasília e, de lambuja, ainda assistam e batam palmas para mais palavras, mais papéis e mais imagens de sustentação do insustentável plano de políticas públicas e direitos humanos LGBT.











terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PARA O DEPUTADO JEAN WYLLYS, MARTA SUPLICY CAIU EM ARMADILHA DE SENADORES HOMOFÓBICOS


Em entrevista com Regina Volpato, o deputado Jean Wyllys apresenta sua visão a respeito dos acontecimentos que antecederam à reunião da Comissão de Direitos Humanos do Senado no dia 8 de dezembreo de 2011, quando seria votado o PLC 122.

Para o deputado, a Senadora Marta Suplicy cairia inevitavelmente numa armadilha, montada pelos senadores da bancada evangélica. Essa afirmação, ainda vai dar muito o que falar de ambos os lados. Assista a entrevista na íntegra e tire as suas próprias conclusões.


MINISTRA DOS DIREITOS HUMANOS COBRA APROVAÇÃO DO PLC 122 NO SENADO

Por Thonny Hawany

Maria do Rosário, ministra responsável pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por ocasião da solenidade de entrega do Prêmio Direitos Humanos 2011, afirmou, no Palácio do Planalto, em Brasília, que é imprescindível a aprovação do PLC 122. Para a ministra, os parlamentares precisam encontrar um ponto de convergência e consenso em relação ao projeto. Da forma como está não pode ficar.
Como anunciamos em matéria anterior, a proposta de lei que criminaliza a homofobia deveria ter sido votada na reunião da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, no dia 8 de dezembro de 2011; mas, infelizmente, temendo a não aprovação, a relatora retirou o projeto de pauta. Para a ministra “é muito importante que o Congresso Nacional encontre uma metodologia para responder a comunidade LGBT, que tem sido vítima da violência, muito cotidianamente, no nosso país”.

Em seu discurso, a ministra fez lembrar que esse mesmo caminho percorrido pelos LGBT já foi trilhado com sucesso pelos movimentos que lutaram contra o racismo “Assim como o racismo foi considerado crime, trabalharmos no sentido de que a homofobia também seja tratada como crime é um aspecto importante".

Em assim sendo, espero que as palavras da senhora ministra ecoem no Senado Nacional e que cause alguma sensibilidade àqueles corações endurecidos. O que falta para os senadores e senadoras da República é coragem. A mesma coragem que não faltou a Cristina Kirchner, presidenta da Argentina pela segunda vez. Muitos apostaram em sua derrota por ter sido o principal pivô de aprovação do casamento homoafetivo lá pelas terras de dom Diego. Enganaram-se. Cristina está no poder novamente, firme e forte.

sábado, 10 de dezembro de 2011

SECRETÁRIO GERAL DA ONU, BAN KI-MOON, PEDE O FIM DAS AGRESSÕES HOMOFÓBICAS NO MUNDO

Por Thonny Hawany

Nesta quinta-feira, dia 7 de dezembro de 2011, o Secretário Geral da UNO, Ban Ki-moon, em Nova York, fez um discurso bastante oportuno para participantes de um evento que discutia o bullying homofóbico. O senhor Secretário pediu a jornalistas, líderes comunitários, professores, familiares e governantes que não medissem esforços no combate à homofobia. E o que fez o Senado brasileiro? Agiu totalmente em contrário senso.

Ao ler a matéria, no site Mix Brasil, pensei em fazer, como de costume, uma releitura do texto imprimindo nele o meu ponto de vista a respeito do assunto. No entanto, as palavras do Secretário Geral da ONU dizem, por si só, o que qualquer um de nós que sofremos por homofobia poderia dizer ou querer ouvir/ler. As palavras de Ban Ki-monn animam-nos a continuar na luta. São palavras que nos fortalecem diante de derrotas como a que sofremos no dia a dia, ao perdermos para a morte, amigos pelo simples fato de serem homossexuais. E o Senado brasileiro? A esse respeito, nada lhe interessa! Arquivam, calam, só bradam quando é para condenar, para exortar em contrário.

