sábado, 13 de novembro de 2010

GEDI


Por Thonny Hawany

Gargalhada tuas pulcras alegrias,
 Egrégio infante de doce encanto,
  Divindade de grã-filosofia.
   Invade as barreiras intransponíveis,
    Vastas de quase escuridão.
     Almeja as tuas ousadias.
      Lenitivo de tuas conquistas.
       Sorri grande Zeus,
        Opulento das eras contemporâneas.
         Ufana-te de teus feitos.
          Zarpa levado pelo suave zéfiro.
         Ande por onde andares,
        Ancorado em meu peito estarás,
       Nos anseios de lépido e eficaz saber.
      Devotei minha mansa compreensão
     Resgatada quando lentamente chegaste
    Abraçando-me com teus parcos braços
   Desvincando-me do destemido cepticismo.
  Enfim , serei por ti como foste por mim: sereno.

1. Quem é Gedi? Gedi é como minha turma da graduação em Letras (1991-1994 - UNEB-BA - Campus VI) chamava, carinhosamente, o nosso saudoso professor de Literatura Brasileira, Gedival de Souza Andrade.
2. Onde e quando foi escrito o texto acima? Este texto é bastante antigo, ele foi escrito em Caetité, cidade da Bahia e em 29 de dezembro de 1993.
3. Por que um acróstico? Apesar de saber que a crítica literária não vê com bons olhos os acrósticos, sempre os faço quando quero homenagear alguém que tenha sido importante, que tenha tido algum significado em minha vida. E Gedi foi, quando em vida, uma dessas pessoas que chega estranha e, aos poucos vai se tornando mais que importante, mais que um mestre, um amigo, um irmão, um pai, um anjo da guarda, um norte, um porto-seguro. Saudades!!!

OBSERVAÇÃO: A(s) imagem(ns) postada(s) nesta matéria pertece(m) ao arquivo de imagens do Google Imagens e os direitos autorais ficam reservados na sua totalidade ao autor originário caso o tenha.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

GRUPO LGBT CRITICA POSTURA HOMOFÓBICA NO PLEITO ELEITORAL DE 2010

Entrevista feita pela jornalista Carolina Sá a Thonny Hawany

Em pauta nas eleições 2010 os assuntos: aborto, teorias anti ou pró homossexuais – e outras que incentivariam a homofobia – conforme a visão de algumas entidades, tem provocado discussões acaloradas e muita especulação. Enquanto os candidatos ‘x’ ou ‘y’, citados aqui sem conotação eleitoreira, discutem assuntos como estes as prioridades de governo tem sido deixadas de lado.
Para o presidente de Honra do grupo LGBT Arco Íris de Cacoal (leia-se LBGT – Lésbicas, bissexuais, homossexuais e transexuais), Thonny Hawanny, a questão tem se tornado bandeira política de alguns grupos. Ele criticou esta postura que define como “homofóbica”, e disse mais, “as questões do aborto e da comunidade LGBT são de políticas públicas e não de religão”. Para o militante, que também é professor do curso de Letras e acadêmico de Direito de uma faculdade particular em Cacoal, a questão é mais grave do que parece, “a política atual, esta eleição voltou as eras medievais, visto que há uma confusão entre o poder do estado e o poder da igreja”, analisou.

Demonização

Para o presidente a figura do homossexual é vista por vezes de forma ‘distorcida’ e até por que não dizer demoníaca, “existe uma demonização da figura do homossexual para assustar e instigar os fiéis a criar um ódio ao homossexual, o que chamamos de homofobia”, explicou. Ele disse ainda que as igrejas chamadas pelos grupos LGBT de ‘fundamentalistas’, devido a postura anti homossexuais, tem se tornado incentivadoras da homofobia. Para o presidente do grupo Arco Íris a postura seja religiosa ou política de afronta aos homossexuais consiste em um desrespeito a própria lei brasileira, “é um desrespeito a própria Constituição, que diz que o estado é democrático de direito e laico, ou seja, livre”. Para ele ao invés de colocarem em pauta os assuntos aborto e homossexualidade, os candidatos deveriam discutir a questão das drogas, com políticas públicas, tratamento aos dependentes e crianças viciadas.

O debate esquenta

A Administradora de Empresas Eleonice Silveira, que não frequenta igrejas e se diz ‘agnóstica’, diz que a igreja não deve interferir, nem induzir os fiéis a atitudes preconceituosas. E acha que isso teria conseqüências graves, “as pessoas que frequentam as igrejas mais ‘radicais’ são influenciadas de forma muito forte, o que pode trazer resultados ruins, como fomento a discriminação e radicalismos”, explicou. Já para o jovem Luciano Almeida Neto, de 21 anos, que faz parte de um grupo de jovens católicos, os padres também tem uma postura antihomossexual, mas ele não entende que este discurso tenha algum efeito negativo. “Eu nunca vi um padre falar mal de gays com preconceito, eles apenas citam o evangelho”, disse.

Igrejas rebatem

Entre alguns religiosos a polêmica questão é motivo de indignação. O pastor de uma igreja Evangélica de Cacoal, que pediu para não ser identificado de forma a evitar ‘animosidades’ com os grupos LGBT, disse que a igreja quer simplesmente pregar a liberdade religiosa, “não é o pastor ou a igreja que fala mal dos homossexuais, é a própria Bíblia, a Escritura Sagrada que combate estas práticas”, disse o religioso em tom de defesa. O pastor também falou sobre a questão da homofobia, argumentando que nunca as igrejas instigaram a violência física ou psicológica contra as pessoas de ‘orientação diferente’, e afirmou que todos os homossexuais são muito bem tratados na sua igreja, “jamais vamos querer maltratar ou humilhar uma pessoa, queremos apenas o seu bem”, disse.

A ‘recuperação’ dos LGBT

Algumas igrejas adotam uma postura de ‘converter’ o então homossexual a uma prática heterossexual, induzindo-o, ou ‘orientando-o’ a constituir família, leia-se: marido, mulher e filhos. Com relação a isso, um caso ocorrido há pouco mais de um ano chamou a atenção da opinião pública e chocou a comunidade local. Um jovem homossexual de pouco mais de 20 anos, de família evangélica foi induzido pelos familiares a freqüentar a igreja. O pastor e os outros membros passaram a cobrar dele uma atitude ‘normal’, heterossexual, o que o levou a uma profunda depressão. Após alguns meses de prostração de debilidade física e psicológica o jovem veio a óbito.

Caso recente

Durante o sermão da missa realizada nessa terça-feira dentro da comunidade católica Canção Nova, o padre José Augusto criticou um dos candidatos a presidência pela postura ‘supostamente’ favorável ao aborto. “Podem me matar, podem me prender, podem me processar, e, se tiver de ser preso serei, mas eu não posso me calar diante de um partido que está apoiando o aborto”, completou José Augusto, que também se pronunciou contra o casamento homossexual.

Outro lado

No mesmo dia do sermão, o monsenhor Jonas Abib, fundador da comunidade Canção Nova, divulgou uma nota oficial, na qual diz: "a Canção Nova mantém-se alinhada à catequese da Igreja Católica e à sua doutrina comprometida com o direito à vida e à dignidade humana". Em outro trecho, diz que a Canção Nova "não vê cada candidato por suas bandeiras, mas os acolhe como filhos amados de Deus. Cada fiel deve votar de acordo com suas convicções e com a doutrina social da Igreja. (...) Por fim, peço em nome da Canção Nova, perdão por qualquer excesso", diz ele no comunicado. A assessoria ainda informou que o padre José Augusto segue normalmente com suas atividades.

Sem pretensões

Não há qualquer intenção nesta matéria de defender grupos ‘x’ ou ‘y’ ou mesmo encerrar o assunto exposto nesta reportagem. A ideia é tão somente instigar o debate em face de um tema que toma proporções enormes no âmbito social e político, e certamente reflete a postura da população brasileira em relação a assuntos polêmicos, que dizem respeito a valores religiosos, comportamentais e até morais e éticos discutidos no âmbito da política.

