segunda-feira, 22 de outubro de 2012

SEGUNDO CASAMENTO HOMOAFETIVO SERÁ CELEBRADO EM RONDÔNIA

Por Thonny Hawany

Porto Velho terá o segundo casamento homoafetivo do Estado de Rondônia. O Tribunal de Justiça do Estado corrige decisão de juiz de primeira instância que negou homologação ao segundo casamento homoafetivo do Estado.

O casamento é de duas mulheres que já vivem em união homoafetiva há, aproximadamente, quatro anos. Segundo o corregedor geral de justiça do TJ de Rondônia, o lúcido desembargador Miguel Mônico, em decisão que fora publicada hoje dia 22 de outubro de 2012, não há o seu se negar direito a quem os tem. Principalmente depois da decisão do STF em maio de 2011.

A decisão de primeira instância foi do senhor juiz Amauri Lemos, titular da 2ª Vara de Execuções Fiscais e Registros Públicos da Comarca de Porto Velho. No seu entendimento, apesar do inquestionável parecer o Ministério Público o juiz não encontrou na lei respaldo para a sua homologação. Será que o respeitável magistrado leu a Constituição Federal? Desculpe, não resiti, tive que ironizar.

Veja só o que prolatou o MM juiz: "a despeito do entendimento da ilustre representante do Parquet (MP) e das demais opiniões favoráveis, e entendendo também que as pessoas devam ter e usufruir os mesmos direitos, sem qualquer forma de discriminação, por mais que seja louvável o pedido inicial, não encontro guarida na legislação nacional". Esse discurso é no mínimo o maior de todos os paradoxos.

Segundo publicou o site Tudo Rondônia, o senhor juiz ainda anotou em sua decisão: "a Constituição Federal, quando discutida, elaborada e formulada pelos constituintes originários, não previu o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Se assim for a vontade do constituinte derivado que o faça, mas a meu ver, não cabe ao Judiciário imiscuir-se nos assuntos do legislativo, quando este, inclusive, já discute projetos de lei contra e a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Bem assim o novel Código Civil estabelece que o casamento civil será realizado entre homem e mulher, ou seja, pessoas de sexos opostos". Sem comentários.

Veja ainda o que disse o magistrado ao negar o pedido de casamento: "até que se modifique o atual entendimento, o STF em recente decisão reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, como entidade familiar, e não ao status de casamento civil. Em temas conflitantes e acalorados como este, em que a legislação constitucional e infraconstitucional não prevê o casamento requerido, e tratando-se de uma constatação que vem tomando corpo e realidade, nada melhor do que deixar ao poder legiferante e legítimo para, em seu palco próprio de atuação, declarar pelos meios". E enquanto os tais “legiferantes”, doutor, discutem que religião deve ocupar os poderes do Brasil e se ser gay é pecado ou não, a justiça não pode deixar de fazer justiça às pessoas que se amam e que querem viver dignamente à luz da legalidade.

Graças a Deus, a decisão do desembargador foi totalmente contrária. Segundo ele "... não se pode medir a dignidade de um ser humano pelo seu sexo, sua cor, pela sua condição social etc., tampouco pode ser aferida essa dignidade pela sua equivocadamente chamada de 'opção sexual'. O ser humano é HUMANO". Isso sim é fazer justiça. O magistrado não pode ter medo de enfrentar as questões sociais.

O senhor desembargador, tomando como base a decisão do STF sobre tal matéria, fundamentou: "... deve-se [...] excluir todo o significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo, entendida esta como sinônimo perfeito de família. Segue-se ainda das conclusões dos julgados referidos que, se é verdade que o casamento é a forma pela qual o Estado melhor protege a família, não há de ser negada essa via a nenhuma família que por ela optar, independentemente de orientação sexual dos partícipes, pois todos os seres humanos gozam da mesma dignidade [...]. Por derradeiro, os arts. 1514, 1521, 1523, 1535 e 1565 do CC não vedam o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não há vedação implícita e a omissão legislativa não poderia perpetuar, ainda que em nome de uma pretensa democracia, a perda de direitos civis de eventual minoria, sobretudo diante dos princípios do pacto fundante".

Em face do exposto, notadamente, presenciamos com essa decisão do nobre desembargador mais um passo da comunidade LGBT de Rondônia rumo a um futuro de igualdade e de respeito à dignidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Congratulo a justiça de Rondônia por mais essa importante decisão. Avante homens e mulheres de bem que amam e que querem constituir famílias homoafetivas às sobras da legalidade. Coragem!

FONTE: http://www.tudorondonia.com.br/noticias/uniao-homoafetiva-tjrondonia-aceita-pedido-para-que-duas-mulheres-possam-se-casar-,32463.shtml

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

GOTAS DE AMOR

Por Thonny Hawany





Ah
se eu
pudesse
não perderia
por nada desse
mundo esse coquetel
mágico de palavras alcoólicas
cantaria quantas vezes pudesse
para embalar a alma mais bela
tocaria as cordas do tempo
como violino deitado
no ombro da noite
choraria

Ó
anjo
translúcido
que baila na doce
íris de meus negros olhos
que mareja que chora que ri
que sussurra feito flauta doce
que beija meus cálidos lábios
que me salva em perdição
tranquiliza e seduz
minh’alma
súplice

Ó
anjo
da noite
que me envolve
em sonhos plácidos
sobeja-me de teu amor
farta-me de teu desejo
que das estrelas caia
sobre mim tua luz
mais serena
teu amor
mais
fiel

JI-PARANÁ REALIZA SUA SEGUNDA PARADA LGBT

Thonny Hawany

Com o tema “Homofobia tem cura”, mais de 300 LGBT e simpatizantes da causa marcharam pelas principais ruas e avenidas de Ji-Paraná, neste domingo, dia 14 de outubro de 2012, arrastando um arco-íris de alegria e de protesto.

Segundo Fabrício Xavier, um dos organizadores da Parada, o apoio do poder público foi quase insignificante, além de uns poucos preservativos e de algumas estadas e passagens, os governos municipal e estadual silenciaram-se diante do manifesto. Como diria um conhecido jornalista brasileiro: “Isso é uma vergonha!”.