Na semana em que se comemora o dia internacional dos Direitos Humanos, o Senado do Brasil dá um exemplo de como não se deve proceder. Em lugar de dar exemplos positivos, mais uma fez a única lei que poderia acabar com a mortandade de lésbicas, de gays, de bissexuais, de travestis e de transexuais, mais uma vez deixou de ser votada por força da bancada fundamentalista que, com seus conceitos religiosos e nada políticos, amaldiçoa, aterroriza o congresso nacional que, diante de tal força e temor, cala-se, omite-se e se deixa levar por esses interesses que não representam o querer da maioria.

Senhores senadores do Brasil, aprendam com quem sabe. Leiam abaixo as palavras do senhor Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon.

“Estou feliz por saudar os participantes deste evento sobre o assédio homofóbico de jovens e a violência associada à discriminação. Deixe-me oferecer uma palavra especial de agradecimento aos defensores dos direitos humanos na platéia.

Como muitos de vocês, eu continuo consternado com os relatos de crianças de 11 anos sendo submetidas ao abuso verbal, a insultos e graves agressões físicas por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

O bullying deste tipo não se restringe a poucos países, mas se passa nas escolas e comunidades locais em todas as partes do mundo. Ele afeta os jovens durante todo o caminho para a vida adulta, causando enorme e desnecessário sofrimento. Crianças intimidadas podem entrar em depressão e abandonar a escola. Algumas são até mesmo levadas ao suicídio.

Isto é um ultraje moral, uma grave violação dos direitos humanos, além de ser uma crise de saúde pública. É também uma perda para toda a família humana quando vidas promissoras são interrompidas prematuramente.

Muitas vezes pensamos o assédio homofóbico como um problema específico para ambientes escolares e para a adolescência. Mas as raízes estão mais profundas, pois esse assédio vigora em atitudes nocivas na sociedade em geral, às vezes encorajadas por figuras públicas e leis discriminatórias, além de práticas sancionadas pelas autoridades do Estado.

Combater este problema é um desafio comum. Nós todos temos um papel, seja como pais, familiares, professores, vizinhos, líderes comunitários, jornalistas, figuras religiosas ou funcionários públicos.

Mas é também, para os Estados, uma questão de obrigação legal. Pelos direitos humanos internacionais, todos os Estados devem tomar as medidas necessárias para proteger as pessoas – todas as pessoas – da violência e da discriminação, incluindo aquelas motivadas pela orientação sexual e identidade de gênero.”

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SENADO ADIA MAIS UMA VEZ A VOTAÇÃO DO PROJETO DE LEI QUE CRIMINALIZA A HOMOFOBIA

Por Thonny Hawany

Usando o bordão de um conhecido jornalista brasileiro: isso é uma vergonha! Mais uma vez o Senado brasileiro adia a votação do PLC 122, projeto que visa criminalizar a homofobia em até três anos de detenção para os que praticarem atos violentos ou atitudes preconceituosas contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A votação foi adiada em virtude de especialistas no assunto acreditarem na reprovação do projeto na Comissão de Direitos Humanos.

Depois de afirmar que acredita, “sim, que a conversa, o respeito, o entendimento e a negociação vão fazer superar uma sociedade que é tão injusta e tão perversa com uma parte de seus cidadãos. Na busca da construção de um consenso maior, vou pedir reexame da matéria", a Senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora do projeto, pediu para reexaminar o seu relatório.

Em meio a calorosos debates entre militantes LGBT e representações religiosas fundamentalistas, mais uma vez o PLC dormirá em berço esplendido, enquanto os criminosos homofóbicos permanecerão nas ruas, a procura de suas vítimas para escarnecê-las ou mesmo para tirar-lhes a vida como fizeram com Alexandre Varjão, Elisa Brasil e centenas de outros.

Segundo declarou a Senadora Marinor Brito “a maioria do povo brasileiro, de fato, não é homofóbica. Embora a maioria do povo brasileiro não seja homofóbica e não tenha acordo com atitudes homofóbicas, o Estado brasileiro não garante ao cidadão homossexual o direito de ser respeitado. Não tem mediação com quem não acha que tem homofobia no Brasil. Nosso Estado é laico. Isso não é uma briga entre religiões. Em todas as religiões tem gente intolerante".