Publicado originalmente em:

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

HOMOFOBIA: CONCEITO, ETIMOLOGIA DA PALAVRA E CONSEQUÊNCIAS DO ATO

Por Thonny Hawany

A expressão homofobia e sua legítima significação têm sido alvo de muitos debates entre os estudiosos do assunto. Trata-se de um neologismo formado por dois radicais gregos (homo=igual + phobia=medo). A sua origem tem como marco inicial o ano de 1971, quando foi cunhado pelo psicólogo norte-americano George Weinberg em seu livro “Society and the Healthy Homosexual(1)”.

Com o passar dos tempos, o termo homofobia, criado para significar tão somente medo, aversão e ódio à pessoa homossexual, passou a significar, mais modernamente, quaisquer atos de discriminação contra o homossexual ou contra a homossexualidade.

Não se recomenda, portanto, fazer uma leitura, ao pé da letra, dos radicais que compõem a palavra homofobia. O radical homo que, na palavra homossexual, significa igual; na palavra homofobia, por se tratar de uma apócope(2) da palavra homossexual, ou seja, de uma redução da expressão, o referido radical não tem o mesmo teor semântico e lexical que tem na palavra homossexual. Neste caso, em especial, o radical homo evoluiu para significar o todo e não somente uma parte, ou seja, é uma referência integral à pessoa homossexual.

Já o radical phobos do grego, que significa medo de forma geral, na expressão homofobia quer dizer, além do medo irracional, também a repulsa, o preconceito, a aversão ao homossexual e à homossexualidade. Há quem diga que a expressão certa para este caso seja homofilofobia e que o indivíduo que sofre deste transtorno deve ser chamado de homofilofóbico. Para encontrar discussões dessa natureza, basta um giro pela internet para que a palavra homofilofobia surja aos montes em substituição a tão conhecida expressão homofobia.

A consagração lexical de um ou de outro termo será inevitável. Na corrida pela popularidade tem ganhado o vocábulo homofobia. Na relação homem versus palavra, nós não as escolhemos, elas são quem nos escolhem. Apenas as lemos, registramo-las e as estudamos como fazem os filólogos. Se homofobia ou homofilofobia, isso não importa, o importante é o combate veemente à patologia que elas significam e que pode ir de uma simples manifestação de repulsa e medo ao cometimento de um crime por raiva e ódio.

Deixando de lado a etimologia da palavra para me dedicar parte de minhas reflexões à materialização do fenômeno, deparei-me com as proposições seguintes: a homofobia poder se dar de modo sutil ou explícito. Tanto a homofobia velada quando a explícita são preocupantes. Quaisquer umas das formas de homofobia podem levar o indivíduo a consequências desastrosas.

No Brasil e no mundo, é crescente o movimento em favor da responsabilização cível e criminal do agente homofóbico. A exemplo do Estado de São Paulo e de outras regiões do mundo, há estados e municípios brasileiros que já se posicionaram favoravelmente à criminalização da homofobia e à consequente punição do indivíduo que mata, que fere ou que causa lesões psicológicas ao homossexual.

Em tese, o número de criminosos que agem de modo velado, se comparado ao daqueles que agem e se mostram, é infinitamente maior. O indivíduo homofóbico pode estar no trabalho, no meio familiar, no ambiente escolar, na igreja, ou em quaisquer outros segmentos da sociedade. Como já dissemos, muitos são declarados, enquanto outros se escondem por detrás de estruturas sacro-fundamentalistas e de culturas tradicionais e, de lá, usam de subterfúgios para dar ares de legitimidade e de normalidade à prática horrenda de terror e de incitação à morte de homossexuais.

O homossexual, vítima passiva da discriminação velada, sofre tanto quanto aquele que é vítima de homofóbicos declarados. A discriminação velada acontece silenciosa e progressiva, machuca a mente, mata a alma e fere o corpo. A pessoa vítima de homofobia perde a razão de existir como empregado nas relações trabalhistas, como aluno ou professor nas relações escolares, deixa de ver sentido nas relações com a igreja e, por vezes, vê-se obrigado a abdicar do aconchego da familiar pelo banimento. Não há homem, não há mulher que seja feliz num meio em que não seja respeitado(a) e querido(a).

Ao longo dos tempos, a experiência tem-me mostrado que a homofobia velada leva o indivíduo a profundos níveis de estresse, de angústia e de depressão e que, quando essas doenças enraízam-se na alma e na mente, elas atacam também o corpo e corroboram para que a vítima sinta-se acuada e perca parte significativa de suas habilidades físicas, cognitivas e, em especial, de sua a capacidade de se relacionar com o meio social. A sociedade e seus meandros perdem o significado e deixam de ser a razão de viver, fato este que justifica o suicídio em muitos casos.

A homofobia e suas consequências transcendem a esfera do conhecimento sensível e atingem os núcleos de pesquisa acadêmica especializada. Isso é um passo gigantesco, mas, além de estudos, é necessário que outras medidas de urgência sejam tomadas a fim de extirpar o mal que atinge milhares de nós. A homofobia, que alastra por todo o mundo, sustentada por uma falsa ética fundamentalista, moralista e fora de contexto, não se extirpa aparando-lhe as arestas, mas com a consecução de leis que lhe coíbam a existência e a prática.

Se o Estado não se adiantar em regular essas questões, terá que arcar com o ônus de sua ingerência. Anotem! Estamos na iminência de um novo fenômeno de saúde pública que, na escuridão dos cérebros das vítimas de homofobia, desenvolve-se lenta e progressivamente.

Em conclusão, entendo que a homofobia é mais que o ato de discriminação do indivíduo homossexual, é mais que o medo, é mais que a aversão, é mais que o ódio; é a falta de respeito ao outro, é o descumprimento de preceitos legais, é a ausência de ética social, é, acima de tudo, a falta de AMOR AO PRÓXIMO da forma como ele nasce e desenvolve a sua maneira de SER.

1. A Sociedade e o Homossexual Saudável.
2. Supressão de fonema(s) no final da palavra.
Referência:
WEINBERG, Georgee. Society and the healthy homossexual. New York: St Martin's Press, 1972.

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

JEAN WYLLYS: UM DEPUTADO EM FAVOR DA CAUSA LGBT

Por Thonny Hawany

Jean Wyllys, ex-integrante do reality show Big Brother da Rede Globo, foi eleito pelo Estado do Rio de Janeiro a Deputado Federal com propostas muito claras em favor dos direitos da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Jean obteve 13.018 votos e assim conquistou uma das concorridas cadeiras no Congresso Nacional.

Jean Wyllys é professor universitário e jornalista, é um jovem de perfil bastante arrojado e deverá, sem sobra de dúvidas, constituir uma das principais vozes em favor da consecução de leis que edifiquem a cidadania LGBT no Brasil.

Conforme disse o próprio Jean em seu perfil no Twitter: "é uma enorme responsabilidade ser aquele em quem se deposita tanta esperança. Quase 99% das mensagens que recebi são de esperança e alegria! Mas, como já disse, darei o melhor de mim para fazer um mandato honrado que orgulhe não só os que votaram em mim[...]”.

Jean Wyllys, em virtude de seu bom caráter e preparo intelectual, pode ser um representante de peso da causa LGBT no cenário político nacional, mas para isso terá que fazer uma política de entendimentos e de coalizões.

O deputado Jean Wyllys, pelo que se percebe, tem recebido o apoio da comunidade gay brasileira. A notícia de sua eleição tem sido bem recebida pelos militantes LGBTs que vêem nele uma esperança para a causa que, nos últimos anos, tem enfrentado rigorosa aposição dos religiosos fundamentalistas.