A concentração da Parada teve início por volta das 16 horas, no pátio de um posto de gasolina, próximo à BR 364. Às 18 horas, a Parada saiu em direção à Avenida Brasil, subiu até a T 13 e desceu a Curitiba, em direção ao espaço cultural denominado Beira Rio, às margens do Rio Machado, onde houve mais manifestos.

Agitando flâmulas coloridas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, aliados e aliadas, todos muito felizes, dançavam embalados pela música de um pequeno carro de som. À medida que o cortejo avançava pelas ruas, pequenos grupos de pessoas, bem colocados nas calçadas, acompanhavam com admiração e respeito o manifesto. Por vezes, chegaram a aplaudir a manifestação.

Segundo afirmou Fabrício Xavier ao site G1: “Não adianta dizer que o preconceito não existe. A homofobia está em todos os lugares. Por isso hoje nós estamos aqui fazendo um apelo para a sociedade, que respeite a orientação sexual de cada cidadão”.

As novidades deste ano ficaram por conta do aumento de pessoas heterossexuais na Parada LGBT e pelo marcante respeito às religiões. Todas as vezes que o grupo se aproximava de uma igreja ou templo religioso em funcionamento, o carro de som era silenciado em respeito ao direito constitucional de liberdade de crença.

Para Guta de Matos, conhecida militante LGBT de Rondônia, o importante não é o número de pessoas que uma parada arrasta, mas a sua proposta política. “Independente da quantidade, o que vale mesmo é a qualidade”, emendou Guta de Matos.

Segundo Adriano de Souza: “As paradas do orgulho LGBT estão se disseminando por todo o interior do Brasil e isso é um claro sinal de amadurecimento político da população LGBT”.

“Não podemos nos silenciar diante daqueles que não reconhecem os nossos direitos. É preciso marchar em direção à igualdade, à liberdade e ao respeito a nossa dignidade LGBT, afirmou Denise Limeira em seu discurso inicial.

A Parada contou com o apoio da Polícia Militar e de agentes do EMTU que controlaram o trânsito e garantiram a segurança de todos os que participaram.

sábado, 22 de setembro de 2012

DIETA DOS CARBOIDRATOS

Por Thonny Hawany

Eu sempre me dei bem com a “Dieta dos Carboidratos”. Todas as vezes que quero emagrecer pouco ou muito, eu a uso com sucesso, mas é preciso de orientação médica, nutricional e muita responsabilidade. Dieta sem responsabilidade MATA.

A dieta dos carboidratos foi criada pelo médico norte-americano, Robert Atinsk. Trata-se de uma forma bastante fácil e cômoda para emagrecer considerando o sacrifício que é imposto por outras formas de fazer dieta.

Usando a dieta dos carboidratos, emagrece e ainda se pode manter o peso desejado. Na dieta, a alimentação permitida são os alimentos que contem proteínas e alguns legumes e verduras, mas nada de alimentos com carboidratos. Abaixo, apresentarei uma lista dos possíveis alimentos sem carboidratos.

Há 15 dias, eu estava pesando 75 quilos e, hoje, depois de todo esse período sem ingestão de carboidratos, estou pesando 70 quilos e 800 gramas. Emagreci, portanto, 4 quilos e duzentos gramas. Para mim está ótimo.

O organismo humano tem uma glândula denominada “CETÔNICO” que tem função diurética, laxante e relaxante segundo diversas literaturas na internet. Essa glândula é peça fundamental para o êxito da dieta. Ela transforma as gorduras excedentes no organismo nos açucares que ele precisa para funcionar bem. Sem carboidratos, sem açucares. Sem açucares, emagrece-se na certa.

A partir do dia em que se inicia a dieta dos carboidratos, pode-se comer à vontade, menos os alimentos que contem carboidratos. Depois de 48 horas se alimentando sem carboidratos, a glândula cetônico dá inicio a um processo de armazenamento de todas as gorduras ingeridas e começa a funcionar. Conforme já dissemos anteriormente, ela transforma as gorduras excedentes em açucares que são importantes para o funcionamento de nossas funções físicas.

O nível do cetônico pode ser acompanhado por um teste adquirido facilmente nas farmácias. O teste vem com um bastão que, colocado na urina, mudará de cor para escuro. Quando mais densa é a cor, maior é a garantia que se está emagrecendo. Conforme está escrito em muitos sites que tratam do assunto, podemos emagrecer até 5 quilos por semana. Isso dependerá de cada organismo. No meu caso, levo 15 dias para emagrecer perto do que estabelece a meta.

Recomenda-se, depois de 15 dias, sair da dieta por dois dias, momento em que se pode ingerir carboidratos. Como experiência própria, recomendo escolher alimentos que contenham o mínimo de carboidratos. Quando não for possível escolher um alimento que contenha pouco carboidrato, coma o mínimo possível apenas para matar a vontade de ingerir uma boa colher de arroz, uma deliciosa colher de feijão, uma especial metade de um pãozinho, uma fatia de pizza. Passados os dois, dias, volte a mais 15 dias sem carboidratos, emagreça o quando ainda seja necessário, se for o caso, e, depois disso faça uma dieta de poucos carboidratos para se manter bem.

São alimentos sem carboidrato:

Abobrinha verde, acelga, agrião, água com gás, água natural, água tônica diet, alface, aspargos, atum, azeite. Azeitona, bacalhau, bacon, berinjela, rúcula, brócolis, café, camarão, caranguejo, carne de aves, carne suína, carne bovina, peixes, caviar, cebola como tempero, cenoura (até uma por dia), chá de ervas, chicória, chuchu, cogumelo, couve, couve-flor, escarola, espinafre, gelatinas diet e light, geleia diet de morango, gin (única bebida alcoólica sem carboidratos), jiló, lagosta, limão, linguiça, manteiga, margarina, mexilhões, nabo, nata, omelete, ostra, ovos, palmito, pepino, pimentão, presunto, presunto cozido, queijos industrializados, quiabo, rabanete, refrigerantes diet e light, repolho, sal, saladas verdes, salaminho, salpicão, salsa, coentro, suco artificiais (leia na embalagem se os carboidratos são toleráveis ou zero), sukiaki sem macarrão, tomates (até 3 por dia), trident, vagem. Fazendo uma pesquisa mais profunda, você poderá encontrar outros alimentos sem carboidratos.