O Senador Magno Malta (PR-ES) não concorda com a aprovação da lei porque não acha justo que os homossexuais se protejam dos que não concordam com eles e por isso os matam. Ora Senador, nós não estamos falando de pastores evangélicos, homens de um livro só, que se acham no direito de permanecer no velho testamento ou na Idade Média, estamos falando de criminosos que matam homossexuais.

Enquanto o Congresso Nacional se transforma em sala de reuniões de segmentos religiosos e de fundamentalistas sociais, a comunidade LGBT e outras minorias se valem do poder Judiciário e do Executivo que ainda permanecem lúcidos e laicos como prevê a Constituição Federal. Em sendo assim, vamos esperar dias melhores em que todos os cidadãos sintam-se protegidos pelo Estado. Irmãos, não se apavorem, não se entristeçam, as coisas estão mudando. Os ventos estão soprando em nossa direção. Tudo irá mudar em breve. O que precisamos é de lideranças com poder de voz no cenário nacional. As nossas atitudes são positivas, mas o nosso discurso é fraco e não convence as massas.

NIGÉRIA APROVA LEI QUE PUNE CASAMENTO GAY COM ATÉ 14 ANOS DE PRISÃO

Por Thonny Hawany

Por conta de ter sido criado em meio a culturas afro-descendentes, desde muito pequenino sempre sonhei conhecer a Nigéria. O nome do país sempre soou bem aos meus ouvidos. Hoje com 46 anos, ainda sonhando em conhecer a Nigéria, ligo o meu computador, entro na Internet e o que leio? Nigéria aprova lei que pune casamento gay com até 14 anos de prisão. Que decepção! Que vergonha!

Na terça-feira, dia 29 de novembro, o Senado nigeriano esfacelou totalmente o meu sonho ao aprovar uma lei que pune com penas que vão até 14 anos de prisão para as pessoas que se casarem com outras do mesmo sexo, vale tanto para os homens, quanto para as mulheres. A soberania de um Estado não pode ser inviolável, intocável quando ele atenta contra os direitos humanos do seu próprio cidadão!

A lei não para por aí, até as testemunhas do matrimônio e todos os envolvidos na cerimônia são punidos. Por ser testemunha ou participar de um casamento homoafetivo na Nigéria, a pessoas poderá ficar presa por até 10 anos. Até a aprovação desta última lei, o casamento era punido com 5 anos de prisão. Vejam que a lei endureceu. Se os movimentos LGBTs e suas grandes autoridades ficarem, sentadas em seus gabinetes ou0 pousando para a foto, o que aconteceu na Nigéria poderá ocorrer em qualquer lugar do mundo, até aqui no país do Carnaval.

A homossexualidade é considerada um pecado na Nigéria por conta dos segmentos religiosos, a metade da população é mulçumana e a outra metade é cristã. Deus não condena a homossexualidade, Cristo não condena a homossexualidade, Maomé não condena a homossexualidade. Quem condena a homossexualidade são os ignorantes que não entenderam a mensagem de transformação do Cristo que veio para salvar a humanidade do pecado e da tirania como essa do parlamento nigeriano.

Por enquanto só nos resta ser solidários às lésbicas, aos gays, aos bissexuais, às travestis e às transexuais nigerianas e esperar que os Direitos Humanos mudem essa situação o mais breve possível para que todos tenham o direito de AMAR da forma como seus espíritos e corpos desejam.

VI CACOAL RAINBOW FEST

Por Thonny Hawany


Tradicionalmente, todos os anos, no último sábado de novembro, por ocasião do aniversário da cidade de Cacoal, o Grupo Arco-Íris de Rondônia realiza a Cacoal Rainbow Fest que é um evento cujo principal objetivo é dar visibilidade à comunidade LGBT da Região Centro Sul do Estado de Rondônia e proporcionar o encontro da comunidade gay num evento festivo para tratar de assuntos políticos de forma bem-humorada.