Assim sendo, resta-nos esperar que Jean dê o melhor de si na representação LGBT no Congresso Nacional. Como militante da causa, particularmente, acredito no seu potencial e digo mais: estou otimista e esperançoso. Acredito que a causa agora pode ganhar um outro perfil no Brasil. Parabéns Jean Wyllys.

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

O CURSO DE DIREITO DA UNESC REALIZA SIMPÓSIO PARA DEBATER DIREITOS HUMANOS: III SIMPÓSIO/2010

Por Thonny Hawany
I. Preâmbulo:

No dia 11 de setembro de 2010, há 9 anos de um dos maiores, senão o maior, ato de atentado terrorista, em que foram ao chão as torres gêmeas do World Trade Center nos EUA, num ato de extremo desrespeito ao cidadão americano e os seus direitos humanos integralmente, o Curso de Direito da UNESC realizou o seu III Simpósio, cuja temática central foram os Direitos Humanos. No decorrer do ano, o Curso de Direito tem dois eventos, o primeiro, intitulado de Semana Jurídica em que são discutidos temas mais gerais de direito e o segundo, o Simpósio. Quem não se lembra do I Simpósio (2008) que comemorou os 20 anos de promulgação da Constituição e do II (2009) que debateu os Direitos das Minorias. Segundo nos informou a professor Rita Lima, coordenadora do Curso de Direito e professora Carina Clemes, coordenadora do Simpósio, todos os eventos são feitos pelo e para o acadêmico com o maior carinho possível. "Muito há o que se aprender em eventos como este, o conhecimento é a única coisa que não se perde no decorrer da jornada”, pondera a professora Rita Lima no seu discurso inicial.
O evento muito bem ciceroneado pelo professor William Gama, que no início lembrou a Declaração Internacional dos Direitos Humanos de 1948, promulgada pelas Organizações das Nações Unidas, teve como palestrantes: o dr. Carlos Danilo Moreira Pires que discorreu sobre a temática União Homoafetiva: um ato de respeito à Constituição e ao Cidadão; o dr. José Viana Alves que palestrou sobre Os Direitos Humanos e a sua Relação com o Tribunal do Júri; o dr. Fredmann Wendpap que falou sobre as Políticas Públicas para a Prestação Jurisdicional e, por último, Dadá Moreira com o tema Superação no qual ele, pessoa com deficiência imprimiu verdadeira lição de vida e de superação. Para facilitar o entendimento do Simpósio e a construção metodológica, daqui para frente dividiremos o texto em tópicos usando os mesmos títulos das palestras como subtítulos.

1ª Palestra: Reconhecimento da União Homoafetiva: um ato de respeito à Constituição e ao Cidadão

O dr. Carlos Danilo deu início a sua palestra dizendo para não confundir união homoafetiva com casamento homoafetivo. Fez uma breve introdução falando da evolução da palavra homossexualismo (doença) até que se chegasse a ser cunhada como homossexualidade (ação). “A homossexualidade está presente na humanidade desde os seus primórdios, ela existe desde que o mundo é mundo”, ponderou o palestrante.
Com o propósito de justificar sua propositura, fez um breve levantamento da história dos gregos e sua relação com a homossexualidade. Na Grécia antiga, as relações heterossexuais eram apenas para a procriação e perpetuação da espécie humana, enquanto que a “relação homossexual era para saciar os prazeres da carne”. (Não concordo, elas significavam mais que isso – pondero eu).
No decorrer da história, a pratica da sodomia passou a ser punida com a morte. Lembrou o palestrante do escritor irlandês Oscar Wilde que cumpriu pena por ter se declarado homossexual.
Depois de apresentar um breve histórico, o dr Carlos Danilo fez a seguinte menção: “o termo homossexualidade foi usado pela primeira vez pela médica Karoly e na sequência, conceituou a união homoafetiva como sendo a “união de pessoas do mesmo sexo, com as seguintes características: convívio público, relação duradora, respeito mútuo, afetividade e constituição de família. Somente em 1995, o termo homossexualismo foi definitivamente substituído pela expressão homossexualidade.
Como base no tema, o palestrante trabalhou o artigo 5º da Constituição Federal a fim de afirmar que “todos são iguais perante a lei”, fato que não justifica a segregação de uns em detrimento do reconhecimento de outrem. Segundo o dr. Carlos Danilo, o desrespeito ao homossexual e, especialmente, à união homoafetiva, está cunhado no artigo 226, § 3º que reconheceu a união estável apenas entre homem e mulher, e depois se estendeu para o artigo 1.723 do Código Civil que também reafirma o que está gravado na Constituição. Os dois artigos são flagrantemente textos em desacordo com o princípio da igualdade. “O silêncio constitucional e do legislador ordinário sobre o tema não pode legitimar a negação dos efeitos jurídicos destes vínculos (4º LICC)”.
Afirma o palestrante que a união estável foi reconhecida como concubinato a priori pela Constituição de 1916, lei 8.971/94, lei 9.278/96 e Súmula do STJ. Todas caminharam na perspectiva do reconhecimento da união estável entre homem e mulher. Já a união homoafetiva não tem previsão constitucional explicita ou lei que a regulamentasse. A comunidade LGBT vale-se, quase sempre, de decisões esparsas proferidas pelos magistrados brasileiros.

Principais Óbices para o Reconhecimento da União Homoafetiva

O mais rigoroso dos entraves para o reconhecimento das uniões homoafetivas são os inúmeros preconceitos impostos especialmente pelas igrejas fundamentalistas e mesmo pela sociedade.
No próprio direito, há certa confusão entre a moral religiosa e a própria conduta social. Embora muitos magistrados não apontem em suas decisões tal dicotomia, julgam improcedentes essas uniões alegando a falta de lei. (Se olhar nas entrelinhas da sentença, é quase que possível ler uma citação bíblica ou um ensinamento machista da família patriarcal. Comentário meu). Além do mais, há também os legisladores conservadores, fato que leva ao “atraso do nosso ordenamento em regular a questão fática da união entre pessoas do mesmo sexo”.
Por outro lado, os próprios tribunais são conservadores e, quase sempre, resolvem sentenciar pela não normalização da matéria. Usam quase sempre o artigo 226 da CF e nunca observam o princípio da dignidade humana como princípio maior que norteia o Estado Brasileiro que é democrático de direito por força da Constituição Federal de 1988.
Outra confusão que o palestrante procurou dirimir foi a diferença que há entre união homoafetiva e relação homossexual, esta está para as relações sexuais apenas, enquanto aquela está relacionada à constituição de família com base no texto do artigo 1.723 do CC.
Diversas conquistas de casais homoafetivos foram citadas pelo palestrante, a exemplo de pensão por morte do convivente (INSS), visitas íntimas a companheiro cumprindo pena (Execução Penal), inclusão do companheiro no plano de saúde, inclusão do companheiro como dependente na declaração do imposto de renda (Direito Tributário) etc.
O dr. Carlos Danilo indicou em sua palestra que muitas mudanças deverão ocorrer no direito de família. O direito de família será “reavaliado e ampliado, haverá a equiparação analógica da união homoafetiva com a união estável heteroafetiva, definição de direitos, tais como alimentos, sucessão, apoio previdenciário e adoção”.
Nas conclusões gerais, o dr. Carlos Danilo Moreira Pires afirmou: a legalização da união homoafetiva é uma realidade palpável, isso trará redução do preconceito. Disse ainda que a união homoafetiva será tomada por analogia, terá ela “amparo legislativo e não entendimento judicial”. Tomara! (Eu disse).
Nas considerações finais, o palestrante disse que “ausência de lei não significa ausência de direitos em uniões que ainda não são tuteladas pelo Estado, buscando na Justiça, tais uniões, o amparo para fazerem valer os seus direitos, como cidadãos dignos de proteção e respeito. O conceito de família deverá ser ampliado, a sociedade evolui e o Direito e a Justiça se completam. A Justiça significa felicidade”. Sem sobra de dúvidas, a realização da justiça é o mais seguro caminho para a felicidade. (Eu emendei).
Na conclusão final, o dr. Carlos Danilo afirmou que: “a marginalização das relações homoafetivas constitui afronta aos direitos humanos por ser forma de privação do direito à vida, violando os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade.
Em face do exposto, toda a palestra já teria valido por essa conclusão final que deveria se chamar de consideração inicial, visto que tudo parte das relações afetivas pautadas pela ética, pela moral e pelo bom senso. Há muito o que ser percorrido em direção a dias melhores para a comunidade LGBT, visto que, mesmo naqueles que estudam tal tema, ainda há resquícios de preconceito ao falar ou ao escrever.