O segredo desta dieta é a criatividade, você poderá se alimentar e não sentir falta dos carboidratos no prazo estabelecido pelo médico ou pela nutricionista. Emagreça de forma saudável e faça as pazes com o seu espelho e com o seu guarda-roupa.

ATENÇÃO! Thonny Hawany e licenciado em Letras e bacharel em Direito. Não sou, portanto, médico nem nutricionista. Vá antes a um médico ou a um nutricionista para saber se você pode fazer essa dieta. Dieta mal feita pode MATAR.

A minha intenção em publicar esse texto é para socializar o que está dando certo comigo. A dieta dos carboidratos possuem efeitos colaterais que, se bem orientado(a), você não os sentirá.

Faça a dieta dentro dos limites e orientações e volte aqui para nos contar como ela funcionou com você.

FILHOS SÃO REALMENTE ESTRELAS

Por Thonny Hawany

FILHOS SÃO REALMENTE ESTRELAS


Jefferson sempre me surpreendendo. Hoje, Rafael e eu completamos 2 anos de união estável. Acreditamos que essa é a verdadeira data de nosso casamento, apesar da celebração no civil ter acontecido apenas no dia...3 de março de 2012. Hoje trocamos flores, foi maravilhoso; mas, o maior de todos os encantos, foi o presente que o Jefferson, nosso filho de 11 anos, nos deu.

A mim ele escreveu uma cartinha com os seguintes dizeres:

“De Jefferson
Para Thonny Hawany

Pai, parabéns por esses 2 anos de casamento com o Rafa. Eu quero dizer que vocês dois são muito importantes na minha vida. Vocês me ensinam ser um bom menino, me dão amor, carinho, educação.
Quero agradecer muitíssimo a você. Você é o melhor pai do mundo. Você é meu super herói.
Amo você !!!” (sic)

Ao Rafa ele escreveu também uma cartinha com os seguintes dizeres:

“De Jefferson
Para Rafael

Parabéns por estes 2 anosa morando conosco e me aturando.
Quero agradecer por tudo que você me fez ao longo desses 2 anos. Você me deu felicidades, alegria, amor e segurança, me deu limites de tudo, me ensinou a limpar a casa, a tabuada e ser feliz ao seu lado. Eu lhe desejo parabéns, sorte, paz, amor e saúde para me aturar mais uns 10 anos
Te amo parabéns!!!” (sic)

Respeitei a ortografia, a sintaxe e a construção simples para mostrar o afeto, a responsabilidade, o respeito e admiração pela forma como o tratamos.

Este meu filho, é mesmo meu grande orgulho. Isso não é intimidade em aberto, é alegria que deve ser partilhada com os amigos. E quem sabe, um bom exemplo para os pais e mães, pais e pais, mães e mães que ainda não se encontraram na criação de um filho e na harmonia do casamento.

NÓS TAMBÉM TE AMAMOS JEFFERSON. VOCÊ É O SOL QUE NOS ILUMINA, A LUA QUE CLAREIA NOSSOS MOMENTOS MAIS NUBLADOS. NOSSA RAZÃO DE VIVER.

PAI THONNY E PAI RAFA

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

JI-PARANÁ REALIZA A SEGUNDA PARADA GAY

Por Thonny Hawany

ATENÇÃO!!! A Parada do Orgulho LGBT de Ji-Paraná foi adiada para o dia 14 de outubro de 2012, por motivo de força maior. Segundo informou Samantha Star, todas as informações serão dadas por este blog e por outros meios de comunicação da região e do Estado de Rondônia. Dúvidas? Ligue: 92229539.

A segunda Parada do Orgulho Gay de Ji-Paraná acontecerá no dia 14 de outubro de 2012, com saída a partir das 16 horas, do Posto Vitória, na Vila Jotão. O tema da parada deste ano será “Meu Voto, Meu Direito, Minha Cidadania”. Arrasou!

Segundo informou Samantha Star, atual presidenta do Grupo LGBT de Ji-Paraná, o tema da parada visa conscientizar os eleitores LGBT de JIPA e região a votarem consciente em candidatos que tenham propostas concretas para a comunicada gay. “Não podemos desperdiçar a oportunidade de melhorar a nossa condição homossexual e o nosso direito à igualdade votando em candidatos homofóbicos”, afirmou Samantha Star ao Blog Thonny Hawany.

“Tem gente que não está nem aí com a causa. É preciso que todos participem do evento para mostrarmos a sociedade que também fazemos parte dela e que também temos direitos”, afirmou Samantha Star.

A Parada do Orgulho Gay de Ji-Paraná de 2012 terá a coordenação de Samantha Star e a colaboração de Karem de Porto Velho e de Denise Limeira também de Porto Velho.

A coordenadora da parada afirmou que na véspera, dia 22 de setembro, haverá a tradicional festa pré-parada com muitas atrações. A festa pré-parada acontecerá no Clube Posto Vitória, próximo da Taí Max, saída para Porto Velho.

Se precisarem de mais informação, ligue diretamente para a coordenadora da 2ª Parada do Orgulho Gay de Ji-Paraná, Samantha Star, (69) 92229539. Thonny Hawany Rafa Hawany e Jefferson Hawany já têm lugar garantido na comissão de frente da parada. Obá! Avante porque o labor é árduo, mas a colheita será farta.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

ATIVIDADES ACADÊMICAS E A INDISSOCIABILIDADE DO ENSINO, DA PESQUISA E DA EXTENSÃO



Por Thonny Hawany

O principal objetivo da universidade é buscar a perfeição pela indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão, conforme está disposto no artigo 207 da Constituição Federal, quando diz que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.

Em obediência a esse princípio, as Instituições de Ensino Superior precisam se adequar aos sistemas legais para se tornarem mais eficientes e mais nobres no desempenho de seus objetivos socioeducacionais.

Para facilitar a compreensão desses componentes da tríade universitária passamos, a seguir, aos conceitos de ensino, de pesquisa e de extensão, bem como a apresentação relacional que há entre esses componentes a fim de reafirmar a relevante indissociabilidade constitucional que há entre eles. Assim sendo,

I.ensino é a transmissão sistemática de conhecimentos teóricos e/ou práticos indispensáveis ao progresso da educação e da sociedade como um todo. O ensino pode se dar por meio de aulas, quer sejam práticas, quer sejam teóricas.