EXCEPCIONALMENTE, neste ano, a Cacoal Rainbow Fest acontecerá no dia 17 de dezembro de 2011, a partir das 22 horas, na Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB – e terá as seguintes atrações segundo sua organizadora e presidenta do Grupo Arco-Íris de Rondônia – GAYRO – Guta de Matos: Shows de Drag, DJ, gogo boys e gogo girls, além de outras surpresas.

A Cacoal Rainbow Fest conta com lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de diversos municípios tais como: Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Cacoal, Ji-Paraná, Rolim de Moura, Santa Luzia, Alta Floresta, Primavera de Rondônia, Ministro Andreazza, Vilhena, Alto Alegre dos Parecis, Alvorada do Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto, Jaru, Mirante da Serra, Nova União, Urupá, Riozinho e Porto Velho. Além da comunidade gay, a comunidade heterossexual aguarda ansiosa a Cacoal Rainbow Fest. Todos se divertem para valer sempre num clima de cordialidade, harmonia e muita alegria.

Os ingressos antecipados já estão a venda por R$ 15,00 (quinze reais) e deverão esgotar antes do dia da festa conforme informou a senhorita Guta de Matos, por isso, é importante que você reserve o seu pelos telefones (69) 8115-3465 e 9213-7842 (Guta).


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PRIMEIRO CASAMENTO GAY NA IDADE MÉDIA E A POSTERIOR INTOLERÂNCIA HOMOAFETIVA

Por Thonny Hawany

No texto anterior, apresentei uma visão a respeito da homossexualidade na Idade Média, segundo o texto “Ser gay é pecado?”, da jornalista Cynara Menezes, publicado na Revista Carta Capital. Muitos podem estar achando repetitiva ou exagerada a minha leitura do texto; porém eu disse, inicialmente, que, por uma questão pedagógica, analisaria o texto em pequenos fragmentos para facilitar a leitura e o entendimento de grande parte dos meus leitores que, ocupada, precisa de textos curtos com ideias objetivas, claras e rápidas para se manter informada a respeito de tudo que ocorre no âmbito LGBT e de outras temáticas abordadas pelo neste blog.

Ainda sobre os casamentos na Idade Média, “em fevereiro deste ano, o pesquisador e professor de Literatura Carlos Callón, da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, foi premiado pelo ensaio Amigos e Sodomitas: a configuração da homossexualidade na Idade Média, no qual ele conta a história de Pedro Díaz e Muño Vandilaz, protagonistas do primeiro matrimônio homossexual da Galícia, em 16 de abril de 1061”, afirma Cynara Menezes em sua matéria.

Segundo a autora, “no documento, o casal compromete-se a morar juntos e a se cuidar mutuamente: ‘todos os dias e todas as noites para sempre’”. Segundo o pesquisador Carlos Callón, há muitos relatos idênticos na Idade Média, muitos semelhantes ao casamento heterossexual, “com a diferença de que as bênçãos faziam alusão ao salmo 133 (‘Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos’), ao amor de Jesus e João ou a São Sérgio e São Baco, santos já mencionados por nós no texto anterior.

Para o professor Carlos Callón, em sua pesquisa, ele trata “de como na lírica ou na prosa galego-portuguesa medievais aparecem alguns exemplos de relações entre homens [...]. As relações homossexuais são documentáveis em todas as épocas, o que houve foi um processo de adulteração, de falsificação da história, para nos fazer pensar que não.”

No seu texto, ao fazer menção à pesquisa de Callón, Cynara afirma que há outros dados importantes a serem ressaltados a respeito da Idade Média, como exemplo: a) inicialmente, a perseguição contra os homossexuais tem origem nas ações do Estado; b) Somente depois a igreja se converte na principal fonte do preconceito contra os homossexuais.

Como se viu, o pecado não existia antes da baixa idade média. A homofobia, por interesses que ainda merecem muitos estudos, nasceu por volta dos séculos XI e XIV. Foi a partir desse ponto que deram inicio aos atos de estrema intolerância aos homossexuais. Todo o sexo que não tivesse como objetivo a reprodução passou a ser repudiado daquela época por diante.