2ª Palestra: Os Direitos Humanos e a sua Relação com o Tribunal do Júri

O doutor José Viana Alves deu início a sua palestra perguntando se alguém naquele recinto tinha uma Constituição Federal. Ao encontrar um exemplar da Carta Magna, solicitou que uma acadêmica lesse o disposto no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “a” e também o disposto no inciso LVIII.
No primeiro inciso está escrito que “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados; a) a plenitude de defesa. No segundo inciso lido: “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”.
O que mais se vê são desrespeitos à Constituição e aos Direitos Humanos dos presos por meio de palavras e de atitudes dos próprios agentes que deveriam garantir e dar efetividade a esses direitos. Segundo o palestrante não é raro ouvir nas delegacias frases como: “Fala tudo o que sabe vagabundo”. O cidadão é taxado de vagabundo antes mesmo de comprovar ter ele cometido ou se envolvido com qualquer ato delituoso. Outro atentado comum nas delegacias é ver presos algemados nas janelas, de chinelo de dedo e de shorts servindo-se de escárnio a todos os que passam.
Nos crimes dolosos contra a vida, a defesa deve ser plena, no entanto, o cidadão é condenado por antecipação pela sociedade, pela imprensa etc. e, por isso é tratado como um ser menor, não digno de qualquer respeito ou consideração. É nestes casos que os Direitos Humanos falham e que o texto constitucional se distancia do caso concreto.
Fazendo uma ligação entre a sua palestra e a do doutor Carlos Danilo Moreira Pires, o doutor José Viana disse que falar de Direitos Humanos para presos e tão difícil quanto falar de união homoafetiva.
A palestra do doutor José Viana foi quase toda proferida por tópicos comentados, dentre eles podemos citar alguns:
a) Nos crimes dolosos contra a vida a defesa é plena;
b) Se o preso confessa, o inquérito é dado por encerrado;
c) Segundo o CPP, o suspeito é o último a ser ouvido, no entanto, não é a prática na maioria das delegacias;
d) A lei proíbe que o juiz condene alguém com base apenas no inquérito;
e) É inadmissível que delegados e policiais sejam arrolados como testemunhas;
Para o palestrante, o desrespeito aos Direitos Humanos do preso não acontece só na prisão, como muitos acreditam, segundo ele é flagrante o desrespeito ao detido, principalmente, quando usam informações colhidas extraoficialmente ou de forma indevida como na ausência do advogado de defesa. Para ilustrar esta questão, ele usou o caso Bruno no episódio em que a delegada gravou uma conversa informal com ele sobre o ocorrido dentro do avião no translado do Rio de Janeiro para Belo Horizonte.
No tocante as provas, o palestrante disse que existe uma distância enorme entre o Estado e o réu. Para o Ministério Público tudo é mais fácil. O Estado constrói provas contra o réu a pedido da acusação num piscar de olhos. Já o réu não pode solicitar perícia, exames, laudos, ou contraprovas, porque o Estado alega que é de interesse privado e por isso não pode fazê-lo ou conceder. O réu não pode construir melhores possibilidades de defesa, principalmente se o seu poder aquisitivo for baixo.
O palestrante falou do temor que tem dos inquéritos feitos com superficialidade, das investigações sem o menor aprofundamento. Para ele o juiz só poderia mandar o cidadão a júri depois de ter certeza de tudo. Nos processos temerários seria importante que o juiz assumisse a maior responsabilidade.
Outro fato apontado por ele diz respeito a ampla defesa do réu, ou seja, é vedado às partes falarem alguma coisa a respeito da pronúncia do juiz que é, no início do júri, passada aos jurados para que leiam e tomem ciência do que vão julgar. Para o doutor José Viana, o jurado condena, geralmente, influenciado pela leitura que faz da pronúncia.
Além do mais, o corpo de sentença é influenciado também pelo processo instruído virtualmente pela mídia. Em muitos casos, os homens e mulheres sorteados para o tribunal do júri já chegam com os seus respectivos vereditos. Especialmente nos crimes de comoção popular, a exemplo dos Nardonis e do goleiro Bruno.
“A mídia não respeita a defesa, tudo o que o advogado de defesa fala é ridicularizado pela mídia”, afirmou o palestrante, pois a mídia de forma parcial atribui a culpabilidade ao indiciado e utiliza de seus meios para instruir um processo paralelo ao judicial, moldando assim a opinião pública sobre o caso.
Em suas considerações, Viana afirmou que o maior direito é a defesa e o maior bem é a vida, afirmou ainda também que a sociedade aceita com naturalidade os resultados do crime desde que o cidadão seja punido: “As pessoas vão para casa mais felizes como se estivessem com o dever cumprido, transformam a sentença numa vingança social”, pondera.
Fechando a sua fala, o doutor José Viana citou Candido Furtado Maia Neto, “o sentimento de justiça está na natureza e é humano, está no coração dos homens simples e puros de espírito, estes possuem noções até mais exatas de justiça do que os doutores e aqueles que se dizem detentores do saber acadêmico ou jurídico”.
Por último, o advogado palestrante mostrou-se apaixonado pelo tribunal de júri e acredita que este instituto do Direito Penal se faz essencial no julgamento de seus pares e na promoção da justiça. O Corpo de Sentença pode fazer justiça independente do conhecimento da lei.