Mesmo que quiséssemos, não seria possível desatrelar o ensino da pesquisa e da extensão, haja vista sua estreita relação. Para Demos (2000, p. 14), “quem ensina carece pesquisar; quem pesquisa carece ensinar. Professor que apenas ensina jamais o foi. Pesquisador que só pesquisa é elitista explorador, privilegiado e acomodado”.

II. pesquisa é uma prática sistematizada de aquisição, construção e desenvolvimento do conhecimento humano que se dá por meio de práticas de investigação dos fenômenos observando a origem, as causas, os efeitos e as consequências.

Para Appolinário (2004, p. 150), a pesquisa se define como sendo o “processo através do qual a ciência busca dar respostas aos problemas que se lhe apresentam.  Investigação sistemática de determinado assunto que visa obter novas informações e/ou reorganizar as informações já existentes sobre um problema específico e bem definido”.

A dissociabilidade da pesquisa dos demais componentes, segundo as exigências da educação moderna, é praticamente impossível. É importante que o professor seja um pesquisador e que o pesquisador também seja um professor. Tudo o que se aprende por meio da pesquisa e do ensino deve ser, sobremaneira, socializado; assim sendo, além de professor e pesquisador, é importante que também sejamos extensionistas na práxis acadêmico-educativa.

III. extensão é um processo de fomento educativo, cultural e científico que viabiliza a interrelação entre a universidade e a sociedade com o propósito de disseminar e assegurar a transmissão e aquisição de novos conhecimentos; a extensão é acima de tudo, a democratização dos saberes acadêmicos, é o veiculo pelo qual se dá a dialética entre a teoria e a prática de forma inter, multi e transdisciplinar.

Para as Diretrizes que foram aprovadas por ocasião do Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão (ForProEx), a extensão universitária resume-se num “[...] processo educativo, cultural e científico, articulado de forma indissociável ao ensino e à pesquisa e que viabiliza uma relação transformadora entre a universidade e a sociedade”.
           
Para o Plano Nacional de Extensão Universitária (BRASIL, 2000, p. 5), a “extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento”.
           
Como se pode ver, tanto a universidade tem a contribuir com a sociedade, como esta tem materiais sociais a fornecer para o desenvolvimento daquela; trata-se, pois, como disse o próprio Plano Nacional, de uma troca de informações e subsídios que servem e podem ser aproveitados para o crescimento de ambas.

Havendo feito algumas considerações sobre ensino, pesquisa e extensão, o que julgamos suficientes para o nosso propósito; doravante, dedicar-nos-emos a outro ponto que merece nossa atenção nesta atividade reflexiva, ou seja, trataremos da dissociação entre aula teórica e aula prática.
Para isso é importante, a priori, compreendermos que aula é o sagrado horário em que são praticados estudos com o fim de promover o ensino e a aprendizagem. As aulas podem ocorrer intra ou extraclasse, fato que não as diferencia em teóricas e práticas. A diferença básica entre as aulas teóricas e práticas é a natureza, a estrutura, os objetivos a serem alcançados, as técnicas, os métodos e materiais utilizados em cada uma delas.
           
I. As aulas teóricas são aquelas em que a ênfase está no professor e nos conteúdos ministrados. A aula teórica é o mais comum de todos os instrumentos utilizados no processo de ensino e aprendizagem, ela está tão presente em nossa cultura que, por vezes, chegamos confundi-la com a própria natureza do ensino. As aulas puramente teóricas têm sido objeto de muitas discussões no âmbito dos sistemas educacionais, elas encontram os que as defendam e também os que as ataquem veementemente por sua natureza tradicional e fora de moda.
           
II. As aulas práticas correspondem ao exercício das experiências acumuladas pela aplicação da teoria. Uma aula em laboratório, uma prática de campo, a resolução de atividades que visem a compreensão da teoria constituem exemplos de aulas práticas.
           
As aulas teóricas não podem ser confundidas com verbalismos desnecessários, nem tão pouco, as práticas com o mero manuseio de itens e objetos impulsionado pela mera e infundada curiosidade.
           
Ainda com o intuito de dissipar as principais dúvidas a respeito de aulas teóricas, aulas práticas, aulas teórico-práticas e de outras ações acadêmicas, abaixo relacionamos as principais atividades praticadas no âmbito de uma Instituição de Ensino Superior, que podem ocorrer intra ou extraclasse.

a) Aula de Campo:

A aula de campo é um tipo de atividade pedagógica que visa facilitar a compreensão e leitura do meio ambiente e deve, sobremaneira, abrir espaço para o estreitamento entre a teoria e a prática. A presença marcante do professor ou monitor é sua principal característica. Neste caso, os alunos podem participar direta ou indiretamente. Trata-se de um modelo pouco utilizado para o ensino, mas regularmente aproveitado na pesquisa, especialmente em áreas como a geografia, a arqueologia, as engenharias florestal e ambiental. As aulas de campo são excelentes atividades para a prática da interdisciplinaridade. Levar os alunos a lixões, a praças, a florestas, a rios e a outros lugares para fazê-los compreender a relação entre a teoria e a prática constitui exemplos de aulas de campo. As aulas de campo podem ser teóricas e/ou práticas.

b) Prática de Campo

A prática de campo é caracterizada pela presença direta dos alunos. Nesse tipo de evento, devem-se planejar amiúde as atividades a serem desenvolvidas e os materiais a serem utilizados. Sob a devida orientação, os alunos desenvolvem atividades práticas. Exemplo de atividade prática: manuseio de equipamentos e outros materiais, dentro ou fora do ambiente escolar. Nesse tipo de atividade predomina a prática em detrimento da teoria.

c) Visita Técnica

A visita técnica é caracterizada pela participação indireta dos alunos, os quais ficam restritos à observação das ações e atividades desenvolvidas por terceiros e máquinas e de fenômenos naturais. Na visita técnica, os alunos interagem com os elementos envolvidos no processo de modo sensorial. A observação é a natureza desse tipo de atividade.