Fonte: Carta Capital

SANTOS CATÓLICOS GAYS: BACO E SÉRGIO

Por Thonny Hawany

Não é segredo para ninguém que a tolerância religiosa em relação à homossexualidade mudou ao longo dos tempos, de mais para menos tolerante, afirma Cynara Menezes ao iniciar o que eu chamo de a quarta fase de seu artigo publicado na Revista Carta Capital de 19 de novembro de 2011.


Um fato bastante curioso apresentado por ela são os dados da pesquisa do americano John Boswell, pesquisador da Universidade Yale, falecido aos 47 anos em 1994. Boswell passou a sua vida acadêmica inteira investigando a homossexualidade e suas relações com o cristianismo.


Nos achados de John Boswell, ele atesta que até o século XII a Igreja, em nenhum momento, condenou as relações entre pessoas do mesmo sexo. Segundo Cynara, o pesquisador “revelou no seu livro O Casamento entre Semelhantes – Uniões entre pessoas do mesmo sexo na Europa pré-moderna (1994) a existência de manuscritos que comprovavam a celebração de rituais matrimoniais religiosos durante toda a Idade Média por sacerdotes católicos e ortodoxos para consagrar uniões homossexuais”.


E agora? O que levou a igreja a mudar de ideia e passar a considerar pecado aquilo que ela mesma dava anuência e consagrava até a Idade Média? Interesses políticos, bélicos, e econômicos podem ser as chaves possíveis para a resposta.


As cerimônias eram tão sérias que possuíam até santos protetores. Para Cynara, “nos 80 manuscritos descobertos por Boswell sobre as bodas gays entre os primeiros cristãos, invocavam-se a proteção de dois santos católicos: Sérgio e Baco, tidos como homossexuais.

São Sérgio e São Baco são comemorados no dia 7 de outubro. São entidades quase que apagadas do imaginário popular, muito provavelmente por conta de sua relação com a homossexualidade. São Sérgio e São Baco aparecem sempre juntos nas imagens e são os preferidos na iconografia de diversos artistas plásticos ligados ao movimento LGBT, segundo afirma Cynara Menezes em seu artigo.


Conforme dados colhidos na Internet e mesmo na matéria de Carta Capital, Baco e Sérgio foram soldados de Maximiliano, imperador Romano, os dois foram martirizados até a morte por se negarem a adorar o deus Júpiter. Baco morreu primeiro em face dos açoites que recebera. Segundo uma crônica do século X, Sérgio chorava e lamentava a perda de Baco com as seguintes palavras: “te separaram de mim, foste ao Céu e me deixaste só na Terra, sem companhia nem consolo”.


Essa deve ter sido uma linda história de amor apagada pelos interesses contrários da igreja ao amor entre pessoas do mesmo sexo a partir do século XII. Embora não seja nada fácil, muitos outros documentos guardados pela própria Igreja Católica e por seus segmentos secretos devem guardar muitas informações que expliquem essa mudança de posição da Santa Madre Igreja em relação às uniões homoafetivas. Se você não tinha um padroeiro, agora já tem e não pode se queixar, são dois.

MENEZES, Cynara. Ser gay é pecado? In Carta Capital de 19 de novembro de 2011.

10,6% DOS EVANGÉLICOS DESEJAM EXPERIMENTAR UMA RELAÇÃO HOMOSSEXUAL

Por Thonny Hawany

Como o tema da Revista Carta Capital “Ser gay é pecado?” é bastante fértil, darei continuidade na minha leitura, nesta etapa, dialogando com Cynara Menezes, a jornalista que escreveu o texto, e com Anivaldo Padilha, pai do ministro da saúde, Alexandre Padilha, o qual tem posicionamentos bastante arrojados a respeito do assunto.

Segundo Cynara, “a partir da primeira decisão do STF, foi criada, informalmente até agora, uma frente religiosa pela diversidade sexual, que reúne integrantes de diversas igrejas: batistas, metodistas, anglicanos, luteranos, presbiterianos, católicos e pentecostais”. O coordenador do grupo é o metodista Anivaldo Padilha já devidamente apresentado no primeiro parágrafo.