3ª Palestra: Políticas Públicas para a Prestação Jurisdicional

O juiz federal, doutor Friedmann Wendpap, iniciou sua palestra dizendo que o senso de justiça é igual ao senso numérico, até os animais têm. Estudar direito é o mesmo que estudar matemática, embora aquele seja absolutamente abstrato. O Direito é móvel e varia conforme o tempo, o espaço e a cultura. “Todos os animais têm senso de justiça, mas o mero senso de justiça não faz deles juristas”, emendou o doutor.
“Justiça e amor são coisas diferentes. Na caridade não há justiça. O ato de caridade é injusto. A caridade é desequilibrada”, afirmou Wendpap.
Wendpap afirmou ainda que, ao estudar Direitos Humanos, deve-se fazê-lo de forma científica. Não se pode acreditar que se aprendem Direitos Humanos para fazer o bem, assim como cuidar de uma creche, por exemplo. Ao se aplicar uma pena, não se está fazendo o bem.
A estrutura judiciária brasileira é muito grande, para o palestrante, o aparelho judiciário brasileiro é muito caro. E quando é ineficiente, é mais caro ainda. A ineficiência do judiciário é um reclame constante da sociedade, mas vê-se que as mudanças são lentas e não ocorrem na mesma velocidade que as reclamações.
O juiz tem o dever de decidir com brevidade. E isso pode levá-lo a decidir mal. A decisão sem informação acumulada é ruim para a democracia. As decisões judiciárias calçadas de informações tendem a ser melhores e mais acertadas.
Segundo Wendpap, a justiça brasileira caminha no gerúndio, quando deveria caminhar no pretérito perfeito. É preciso que tudo em direito tenha tempo para se consolidar.
Quando falou da função dos três poderes, o palestrante afirmou que o Legislativo é só poder e que o Executivo e o Judiciário têm poder e oferecem serviços. Para ele são esses dois últimos os poderes de maior contato com a sociedade, são os que lidam diretamente com a necessidade da comunidade.
As políticas públicas têm mudado para melhorar a prestação dos serviços jurisdicionais. O isolamento do judiciário fazia com que bilhões em dinheiro se perdessem. Os computadores da justiça federal não se comunicavam. Não se era possível expedir uma única certidão em âmbito nacional. A inexistência de controle levou o judiciário a rever suas estruturas a fim de se conhecer integralmente.
Num dado momento, o palestrante perguntou à platéia se o STF (Supremo Tribunal Federal) é alcançado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ele mesmo respondeu dizendo que NÃO e justificou dizendo que o STF faz a revisão das decisões do CNJ. Entre iguais não há jurisdição.
A respeito da qualidade e da conduta dos magistrados, o palestrante afirmou que antes do CNJ não havia nenhum desembargador afastado disciplinarmente. “Eles são humanos e como tal comentem erros”, afirmou. Depois do CNJ, os magistrados passaram a ser punidos em virtude de delitos cometidos fora ou no exercício do poder.
Quando falou da aposentadoria de juízes como punição, o palestrante emendou e disse que a vitaliciedade é uma espécie de campo de força do magistrado em sua defesa contra seus inimigos estatais. É um escudo de proteção contra os mal-intencionados.
Para falar da forma como ocorre a relação governo e povo no Brasil, Friedmann disse que o modelo de judiciário no Brasil é um modelo republicano. O fundamento da República é a propriedade condominial, trata-se de uma propriedade que pertence a todos. Neste sentido é necessário que haja uma representação condominial. Ou seja, o presidente, o governador, o prefeito representam o povo, como síndicos de um condomínio.
Continuando com a mesma idéia, ele afirmou que no júri, os sete jurados representam o restante da população na condenação ou absolvição do réu. Neste caso, os condôminos tomam as decisões no próprio condomínio.
Alerta o palestrante que, mesmo sendo a República condominial, ela não pode intervir na esfera particular. Para ilustrar, contou o caso de um brasileiro que se casou com um escocês. A Polícia Federal como síndico disse que o companheiro escocês não poderia permanecer no condomínio (Brasil). Foi preciso a intervenção da justiça federal que decidiu pela permanência do escocês no país. O fundamento da decisão foi o fato de o brasileiro ser o dono da casa e, como tal, poder hospedar em sua casa quem bem lhe aprouver. No momento em que a justiça aceitou a permanência do escocês no Brasil, a justiça respeitou o direito individual do Brasileiro. E assim conclui o doutor Wendpap.

4º Palestras: Superação – Enfrentando Desafios

A palestra de Dadá Moreira possui um conteúdo exemplificativo. Nela, ele não se preocupa com teorias ou conceitos. A sua maior preocupação é com a superação de si mesmo e, com isso, procura também fazer com que as pessoas com deficiência também vejam que podem vencer suas deficiências superando-se rumo ao sucesso.
Dadá Moreira tem 44 anos e sempre levou uma vida bastante ativa, praticava esportes radicais, era fotógrafo profissional. Certo dia, notou que tinha dificuldade para andar em língua reta. Procurou diversos especialistas até que descobriu se tratar de uma doença degenerativa chamada taxia. A doença não tem cura e sua principal ação é atacar a coordenação motora fina e a visão.
Segundo Dadá, a priori, ele pensou que a doença o impediria de fazer tudo o que gostava (fotografia e esportes), mas, aos poucos, e, com a ajuda de pessoas especializadas, foi superando as dificuldades impostas pela doença e percebeu que, mesmo com as limitações, ainda assim poderia fazer tudo o que gostava de fazer antes da taxia.
Nos dados apresentados pelo palestrante, no Brasil há vinte e cinco milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e são pessoas que consomem e que pagam impostos, por isso têm direitos e merecem respeito.
Depois de tratamentos e de esforço físico condicionante, ao voltar a fazer esportes, estando ele condicionado fisicamente, percebeu que estava reabilitado psicologicamente.
Ao falar do cego que pulou de pára-quedas, Dadá mostrou que nada é impossível para quem quer caminhar rumo à superação e que, quando o cego contou a sensação que teve, trouxe informações que nem mesmo os instrutores tinham notado, apesar de terem todas as suas faculdades físicas em ordem – Dadá Moreira disse que cada um, apesar de suas limitações, tem habilidades que são especiais.
Dadá Moreira é bacharel em Direito, em Jornalismo e fotógrafo profissional, além de diretor de uma ONG criada por ele mesmo para ajudar a outras pessoas a se superarem diante das limitações físicas impostas por doenças e acidentes. “O que começou como um projeto individual passou a ser um bem comum”, emendou Moreira quando falou da ONG. Para Dadá, “as dificuldades não existem de fato, elas são obstáculos criados pela mente e podem ser superados quando se tem força de vontade e determinismo”.
Por fim, Dadá Moreira afirmou que o princípio de tudo é assumir que tem uma deficiência e isso fará com que a pessoa supere suas dificuldades, viva melhor com a deficiência, respeite antes de tudo a si mesmo e assim ganhará o respeito dos demais.
Referências:
SIMPÓSIO: DIREITOS HUMANOS, III, Ccoal, 2010.
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sábado, 11 de setembro de 2010

O VATICANO AUTORIZA A CELEBRAÇÃO DE “MISSA GAY” PARA A COMUNIDADE LGBT NA INGLATERRA ÀS VESPERAS DA VISITA DE BENTO XVI AO REINO UNIDO

Por Thonny Hawany

“Missa Gay” é realizada, em Londres, com a anuência do Vaticano. E olha que tudo isso está acontecendo às vésperas da chegada de Bento 16 ao Reino Unido.
Em Busca de professar a fé católica, muitos fiéis homossexuais têm procurado a igreja, cujas atitudes clericais, nãos os discriminam pelo que são. Bastante curioso, mas a igreja Our Lady of the Assumption and St. Gregory (Nossa Senhora da Assunção e São Gregório), em Soho, Londres, tem mudado a sua rotina para receber esses novos fiéis que para lá migram. Segundo informações, nesta igreja, os gays cantam hinos fervorosos e alegres e sentem-se acolhidos.
Para muitos pessimistas, isso é o final dos tempos, para os otimistas assim como eu, isso significa o nascimento de uma nova era de paz entre os homens. É um sinal claro de respeito ao outro da forma como o outro é. Mais claro ainda é o sinal que Deus dá ao se fazer presente entre os homens de Our Lady of the Assumption and St. Gregory, sem, no entanto, segregá-los pela orientação sexual.
Embora a missa tenha sigo intitulada de “missa gay”, é aberta a todas as pessoas de qualquer orientação sexual. A questão é tão séria e tão verdadeira que autoridades católicas locais procuram chegar a um acordo a respeito de regras básicas do evento a que se chamou de “missa gay”. Ao contrário do que muitos pensam: os gays não somos promíscuos, respeitamos os ambientes todos, especialmente, aqueles que estão ligados a nossa fé. Grande parte de nós gays tivemos, na infância, uma sólida educação religiosa e, por isso, sentimos falta dos encontros com Deus.
Para a autoridade máxima católica inglesa, o arcebispo Vincet Nichols, outras igrejas poderão tomar a mesma decisão, mas isso depende do entendimento do bispo que a administra e da necessidade dos fiéis.
Apesar de ser uma notícia animadora, há pessoas tradicionalistas contrárias à novidade. Seria estranho, se os fundamentalistas preconceituosos não se manifestassem contraditoriamente. Para o arcebispo Nichols, "esta é uma missa paroquial para a qual todos estão convidados, mas ela tem um apelo particular a pessoas de uma mesma orientação sexual - não para distingui-las do resto da congregação, mas para dizer que elas podem se sentir em casa aqui", afirma ainda o arcebispo: “eu acho que esta é a coisa certa, porque ela oferece lentamente, e isto é lento, uma chance para aqueles que se sentem sob uma grande pressão de identidade a talvez relaxar um pouco e dizer 'não, antes de tudo eu sou um católico e, como um católico, eu quero ir à missa'’
Em síntese, muito ainda se ouvirá a respeito de tal decisão. Essa é, como se vê, uma decisão isolada, mas que deve ser seguida por outras paróquias e mesmo por outras denominações religiosas, na Inglaterra, na Europa e em todos os cantos do mundo. Somos filhos de Deus, amamos como qualquer pessoa e queremos nos sentir amados por Deus. Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores notícias que posto no meu blog nos últimos anos. Tenho uma mãe católica fervorosa e praticante, sentirei mais a vontade e honrado em acompanhá-la em suas missas matinais de domingo.