d) Atividade Complementar

A atividade complementar constitui uma ação de natureza acadêmica que vai além daquelas descritas no currículo de um curso e pode ser representada pela participação em projetos de extensão e de iniciação científica; pela publicação de artigos e/ou de outras produções científicas na área de formação; pela participação em congressos, seminários, jornadas, encontros, semanas, colóquios, mesas redondas, cursos de curta, média e longa duração na área ou em área adjacente a de formação do aluno, como ouvinte, monitor ou ainda como parte da comissão de organização e realização do evento; pelo aproveitamento de disciplinas cursadas em outros cursos de graduação e não aproveitadas no novo curso em lugar de disciplinas constantes da matriz curricular; pela comunicação científica em eventos; pela participação em estágios extracurriculares; pela efetiva participação em órgãos de representação acadêmica; pela representação discente em segmentos colegiados da IES; pelo comprovado domínio de línguas estrangeiras e ainda por atividades reconhecidas no âmbito dos órgãos colegiados competentes.

e) Aula Expositiva:

A aula expositiva é uma ação monóloga. Nela o professor é o centro ativo enquanto que os alunos, de forma passiva, recebem os conteúdos observando e ouvindo. As palestras e outras práticas do gênero são excelentes exemplos de aulas expositivas.

f) Aula Expositivo-dialogada:


A aula expositivo-dialogada é uma prática educacional pela qual o professor transmite conteúdos e conta com a participação efetiva dos alunos que contra-argumentam, perguntam e debatem com o professor os conteúdos propostos e ministrados. Os debates, as reflexões coletivas a respeito de um tema e de outras práticas, em que o professor e aluno são sujeitos ativos do fazer, constituem exemplos de aula expositivo-dialogada.

g) Aula Demonstrativa:

A aula demonstrativa é um tipo de atividade que, geralmente, antecede à uma aula prática. Nela o professor ensina ou demonstra como fazer algo. A aula demonstrativa pode ocorrer dentro ou fora do ambiente escolar.

h) Estágio Supervisionado curricular:

O estágio supervisionado curricular é a atividade acadêmica que proporciona experiências profissionais, sociais e culturais ao discente, visando o seu aprimoramento para o mundo do trabalho.

No estágio supervisionado, o aluno deve participar de situações problemas reais, sempre, sob a orientação, supervisão e coordenação de profissionais e/ou de instituições de formação técnica e acadêmica.

O Estágio Supervisionado Curricular não se confunde com outras atividades acadêmicas. Suas características e objetivos o torna único e imprescindível na formação do futuro profissional.

Por fim, o Estágio Supervisionado Curricular é a atividade mediadora da indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão.

Em face do exposto, pudemos observar que a Universidade é um todo coeso não havendo como desenvolver suas ações de modo fragmentário. O tripé universitário formado pelo ensino, pela pesquisa, pela extensão e por todas as suas modalidades de execução constitui um todo indissociável como está estabelecido na Constituição Federal.

Fonte da Imagem: google.com

Referências:

APPOLINÁRIO, Fábio. Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004.
BRASIL. Constituição Federal. Disponível: em: site do planalto. Acesso em: 13/08/2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Extensão Universitária: Organização e Sistematização. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Universidade Federal de Minas Gerais. PROEX. COOPMED Editora, 2007.
BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Disponível em: http://www.uniube.br/ceac/arquivos/PNEX.pdf Acesso em: 7 jan. 2009.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2000.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

MENTIRAS RITUAIS

Moises Selva Santiago (*)

A primeira vez que li a expressão “mentiras rituais” foi no livro de Margaret Halsey “The Pseudo-ethic: speculation on American politics and morals” (Editora Civilização Brasileira). Autora premiada, Halsey afirma que “dentro da cultura, há um encantamento contínuo e tranqüilizante – nos livros, jornais, revistas, radiotelevisão, conversa entre amigos – de Mentiras Rituais.” Diz que essa frase “é hoje menos áspera do que soa, porque a Mentira Ritual é sentida, confortavelmente, como um ritual e não como prática de mentiras.” A autora demonstra a amplitude desse comportamento social, incluindo a esfera religiosa: “As organizações religiosas aprenderam as técnicas comerciais de promoção e relações públicas”.

Escrevendo no início dos anos sessenta, Halsey continua atual, vez que estamos submersos num oceano de lama religiosa em pleno século XXI. Observe os detalhes: a mentira ritual é encantadora, multiplicadora e tranqüilizadora, além de não demonstrar constrangimentos, pois se trata de um ritual. E, mesmo que alguém não aceite, todos nós praticamos rituais; ou seja, vivenciamos comportamentos que simbolizam ideologias e ensinamentos. A abrangência dos rituais está justamente por serem eles usados para se alcançar diferentes propósitos, desde a satisfação de necessidades emocionais, fortalecimentos de laços sociais, aprovação social, o simples ato de apertar a mão do outro ou mesmo o cumprimento de obrigações religiosas.

Sobre as atuais expressões religiosas, é impressionante a presença das mentiras rituais. Halsey enxerga que o meio religioso vem apresentando padrões comportamentais tão deteriorados, se comparados à proposta original bíblica, a ponto de o Novo Testamento parecer “quase ingênuo quando descreve onze apóstolos e apenas um Judas”! Ela continua pertinente: “A trapaça e a mentira não são os pecados mais dramáticos na Bíblia, mas são dois dos mais importantes. [...] a mentira é, digamos, disponível a todo momento.” Diz mais: “Durante a Reforma, como demonstra Tawney [...] as virtudes prudentes da poupança e da operosidade foram valorizadas e se tornaram muito mais importantes do que haviam sido na Europa medieval.” Halsey lembra: “A preocupação de juntar dinheiro, antes um pecado da usura, se tornou coisa respeitável; e as noções de mortificação da carne dos primeiros cristãos foram abandonadas em favor do novo conceito de que ganhar dinheiro era agora virtude.” Após a influência de Freud e de Darwin, o respeito para com o sagrado foi minimizado, pois “já não há mais a imagem do Deus barbado para punir o mau comportamento.”