Para Anivaldo Padilha apud Cynara, “a homossexualidade é hoje um dos temas que mais dividem as igrejas, tanto evangélicas quanto católicas”. De modo taxativo, Padilha afirma que: “quem alimenta o preconceito são as lideranças. Os fiéis manifestam dificuldade em obter respostas, por que no convívio com amigos, colegas ou mesmo parente que sejam homossexuais não veem diferenças”.

Essa constatação é algo que, na prática, nós homossexuais e/ou militantes já percebemos. Os cristãos, os crentes, os protestantes, os católicos, seja lá a denominação que tenham as pessoas religiosas, não são inimigos dos homossexuais ou contra qualquer que seja a minoria. Muitos crentes chegam a afirmar que seus pastores estão ultrapassados. Isso para não falar no número de famílias que as igrejas perdem porque não aceitam na mesma congregação o ente querido que seja assumidamente homossexual. O bordão: “Amamos o homossexual, mas condenamos o pecado,” Já não mais cola, pastor!

A falsa contenda entre evangélicos e gays é mais um subterfúgio dos líderes religiosos para manter suas igrejas cheias de crentes atemorizados pelos demônios, pelos comunistas e agora, pelos homossexuais. Falsos pastores, em seus programas de rádio, TV e internet, tentam endemonizar os homossexuais e todos os que militam em favor da causa, jogando pais contra filhos, mães contra filhas, amigos contra amigos, sociedade contra sociedade.

Segundo Padilha apud Cynara “a proporção de homossexuais entre os evangélicos é bastante similar à da sociedade brasileira como um todo”. Padilha, quando faz essa afirmação está embasado numa pesquisa “O Crente e o Sexo, do Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã, entidade que possui o maior banco de dados com e-mail de evangélicos brasileiros”, afirma Cynara.

A pesquisa ouviu 6.721 evangélicos solteiros de todo o Brasil com idade compreendida entre 16 e 60. Conforme a reportagem de Carta Capital, “os resultados divulgados em junho deste ano (2011): 5,02% dos evangélicos tiveram uma experiência homossexual e 10,69% disseram desejar experimentar ter relação com pessoas do mesmo sexo”.

O Ministério da Saúde, em pesquisa feita em 2009, mostrou que 7,6% dos brasileiros, entre 15 e 64 anos já tiveram relações com uma pessoa do mesmo sexo na vida. Para Cynara, “a diferença entre os hábitos sexuais dos crentes e do resto da população é quase nula”. A questão homossexual “não é teológica” para Padilha. “O que existe é que esse tema tem sido utilizado politicamente pela direita brasileira. Como não existe mais o comunismo, conseguem manipular a opinião pública assim. Eles têm o direito de expressar opiniões, mas não se pode impor ao Estado conceitos de pecado que não dizem respeito aos que professam outras religiões, ou nenhuma”. Emenda, por fim o metodista Anivaldo Padilha.

Em face do exposto, o que há em muitos líderes religiosos, especialmente nos literalistas, é cinismo e interesses escusos visando poder econômico e político. Até hoje há igrejas que pregam contra seus membros estudarem, terem internet, assistirem TV. Por quê? Simples, quanto mais ignorante o homem, mais fácil dominá-lo em favor dos interesses maquiavélicos do dominador.

MENEZES, Cynara. Ser gay é pecado? In Carta Capital: política, economia e cultura. Ano XVII, n. 672, 16 nov. 2011.

“DEUS NÃO É CRISTÃO”

Por Thonny Hawany

Ainda lendo a matéria “Ser gay é pecado?”, escrita por Cynara Menezes na Revista Carta Capital, resolvi trazer para dialogar comigo nesta postagem o arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984. O título desta postagem é parte do título do livro que o arcebispo lançou em março deste ano, conforme informou a Revista Carta Capital em sua matéria.

Desmond Tutu sempre foi um religioso bastante polêmico em face de seu trabalho em favor das minorias. Sua autoridade mundial concedeu-lhe algumas licenças e permissões para falar o que pensa, da forma como pensa. E ele fala!