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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

JUTIÇA ELEITORAL CONVOCA E EXECUTA AUDIÊNCIA PÚBLICA EM CACOAL EM FAVOR DE ELEIÇÕES LIMPAS EM 2010 COM O LEMA: NÃO VENDA O SEU VOTO.

Por Thonny Hawany

No dia 3 de setembro de 2010, em todo o Brasil, O TSE – Tribunal Superior Eleitoral e a AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros – promoveram a maior de todas as campanhas pelo voto limpo e consciente com o slogan: VOTE LIMPO: NÃO VENDA O SEU VOTO. Como sugestão do TSE e da AMB, todos os juízes eleitorais promoveram, em suas comarcas, NO Brasil inteiro, audiências públicas com o propósito de discutirem o tema com a comunidade e que, com as discussões, pudessem contribuir com eleições mais limpas e mais democráticas em 2010.
Na comarca de Cacoal, os juízes eleitorais, da 11ª zona eleitoral, doutor Johnny Gustavo Clemes e da 31ª, doutora Liliany Pegoraro Bilharva, com o apoio das chefas de cartório Cariny Baleeiro Padioto Cielo (11ª) e Mariângela Dalmazo de Rosso (31ª), dos professores da UNESC – Faculdades Integradas de Cacoal – Antônio Carlos da Silva Thonny e Rômulo Giácome de Oliveira Fernandes, dos direitos, supervisores, orientadores, professores e alunos das Escolas Estaduais de Ensino Fundamental e Médio Bernardo Guimarães, Clodoaldo Nunes de Almeida, Cora Coralina, Josino Brito, Paulo Freire, Celso Ferreira da Cunha (Distrito do Riozinho), Nilo Coelho (Município de Ministro Andreazza), Honorina Lucas de Brito e Fundação Bradesco, além de outros colaboradores, resolveram transformar a audiência pública num grande show de democracia em que os alunos das mencionadas escolas apresentaram diversas manifestações artistas exaurindo o tema ELEIÇÕES LIMPAS: NÃO VENDA O SEU VOTO.
Sem fugir da temática sugerida pelo TSE e AMB, os jovens estudantes do Município de Cacoal sob a animação dos DJs Maicon Zimmermman, Glaúcio e Banda San 57 e com a apresentação do professor Antônio Carlos da Silva Thonny que improvisou uma espécie de Altas Horas e Caldeirão do Hulk, levaram a todos os presentes no Ginásio de Esportes Capitão Rui Luiz Teixeira a um misto de ideais políticos e entretenimento por mais de 4 horas. Um frenesi total.
No elenco das personagens que compunham o enredo central da audiência pública, assomaram-se diversas autoridades políticas, judiciais e civis, tais como: dr. Thonny Pablo, presidente da OAB – subseção de Cacoal; dr. Everson Pini, promotor de justiça; vereador Luiz Carlos Pinto Katatal, presidente da Câmara Municipal de Cacoal; professora Rita Rosemarie Heltai Silveira Lima, coordenadora do Curso de Direito da UNESC; professora Carina Clemes, coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica da UNESC; senhor Jader Maia Marques, secretário municipal de administração; senhor Marcelio Viana da Silva, secretário municipal de planejamento; senhor Olinto Ferreira Júnior, secretário municipal de educação; senhora Isabela Lisboa Funari Borgh, secretária municipal de ação social, além de muitos outros cidadãos que se fizeram presentes para prestigiar o evento.
Nos dias compreendidos entre 30 de maio e dois de setembro, a equipe formada pelo dr Johnny Clemes, Professor Thonny e Rômulo Giácome visitaram todas as escolas e apresentaram o projeto in loco para professores e alunos que logo abraçaram a causa e, imediatamente, puseram-se a pensar nas mais variadas formas de contribuir com o evento.
Além do convite para a participação efetiva na audiência pública, as visitas tinham como objetivo discutir com a comunidade as melhores idéias para desenvolver o tema. A equipe sempre foi muito bem recepcionada pelas escolas, diretores, professores e alunos que ouviram atentamente o chamado para o exercício pleno da cidadania. Muitas foram as perguntas feitas e respondidas pelo. Os professores não ouviram passivamente, houve momentos em que o debate se fez acirrado e necessário. Diga-se de passagem, todos os debates e interferências transcorreram dentro da mais perfeita.
Em face de todo o exposto, pode-se dizer que a audiência pública-show de Cacoal foi coroada de êxito e que muitas lições foram colhidas em via de mão dupla: tanto os jovens alunos aprenderam boas lições de cidadania, quando a equipe coordenada pelo magistrado Johnny Clemes e os presentes no ginásio de esportes aprenderam lições inesquecíveis semanticamente trabalhadas nas paródias, nas mensagens lidas e declamadas, nas danças, nas interpretações musicais, nos gritos de ordem e nas falas de professores e autoridades que lá se fizeram presentes. Segundo o doutor Johnny Gustavo Clemes, juiz eleitoral da 11ª zona eleitoral, os resultados foram tão bons que nas próximas eleições deverá ser repetido em dose dupla e sempre com a parceria das escolas que se mostraram arrojadas e destemidas na luta por um Brasil melhor a começar por Cacoal. Em tempo, não se pode esquecer do apoio de empresários e da empresa cacoalense ao evento.

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sábado, 4 de setembro de 2010

“CAMPANHA CACOAL VOTA EM CACOAL” – FUNDADOR DO GRUPO ARCO-ÍRIS DE RONDÔNIA ABRAÇA A CAUSA.

Entrevista feita pelo jornal Tribunal Popular em conjunto com o site Rondônia In Foco e publicada no dia 03 de setembro de 2010. Ao responder à pesquisa aderi a "Campanha Cacoal Vota em Cacoal", porque  entendi que votar em Cacoal também é votar por Cacoal. Conforme explico mais adiante, necessariamente, votar em Cacoal não significa volta em candidatos radicados em Cacoal, mas também em outros(as) que tenham projetos efetivos de desenvolvimento para Cacoal e Região. O meu voto é em e por Cacoal, a minha candidata a deputada estadual é declaradamente Lúcia Tereza, ex-prefeita de Espigão do Oeste, mulher arrujada que muito tem a fazer, não só por Cacoal, mas por todo o Estado de Rondônia. Basta dar uma olhadela no seu Plano de Ação nos tópicos: saúde, euducação, desenvolvimento, industrialização, criação de cooperativas de pequenos e médios agricultores para venda de crédido carbono etc.

O entrevistado:

O fundador do Grupo Arco-íris de Rondônia (GAYRO), presidente de honra, professor universitário da UNESC há 12 anos, licenciado em Letras pela UNEB – Universidade do Estado da Bahia, mestre em Educação Brasileira pela UFMS, acadêmico concluinte do Curso de  Direito, Antônio Carlos da Silva Thonny, conhecido como Professor Thonny, é o entrevistado da semana da campanha Cacoal Vota em Cacoal. Confira a entrevista desta liderança no Jornal A Tribuna Popular e ao Site Rondoniainfoco.