Quando entro no templo para cultuar, percebo as ideias de Halsey presentes em incontáveis e até inconscientes mentiras rituais. O catolicismo, há séculos, camaleonicamente sobrevive. Há lugar para todos debaixo do imenso guarda-chuva de Roma, que abriga até os oponentes. Os mais piedosos católicos certamente se assustam com os caminhos que o catolicismo escolheu para se adequar à civilização pós-guerra... O protestantismo histórico tem optado enfrentar a atual crise do esvaziamento dos templos, com adaptações que oferecem conforto material aos fieis – bem diferente das propostas de submeter-se à Soberania Divina, ensinadas por Lutero e Calvino... Os Batistas se fragmentaram em tantos “sobrenomes”, utilizando um misto de rituais, que se tornariam irreconhecíveis diante dos mártires pioneiros... Muitos pentecostais (também fragmentados) resolveram seguir pela via da política partidária como meio de dar poder às igrejas... E os pós-pentecostais (ou neopentecostais) enveredaram velozmente na relatividade ética, cultuando a satisfação imediata das necessidades físicas e emocionais dos seus seguidores por meio de um deus ex machina que é acionado para solucionar o problema do enredo da vida humana na Terra.

Halsey define as mentiras rituais justamente como esses “conceitos errôneos ou rigorosamente falsos que o establishment comanda e usufrui [...] erige verdades definitivas [...] de acordo com suas conveniências.” Particularmente na Igreja cristã, essas mentiras rituais têm agido como um néctar infernal, nutrindo lideranças religiosas cujo objetivo principal é o enriquecimento fácil e rápido. Para alcançarem seus alvos, eles cauterizam a consciência, fazendo valer suas “novas” verdades – o vale tudo. Dizem que vale pinçar um texto bíblico e dele elaborar uma mensagem que iluda os fieis a depositarem seus salários no altar: a isto chamam de prova de fé em Deus. Dizem que vale usar os recursos da Igreja em benefício pessoal, seja na compra de um sapato, um carro novo, casa, sítio, lancha ou avião: a isto chamam de bênçãos divinas. Dizem que vale ouvir as confidências segredadas (muitas delas em meio a lágrimas) e depois usar tal conhecimento para exercer poder e intimidar o confessante: a isto chamam de cuidado pastoral. Dizem que vale usar a profissão secular (médico, advogado, militar, servidor público, etc.) para atender aos membros da Igreja, cultivando uma contínua e maldita relação de dependência para com os que não podem pagar uma consulta ou contratar o profissional: a isto chamam de amor ao próximo. Dizem que vale usar quaisquer rituais para atrair um número maior de frequentadores dos cultos, para que o negócio-igreja renda milhões: a isto chamam de evangelização. Dizem que vale elevar à categoria de pastor (e pastora) quem se comprometer com os interesses dos donos da igreja local e dos caciques denominacionais, independentemente se a pessoa de fato é vocacionada por Deus e possui conhecimentos e preparo teológicos para exercer o pastorado: a isto chamam de unção divina. Dizem que vale transformar a igreja num clube confortável e seguro, onde cada sócio receba sua cota de “elevação espiritual” nos cultos que agradam as pessoas, onde o que importa é a mansão celestial, onde as doenças e todos os problemas são rejeitados, onde mora o deus obediente aos humanos, onde se lê, canta e toca para agradar o gosto pessoal: a isto chamam de adoração a Deus. Dizem que vale experimentar todas as idiossincrasias e ideias e técnicas mirabolantes extra-bíblicas para fazerem a igreja “crescer”: a isto chamam de revelação divina. E ainda dizem que toda essa negação da proposta bíblica cristã e negação do caminhar histórico – quando milhões de cristãos foram sacrificadas por amor e prática do verdadeiro cristianismo – pode ser substituída por um amontoado de mentiras rituais: e a isto chamam de a Igreja de Jesus para o século XXI.

Quando saio do templo, depois do culto, já não sei se estive numa igreja cristã. E nutro uma profunda preocupação: Que Igreja meus netos frequentarão?... Na Europa, templos fecharam as portas. Na outra América, igrejas se assemelham a clubes. No Leste Europeu, depois de 70 anos de comunismo, dentro das igrejas há uma imensa distância entre a perseguição sofrida no passado em nome da fé e a nova ordem econômica capitalista – e isto afasta as novas gerações dos templos. E em nosso país, registra-se uma imensa ausência de vocacionados, tornando vazias as salas de aulas de Teologia. Para que estudar tanto, se para ser pastor basta falar alto algumas palavras de comando, ter o jeito de gesticular apropriado, afirmar que o cristão é “mais que vencedor”, que no céu nos aguarda um grande galardão, e remeter a porcentagem mensal para o dono da denominação! Para que adorar a Deus, se o que interessa é tocar, cantar e vender o novo CD gospel que está fazendo sucesso, inclusive nas novelas globais! Para que realizar a Escola Bíblica, se quanto menos o povo souber de Deus, melhor para os líderes! Para que reverência nos cultos, se o templo se parece com a casa de cada membro, onde todos se sentem à vontade, conversando lorotas, adorando seus próprios ventres! E tenho ouvido alguns colegas segredarem que estão a um passo de desistirem de continuar sendo pastor “à moda antiga”, diante do sofrimento causado pelo assédio moral ascendente cometido por alguns donos de igrejas...

Será que a atual realidade dará ponto final ao ideal bíblico proposto para a Igreja? Não haverá uma nova geração de vocacionados? A egolatria vencerá a Teologia? Halsey conclui o livro afirmando que “existe uma correlação mais íntima entre o ideal e o real do que é correntemente comum ao nosso conhecimento. Esta correlação consiste na praticabilidade quintessencial dos ideais.” Então, há uma esperança! Ainda dá tempo de os fieis se unirem à parte mais pura do todo... Inundados pela maravilhosa Graça... Pagando o alto preço de praticarem a simplicidade do Mestre de Nazaré. Então valerá a pena ter sido cristão.

(*) Jornalista, professor de ensino superior e pastor batista.

PRESIDENTA DILMA ANTECIPA O LANÇAMENTO DO PLANO DE COMBATE À HOMOFOBIA PARA AGOSTO

Por Thonny Hawany

Já não era sem tempo. A presidenta Dilma Roussef volveu os olhos para a comunidade LGBT e determinou que a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República lançasse o segundo Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, de Gays, de Bissexuais, de Travestis e de Transexuais. Esperamos agora que não haja nenhuma intervenção dos fundamentalistas religiosos.