Para Tutu apud Cynara Menezes, “a perseguição contra homossexuais é uma das maiores injustiças do mundo atual, comparável ao aphartheid contra o qual lutou na África do Sul”. Eu diria mais, a perseguição atual é, possivelmente, tão cruel quanto aquela feita por Adolpho Hitler nos campos de concentração nazista. Se as Nações mundiais não desenvolverem políticas públicas de proteção LGBT urgentes, o número de mortes por homofobia incitadas por religiosos literalistas e líderes neonazistas poderá chegar a cifras alarmantes nos próximos anos.

“O Jesus que adoro provavelmente não colabora com os que vilipendiam e perseguem uma minoria já oprimida”. Ainda para Desmond Tutu, “todo ser humano é precioso. Somos todos parte da família de Deus. Mas no mundo inteiro, lésbicas, gays, bissexuais e trangêneros são perseguidos. Nós os tratamos como párias e os fazemos duvidar que também sejam filhos de Deus. Uma blasfêmia: nós os culpamos pelo que são”.

As palavras do arcebispo Desmond Tutu bastam por si só. É preciso limpar os governos, as instituições, as igrejas de homens que não avançam com a sociedade. Esses tais falsos profetas são perniciosos para o desenvolvimento da humanidade e do planeta como um todo. Usam da palavra de Deus para criarem redutos poderosos de sustentação de si mesmos e de seus interesses obscuros e demoníacos.

Ouçam, com atenção, e verão ecoar nas vozes desses fundamentalistas religiosos e neonazistas os carniceiros de outrora que a história tenta enterrar, mas, em vão, segue.

Salientamos ainda que a Igreja Anglicana, nos Estados Unidos foi a primeira a ordenar um bispo homossexual. Segundo informou a própria ela mesma, o bispo não foi ordenado por ser gay, mas por sua competência e importância frente ao ministério.

No Brasil, os anglicanos são aproximadamente 60 mil. Segundo a matéria de Carta Capital “a Igreja Episcopal Anglicana realizou, em 2001, a primeira consulta nacional sobre sexualidade, quando seus fiéis decidiram rejeitar ‘o princípio da exclusão, implícito na ética do pecado e da impureza’ e fazer uma declaração pública em favor da inclusividade como ‘essência do ministério encarnado de Jesus’”. Sem querer ser redundante e já o sendo, não podemos nos esquecer que os anglicanos estão entre os primeiros religiosos a divulgarem documento de apoio à decisão do Supremo Tribunal Federal em equiparar a união estável entre pessoas do mesmo sexo àquela já prevista para homens e mulheres.

Em face do exposto, sentimos que estamos avançando em nossa luta e que ela não é só nossa. É de todos os que acreditam numa sociedade digna, justa e igualitária como as altas autoridades religiosas e estatais que tomaram para si parte da luta contra a discriminação de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Essas outras vozes que bradam e ornejam contra parte da humanidade, na tentativa de criar cisões, fazem-no por ignorância e por puro despreparo para a vida. Esses são homens de um livro só. Como dizia Geraldo Tibúrcio, um grande mestre que tive numa das especializações que fiz: “tenham medo do homem de um livro só”. Só agora entendi o que ele queria dizia com tanta ênfase.

 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

“SER GAY É PECADO?”

Por Thonny Hawany

Hoje à tarde, enquanto aguardava a próxima aula, na sala dos professores, recebi de uma colega, professora de Matemática, por saber de minha militância LGBT, de presente, uma revista Carta Capital de 16 de novembro de 2011 que, em suas páginas de 56 a 61 traz uma matéria espetacular a respeito do tema que usei como título desta postagem.

A matéria foi escrita pela jornalista Cynara Menezes que, de modo sério, tratou de um assunto polêmico com bastante maturidade e sem subjetivismos. A matéria, além de bem escrita, apresenta compromisso com a história, com a informação e, acima de tudo, com a verdade.