(TP e RO) O que leva uma liderança da comunidade LGBT a declarar apoio à campanha Cacoal Vota em Cacoal, explique os motivos!

Thonny Hawany - Diversos são os motivos que me levam, como presidente de honra do Grupo Arco-Íris de Rondônia, a declarar o meu voto por Cacoal. Sei que Cacoal e região têm muita gente boa e comprometida com essa terra e que pode nos representar nas diversas instâncias políticas. É preciso votarmos em quem tem projetos para Cacoal, seja o candidato, legitimamente, de Cacoal, seja da Região. O slogan "Cacoal vota em Cacoal" abre-nos espaço para votar em candidatos que tenham Cacoal incluído em seus planos de ação. Cacoal precisa de industrialização, Cacoal precisa de infraestrutura, Cacoal precisa de investimentos na agricultura, Cacoal, acima de tudo, precisa votar em alguém que tem políticas bem definidas no campo dos Direitos Humanos, sem qualquer segregação. Nós, LGBTs, estamos de olho nas propostas dos candidatos e, certamente, votaremos naqueles que melhor apresentarem propostas que digam respeito às minorias.

(TP e RO) Em sua opinião, qual o perfil que o candidato (a) deve ter para ganhar o apoio deste segmento nas eleições 2010?

Thonny Hawany - O candidato tem que ter perfil arrojado. É preciso que tenha trabalho prestado na e pela região como senador(a), deputado(a) estadual, deputado(a) federal, prefeito(a), vereador(a). No entanto, o perfil que procuramos no candidato é o fato dele não representar a um só segmento. Ele deve ser universal. Tem que ser um candidato do povo, olhar para todos com isonomia. Tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade na medida de suas desigualdades a fim de igualar a todos. Segundo Rui Barbosa, “tratar a iguais com desigualdade ou a desiguais com igualdade não é igualdade real, mas flagrante desigualdade”.

(TP e RO) Fale sobre o papel do Grupo Arco-íris para a sociedade de Cacoal! Qual o papel deste movimento no contexto social? O que pode e deve ser feito para melhorar os anseios desta classe?

Thonny Hawany - O Grupo Arco-Íris de Rondônia, fundado a 18 de novembro de 2006, na Cidade de Cacoal, Estado de Rondônia, é uma instituição particular, de caráter público, com personalidade jurídica distinta dos seus associados. Tem por finalidade, promover e divulgar amplamente os interesses políticos, sociais e culturais da comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT) do Estado de Rondônia sem discriminação de qualquer natureza; promover a educação, a saúde, a segurança, os direitos humanos, a assistência social e o voluntariado, bem como participar de fóruns e instâncias de controle social e que tenham como objetivo os mesmos previstos no seu Estatuto dentre outros temas relevantes para nossa comunidade. Se o candidato ou candidata atende às finalidades de nosso Estatuto, então ele é um bom candidato a receber os votoso LGBTs que não são poucos.

(TP e RO) Em sua opinião, qual a importância para Cacoal ter representantes nas esferas governamentais do poder legislativo federal e estadual? Deixe sua opinião!

Thonny Hawany - É público e notório que o município que tem representantes em todas as esferas dos poderes políticos se desenvolve melhor. O fato te termos representantes municipais, estaduais e federais coloca-nos num cenário privilegiado. Daí a importância de votar em gente que faça por Cacoal. Penso que o simples fato de votar em pessoas de Cacoal não garante que esta pessoa faça algo por Cacoal, e exemplo nós temos. Que pena que não podemos falar o nome. Por isso defendo a idéia de votar em quem seja capaz de fazer por Cacoal, quer seja o(a) candidato(a) de Cacoal, quer seja ele/ela da Região.

Entrevista publicada originalmente:
Tribuna Popular - jornal impresso, cacoal, 03 de set. 2010, ano XXX, edição semanal, Nº 1557, Diretor Adair Antônio Perin. http://www.tribunapopular.com.br/

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

CURSO DE PSICOLOGIA DA UNESC DISCUTE AS RELAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E DIVERDIDADE SEXUAL COM ÊNFASE PARA A TEORIA QUEER E A HOMOSSEXUALIDADE NA PERSPECTIVA DO DIREITO.

Por Thonny Hawany

Nos dias compreendidos entre 24 e 27 de agosto de 2010, o Curso de Psicologia da UNESC realizou a sua III Semana com o tema “Diálogos Interdisciplinares”.
Entre as discussões polêmicas e inflamadas, a coordenação do evento ousou incluir o tema “Psicologia e Diversidade Sexual”, em mesa de apresentação e debate, sob a ótica do professor me. Cleber Assis que discorreu sobre a Teoria Queer com o fito de mostrar que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de uma construção puramente social, não havendo, deste modo, papéis sexuais definidos, prontos e acabados. O professor me. Antônio Carlos da Silva Thonny explanou sobre a homossexualidade, seus aspectos históricos, suas principais lutas de afirmação e de visibilidade, seus gêneros e espécies, além de apresentar um panorama bastante amplo dos direitos e garantias que têm sido criados em favor da comunidade LGBT no Brasil e no mundo. Foram apresentados de forma sucinta o teor dos principais tratados internacionais de Direitos Humanos, a Lei 11.040 (Maria da Penha), além de diversos julgados que garantiram direitos aos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), a exemplo de: direitos trabalhistas, benefícios previdenciários, partilha de bens, direito sucessório, direito real de habitação, adoção, direito a visitas íntimas (no âmbito da execução penal), obrigação alimentícia, inclusão do(a) convivente como dependente no plano de saúde e na declaração do Imposto de Renda, entre outros.
Em face do exposto, percebi que as discussões foram muito proveitosas, os acadêmicos, futuros psicólogos, mostram-se bastante receptivos ao tema, fizeram perguntas pertinentes e, se não fosse a exiguidade do tempo, as discussões teriam entrado noite a dentro. Sendo assim, está de parabéns o Curso de Psicologia da UNESC pelo pioneirismo em discutir assunto dessa natureza. Como militante LGBT, senti-me honrado duplamente: primeiro, por ter feito parte das discussões e segundo por ter sido contemplado por elas. As academias não podem se furtar de discutir tais temas sob pena de não acompanharem o engenho que move o Homem e suas relações sociais. Especialmente quero parabenizar, pela qualidade do evento, o senhor coordenador do Curso professor me. Rogério Dias, nome pelo qual estendo cumprimentos, gratidão e agradecimentos aos demais membros do Colegiado (professores e alunos).

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DIREITO HOMOAFETIVO: TONI REIS E DAVID HARRAD PODERÃO ADOTAR FILHOS DE QUALQUER SEXO E DE QUALQUER IDADE