Segundo dados do próprio governo e da sociedade organizada, o lançamento estava previsto para o mês de dezembro de 2012, no entanto, o governo resolveu antecipá-lo para o início da segunda metade do ano. Conforme se sabe, essa segunda edição do plano deverá ter como foco principal o combate à homofobia. A senhora ministra Maria do rosário deverá apresentar o projeto à presidenta no início do mês de julho para informar todos os dados, especialmente, os custos, as ações e os papéis dos dezoito ministérios que figurarão como parte no projeto. Esperamos que o Plano de Combate à Homofobia – PCH – seja algo impactante.


Cabe salientar que a primeira versão do plano foi lançada em 2009, por ocasião do governo do presidente Lula e visava dar continuidade ao Programa Brasil sem Homofobia, executado em 2004. De lá para cá muita coisa aconteceu, esperamos que as ações também venham ao encontro das mudanças e das necessidades da população LGBT. Que o PCH venha para atacar pontos críticos como erradicar os crimes bárbaros de homossexuais em território brasileiro.


O que queremos é igualdade, é liberdade de expressão, é respeito à nossa dignidade. O direito de nos casar, de constituir família, de poder adotar filhos, de vivermos dignamente constitui a base de nossa luta. Esperamos que o governo da presidenta Dilma Roussef nos dê mostras de um trabalho sério em favor dos direitos humanos de lésbicas, de gays, de bissexuais, de travestis e de transexuais. Que essa não seja mais uma manobra política!


Fontes: A Capa e Somos

domingo, 17 de junho de 2012

PENTÁGONO RECONHECE O VALOR DE LÉSBICAS E GAYS NAS FORÇAS ARMADAS DOS EUA

Por Thonny Hawany

Não é de hoje que os Estados Unidos da América vêm dando sinal de sua mudança com relação às políticas públicas direcionadas a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Para comemorar o mês do orgulho gay, o secretário da defesa dos EUA, Leon Penetta, agradeceu às lésbicas e aos gays pelo trabalho prestado ao exército americano. Como afirmou “O Globo”, essa foi uma “homenagem inédita.

Para Penetta, com o fim da política “Don’t ask, don’t tell” (não pergunte, não conte), as lésbicas e os gays devem ter orgulho de usar sua farda, de servir o seu país e de ser quem são. Segundo o ministro, sua meta é acabar com as barreiras para tornar o exército dos EUA um exemplo de respeito à igualdade. Não se conquista direitos sem trabalho prestado. É importante a luta por direitos, mas é também importante o trabalho e o reconhecimento do valor que temos nós gays, lésbicas, bissexuais e transexuais para a sociedade.

Com a política do “Don’t ask, don’t tell”, desde 1993, mais de 13.500 homossexuais foram expulsos das forças armadas dos EUA por serem gays ou lésbicas. Essas mudanças na maneira de pensar de um dos mais importantes países do mundo são relevantes para a política LGBT mundial, visto que outros países, certamente, seguirão o exemplo positivo de reconhecer o potencial de lésbicas e gays em servir seu país.

Assim sendo, os Estados Unidos merecem todo o nosso respeito pelo tratamento igualitário que vêm dando à comunidade LGBT. Esperamos que outros países mirem invejosamente para a atitude do Pentágono. Que o Brasil não se faça de mudo, surdo e cego para as mudanças.

Fonte: O Globo

sábado, 16 de junho de 2012

LIBERTY E NOITE DO SIGILO GLS

Por Thonny Hawany

A cidade de Cacoal, em decorrência de um movimento LGBT sério e seguro, tem se tornado um lugar amistoso e convidativo para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Depois da realização da primeira Cacoal Rainbow Fest, em novembro de 2006, a comunidade tem investido em eventos de natureza festiva a fim de proporcionar momentos agradáveis e intimistas aos LGBT de Cacoal e regiões circunvizinhas. Vem aí duas festa que prometem fazer história e mudar a cara do turismo cacoalense.

No dia 30 de junho de 2012, será realizada na Avenida Castelo Branco, 19920, ao lado do posto de gasolina 2000/2, a festa “A Noite do Sigilo GLS pelos promotors Marco Aurélio e Rock Fabrini. Na oportunidade, a transex Mikaela Cândida será a grande homenageada da noite em virtude de sua militância e de seus trabalhos prestados à comunidade LGBT de Rondônia.

No dia 07 de julho de 2012, os promoters Guta de Matos, Mateus e Sergio deverão receber os LGBT de toda a região para a primeira festa do trio. Segundo nos informou Guta, o evento contará com a presença de DJ especializado em festa GLS, de go go boy, de go go girl e de muita gente bonita. A festa será realizada no Clube da Associação Atlética do Banco do Brasil de Cacoal – AABB – e terá início às 22 horas.

Conhecendo o bom gosto de ambos os grupos de promoters, sei que cada um fará o melhor para surpreender o público da região no tocante aos números de artistas e à qualidade do evento em si. Recomendo as duas festas e também o resort Cacoal Selva Park, os hotéis Catuaí e Acaí e os restaurantes Beagá, Toldus e Costelão. Cacoal é uma cidade maravilhosa para se viver e para fazer turismo.
Aproveitem! Usufruam de tudo o que a nossa cidade tem de melhor. Os cacoalenses são hospitaleiros e primam pelo respeito à diversidade como meta de boa convivência.
O Blog Thonny Hawany estará presente nos dois eventos para fazer a cobertura.


AVANTE MOVIMENTO LGBT DE CACOAL

Por Thonny Hawany

Há mais ou menos seis anos, eu inaugurava o movimento LGBT em Cacoal, quando criei o Grupo Arco-Íris de Rondônia juntamente com amigos muito queridos, a exemplo de André Guedes, Guta de Matos, Jordana Ferreira, Mikaela Cândida, Adriano Souza, Givagno, Nil Fernandes, Danilo Torres e Marco Aurélio.

A Cacoal Rainbow Fest realizada no último sábado do mês de novembro de 2006 foi o marco de tudo o que se entende por movimento LGBT em Cacoal e cidades circunvizinhas. De lá para cá, muitas coisas mudaram para melhor. Fomos chamados em audiências públicas na Câmara Municipal para defender a importância da aprovação do PLC 122, projeto de lei que visa criminalizar a homofobia no Brasil, passamos a fazer parte dos Conselhos Municipais de Saúde e da Juventude, levamos militantes para encontros, conferências e congressos por todo o país para aprenderem e se conscientizarem da importância de militar em favor da igualdade, da liberdade e da dignidade da pessoa humana com ênfase para a pessoa LGBT.