Pensei em escrever um único texto comentado os pontos mais importantes da matéria jornalística de Cynara Menezes, mas ao chegar ao final da leitura, percebi que, se tratasse numa única postagem de toda a matéria esboçada pela autora, poderia afastar o leitor pela natureza longa e cansativa do texto, ou, por outro lado, poderia privar o leitor de alguns assuntos tratados nas entrelinhas, ou nos subtemas de forma sutil e responsável.

Logo no início, a autora nos faz entender que “um grupo de influentes religiosos católicos e protestantes opõe-se à onda conservadora e defende que a Bíblia não condena a homossexualidade”. Só para constar, a autora usou a palavra “homossexualismo” no texto original. Por força de minha natureza militante, eu o corrigi. Mas isso não depreciou o texto em nada.

Para abrir as discussões, Cynara fala da repetida ladainha do pastor Silas Malafaia, da Assembléia de Deus, possivelmente, o mais afamado representante dos conservadores e míopes sociais.

A meu ver essa tal ladainha: “homossexualidade na Bíblia é pecado. Pode tentar forçar, mas é pecado”. Mostra que nem ele mesmo acredita no que está dizendo. Há uma lacuna discursiva do tamanho de uma cratera lunar “no pode tentar forçar, mas é pecado”. Não é preciso ser especialista em Análise do Discurso para ver isso. Só os míopes como ele continuam encontrando consistência nestas frases e bordões chinfrins.

No decorrer da matéria “Ser gay é pecado?”, diversos religiosos e estudiosos, baseados na mesma bíblia do Malafaia, apresentam opiniões contrárias às dos fundamentalistas. Segundo Cynara todos os seus entrevistados foram unânimes em dizer que “a mensagem de Jesus era de inclusão: se fosse hoje que viesse à Terra, o filho de Deus teria recebido os homossexuais de braços abertos.

O primeiro dos entrevistados na matéria de Carta Capital é a maior autoridade Anglicana no Brasil, o bispo dom Maurício Andrade que, logo de início afirmou: “é muito provável que as pessoas homoafetivas fossem acolhidas por Jesus. O Evangelho que ele pregou foi de contracultura e inclusão dos marginalizados”.

Dom Maurício Andrade, assim que o STF decidiu em favor da união estável entre pessoas do mesmo sexo, em maio de 2011, fez veicular no Brasil inteiro um documento em que a Igreja Anglicana se posicionou favorável à decisão. "A orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação." Diz dom Maurício Andrade, bispo primaz da Igreja Anglicana à Carta Capital.

Para finalizar sua participação na matéria, dom Maurício afirmou, de modo brilhante e veemente: “quem interpreta que a Bíblia condena a homoafetividade está sendo literalista. Cada texto bíblico está inserido num contexto político, histórico e cultural, não pode ser transportado automaticamente para os dias de hoje. Além disso, a Igreja tem de dar resposta aos anseios da sociedade, senão estaremos falando com nós mesmos”.

Deus não condena a homossexualidade. Tudo o que há é fruto de Deus. Então somos frutos de sua criação. Jesus não condenou, quando por aqui passou, a homossexualidade. Os trechos que fazem menção a homossexualidade, na Bíblia, não constituem uma questão teológica, mas uma discussão puramente histórica e cultural.

Ao ler, ou ouvir verdadeiros teólogos falando sobre assuntos bíblicos, compreendemos o quanto nada sabem os teólogos analfabiblicos. Eles leem a letras e se esquecem que todas as palavras possuem um espírito que transcende significados para além si mesma.

A literalidade só mostra o quanto os fundamentalistas estão equivocados ao se levantarem contra a homossexualidade, ao imolarem gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, estão deixando de ensinar a principal de todas as lições da própria Bíblia que é o “amai uns aos outros”.

Conforme eu disse no início, farei uma cisão, propositalmente, pedagógica da matéria “Ser gay é pecado?” de Cynara Menezes para trabalhar melhor as entrelinhas e os subtemas em outras postagens. Mas se não quiser esperar, recomendo a leitura, diretamente na fonte: Revista Carta Capital de 19 de novembro de 2011, ano XVII. N. 672.