Por Thonny Hawany

          Em meados de 2005, o conhecido casal gay, Toni Reis, presidente da ABGLT, e seu convivente David Harrad entraram na Vara da Infância e da Juventude de Curitiba a fim de se qualificarem para adoção como família homoafetiva. O casal participou dos cursos que o habilitava e até recebeu a visita da psicóloga. Tudo parecia bem. Passados dois anos e meio, o juiz sentenciou favorável à adoção.
          Para espanto do casal, a decisão do juiz foi absolutamente discriminatória e feria, com veemência, aos maiores princípios constitucionais: Dignidade da Pessoa Humana, Liberdade e Igualdade. Dizia o juiz: “julgo procedente o pedido de inscrição de adoção formulado [...] com fundamento no artigo 50, parágrafos 1º e 2º do diploma legal supracitado, que estarão habilitados a adotar crianças ou adolescentes do sexo feminino na faixa etária a partir dos 10 anos de idade”. Mesmo felizes, o casal recorreu da decisão.
          Na sequência, o TJ/PR decidiu que a limitação em relação ao sexo e à idade dos adotandos, por pura razão da orientação sexual dos adotantes, era absolutamente inadmissível. Afastou a ausência de previsão legal, reconheceu, e deu provimento ao apelo. Cabe salientar que a decisão foi por unanimidade, no dia 11 de março de 2009.
          O Ministério Público do Paraná– MP/PR – propôs embargos de declaração; no entanto o Tribunal de Justiça, mais uma vez, por unanimidade rejeitou os embargos de declaração em 29 de julho de 2009. Havendo perdido, o MP interpôs recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, com a alegação de ter sido violado o artigo 226 da Constituição Federal. Alegou a demais, a impossibilidade de configuração de união estável entre pessoas do mesmo sexo.
          Eu já disse aqui num outro texto e volto a repetir que não entendo o posicionamento do MP por vezes, parece que ele se furta de sua real função. Afinal de que lado está o MP? Quantas crianças esperam, por anos, para receberem um lar por conta de uma decisão inconsequente e retrograda como essa do MP/PR. Até porque, na metade da ação, o MP deixou de lado a tese principal que era a do sexo e da idade dos adotandos e passou a atacar a não previsão de união estável entre dois homens na Constituição Federal.
O STF, na argumentação do Ministro Marco Aurélio negou o recurso do MP/PR como já se era de esperar. Para o Ministro, a questão debatida era mesmo a da idade e do sexo das crianças e não a da (in)possibilidade de reconhecer ou não a união estável entre Toni e David. Conforme o Ministro Marco Aurélio o recurso do MP era descabido e estava em total descompasso com a decisão do TJ/PR.
          Em face de todo o exposto, com a decisão do STF, voltou então a valer a decisão do TJ/PR. Não há idade, nem sexo para os adotandos. A manutenção de uma decisão descabida como essa seria, no mínimo, discriminação em virtude da orientação sexual de Toni e David. A decisão que delimitou o sexo e a idade dos adotandos estava eivada de ranços e de tradicionalismos. Parabéns Toni e David pela persistência e parabéns também ao TJ/PR e ao STF que confirmou a decisão já prolatada pelos nobres juízes do Paraná.

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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DIREITO HOMOAFETIVO: VANESSA E CLÁUDIA VÃO PODER ADOTAR

Por Thonny Hawany

O 4º Grupo Cível do TJ/RS, por quatro votos a três, decidiu confirmar a habilitação das requerentes, duas técnicas de enfermagem, em cadastro de adoção. As adotantes vivem juntas na cidade de Santa Cruz do Sul e um estudo apontou condições muito favoráveis de ambas à adoção.

O procedimento é que seja antes reconhecida a união estável entre as adotantes para somente depois conceder autorização para adotar. A decisão do TJ/RS leva-nos a crer que está mais do que consolidado o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. O que falta é o legislador tirar o pé do chão e ver que está perdendo espaço nas decisões mais importantes da história do Brasil.

Como em outros julgados, os desembargadores, fundamentaram suas decisões nos princípios constitucionais, Segundo Faccenda, não há como não reconhecer tal união quando se tem uma Constituição que prevê como princípio a promoção do bem de todos sem discriminação (Art. 3º da CF) e o da igualdade (Art. 5º caput). Para o desembargador, a Lex Fundamentallis deve ser tomada em primeiro plano visto que se sobrepõe a quaisquer outras leis.

“Aos casais homoafetivos também deve ser alcançado tratamento digno e igualitário sempre que suas uniões revelem projeto de vida em comum, amor mútuo, respeito, habitualidade e ostensiva convivência” – Palavras do desembargador Jorge Luís Dall’Agnol. Para Rui Portanova, só há dois caminhos nesses casos, “ou se reconhece o direito às relações homossexuais, ou se segrega”. COMENTO: Parece-me que a primeira hipótese é a única aceitável para um Estado Democrático de Direito que tem como seu princípio basilar o respeito à dignidade humana, dos pais, das mães homoafetivas e da criança adotanda. A segunda hipótese não deveria, sequer, ser cogitada em qualquer parte do mundo. Para o desembargador André Luiz Planella Villarinho, o importante é “preservar os interesses do menor a ser adotado”, e por isso, seu voto acompanhou a maioria

Em face do exposto, quero terminar esta reflexão comentando o VOTO VENCIDO do relator. Veja que ainda temos juristas que não conseguem ler além da letra fria da lei por força da não-vontade ou por pura discriminação. Segundo o ilustre desembargador Sérgio Fernando de Vasconcelos Chaves há “impossibilidade da adoção conjunta, pois a relação das autoras da ação não pode ser considerada união estável, pois, esta tem que ser entre um homem e uma mulher, tal como disposto no art. 226, § 2º, da Constituição Federal e art. 1.723 do Código Civil”.

A lei não é uma lápide fria de cemitério, muito menos matéria morta, ou água estagnada de igapós. Para que existem os princípios constitucionais? De que servem a analogia, senhor desembargador? Qualquer estudante de direito, até mesmo o meno sagaz, pode ver que a união estável e todos os outros direitos são prerrogativas inafastáveis da pessoa homossexual.

Essa decisão é mais uma vitória do Direito Homoafetivo que a cada dia se consolida como Direito. Muito já caminhamos, mas ainda muito se falta a caminhar. É preciso luta, visibilidade, querer e vontade de todos. Parabéns às mães adotantes. Este é um direito nosso como pais homoafetivos.

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

DIREITO HOMOAFETIVO: TRANSEXUAL GANHA AUTORIZAÇÃO PARA ALTERAR SEXO NOS DOCUMENTOS

Por Thonny Hawany

Os desembargadores da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba negaram provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público e ratificaram a decisão do juiz de primeira instância que autorizava a alteração do sexo nos documentos de um transexual.

O entendimento da justiça caminhou para o respeito à dignidade humana, um dos mais importantes princípios constitucionais. Como se pode ler em outras decisões, a mudança de sexo é uma questão de saúde mental da pessoa que se sente presa num corpo que não lhe pertence psicológica, física e espiritualmente.

Impedir que alguém seja, exatamente, da maneira como se sente bem e feliz, é violar severamente os direitos humanos recepcionados no § 2º, do art 5º da Constituição Federal, deste modo, entenderam os juízes paraibanos.

Para Romero Carneiro Feitosa, ilustre juiz de primeira instância, que decidiu em favor da alteração dos documentos, não havia como negar o óbvio, visto que o requerente, em viagem a Tailândia, submeteu-se a uma operação de mudança de sexo, faltando apenas as alterações registrais para que o processo de transmutação de gênero se completasse. Ainda para o juiz, o requerente se sentia mulher física e espiritualmente, fato que reforçou sua decisão.

Na ação, o transexual pleiteou, além da mudança do sexo nos registros, também a alteração do nome civil. Ambos os pedidos, fundamentados na lei 6.015/1973 (dos registros públicos) e na vasta jurisprudência, foram justificadamente atendidos, fato que levou o MP a recorrer parcialmente da decisão para manutenção do sexo nos registros do apelado.

Por último, não posso deixar de mencionar algo que me intrigou nesta e em outras decisões judiciais relacionadas à homoafetividade. O MP tem como principais funções, entre outras, a fiscalização da lei (custus legis) e a representação da sociedade perante os tribunais. Recorrer de uma decisão clara, como essa da Paraíba, não se justifica, visto que a jurisprudência e, melhor, a Constituição Federal caminham para este entendimento que já não é mais novidade no Brasil nem para os leigos; por isso, não acredito que o motivo para recorrer tenha sido o de fiscalizar a aplicação da lei. Por outro lado, acreditar que alguém teria sua dignidade garantida, depois de uma permissão para se chamar “Maria do sexo masculino”, é no mínimo curioso e desproporcional. Parabéns ao transexual que conseguiu tal feito e também aos sábios juízes que fizeram valer os direitos humanos tão apregoados nas últimas décadas.

EM TEMPO: Se alguém puder me explicar por que o MP tem agido desta forma, por favor, não se intimide, use o espaço apropriado para comentários e vamos dialogar sobre o assunto.


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