Portas se abriram para a comunidade LGBT de Cacoal. Os poderes públicos passaram a nos notar e a dar importância ao nosso brado por direitos. Neste ano, realizamos o I Encontro Amazônico da Diversidade Sexual, no mês de abril, por ocasião do Dia Internacional Contra a Homofobia, a Lesbofobia e a Transfobia, inaugurando mais uma era em favor da luta por direitos. Cacoal está se tornando uma cidade grande e, com ela, é preciso que seus cidadãos cresçam sem demora. Avante gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais!

As conquistas por direitos trouxeram abertura e liberdade de expressão para toda a comunidade LGBT regional. Nossa voz passou a ser ouvida com seriedade. Nossas opiniões passaram a ser respeitadas e dignificadas. A nossa militância toornou-se segura e caminha por estradas firmes. Não atropelamos uns aos outros e não exigimos da sociedade que nos respeite sem antes dar a ela motivos para nos respeitar. Esse tem sido o nosso segredo de sucesso.

Conclamo a todos os ativistas e militantes LGBT de Cacoal e região para se unirem em torno de um mesmo objetivo. Não podemos nos separar sob pena de perdermos força e, consequentemente, o que já conquistamos ao longo desses, aproximados, seis anos. O Grupo Arco-Íris de Rondônia, GAYRO, é a nossa bandeira de luta. Façamos das cores desse estandarte as nossas metas a serem conquistadas. Avante movimento LGBT de Cacoal, ainda temos muito a conquistar. O tempo urge e não espera os que vacilam e que tardam a entender que sem união chegaremos tardiamente a um futuro de glórias, de respeito, de liberdade e de dignidade.

sábado, 26 de maio de 2012

A ÚLTIMA TRINCHEIRA DAS CONQUISTAS SOCIAIS

Por Marcos Teixeira

Ao longo dos tempos a sociedade humana elegeu temas importantes que foram exaustivamente debatidos e cujos resultados produziram o modelo social que chamamos civilização. A princípio lutamos pelos direitos essenciais de vida. Expressamos isso em documentos que hoje regem a humanidade, mas que na época em que foram escritos produziram revoluções, mortes aos milhares e intensos enfrentamentos sociais.

Todas essas conquistas marcam uma trajetória singular da humanidade no rumo do respeito ao próximo, no reconhecimento de seus direitos e nos avanços daquilo que chamamos cidadania. O século XX foi, por excelência o século das liberdades.

Coisas que foram crime, causa de morte nas forcas e fogueiras hoje são legais e legítimas. Lembremos que Joana D’Arc foi queimada viva acusada de usar roupas masculinas e que a filósofa Hipátia foi trucidada pelos cristãos do século IV porque afirmou ideias sobre o heliocentrismo. No século XVII milhares de protestantes forma mortos em Paris pelo simples fato de exercerem suas práticas religiosas em contraposição ao catolicismo dominante e na América do Norte a negra Tituba foi morta pelos pastores protestantes por praticar rituais de sua religião africana. Médicos como Michel Servet foram queimados por exercerem a medicina livre das práticas religiosas. Cientistas foram mortos por discordar da fé e defenderem princípios que hoje fé nenhuma ousa mais contestar. No século XX judeus foram massacrados pelo simples fato de serem judeus. Comunistas massacraram milhões de opositores ao regime autoritários em países como a Rússia, China e Cuba. Mas os EUA e Europa não ficaram atrás e promoveram banhos de sangue longe de seus países num insensato anseio de domínio ideológico capitalista. Mesmo dentro de casa foram notáveis os ódios e intolerâncias, estamos às portas de nos defrontarmos com os trabalhos da “Comissão da Verdade” instituída pela Presidente Dilma e que deverá investigar os crimes do Regime Militar de 1964.

Muitas conquistas, enormes avanços e muita dor, controvérsia e embates ao longo de todos esses caminhos. No entanto em um aspecto ainda patinamos: o combate à intolerância contra os crimes de ódio envolvendo a comunidade LGBT, os chamados crimes de homofobia. Homofobia (homo, pseudoprefixo de homossexua, fobia do grego φόβος "medo", "aversão irreprimível) é uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a lésbicas, gays masculinos e transexuais, em alguns casos, contra transgêneros e pessoas intersexuais. As definições referem-se variavelmente ao ódio, intolerância, medo e aversão irracionais contra a comunidade LGBT.

A raiz do ódio e preconceito contra gays e afins é sempre e invariavelmente religiosa. Na fundamentação de tanto ódio está a fé. Os tempos mudaram e essa parece ser a última das bastilhas a ser derrubadas em nome da cidadania e do respeito às diferenças. A questão efervescente. O debate sobre direitos da comunidade gay são acalorados e dividem opiniões de forma apaixonada e muitas vezes radical. Nesse contexto as primeiras grandes conquistas surgem com o movimento de militantes norte americanos que enfrentaram a polícia em Stonewall em 28 de junho de 1969. Mas foi na Europa que as conquistas se ampliaram. Basta lembrar que em finais do século XIX e princípios do século XX a homossexualidade era punida muitas vezes com morte em diversos países ocidentais.

Mesmo com avanços consideráveis ao longo do século XX a questão homossexual foi a que menos avançou e, de longe, foi a mais estigmatizada com toda sorte de condenações tanto por parte das grandes religiões monoteístas, quanto por parte de alguns Estados Fundamentalistas. No Brasil a criminalização da homossexualidade foi abolida no Império, mas as práticas homossexuais continuaram a ser perseguidas a partir de sua identificação a outros crimes e transgressões. Recentemente a discussão ganhou uma conotação fortemente dicotomizada, na medida em que os grupos militantes LGBTs passaram a atuar politicamente em busca de seus direitos. A arena principal dessa disputa é o Congresso Nacional, reduto de grupos ideologicamente distintos. Toda a movimentação contrária aos segmentos LGBTs parte das bancadas conservadoras e têm caráter estritamente religioso. No centro das posições contrárias aos direitos da população gay está a bancada evangélica, hostil a qualquer direito desse segmento.

Mesmo com a inoperância do Congresso Nacional e a posição hostil/eleitoreira dos Poderes Executivos Federal, Estaduais e Municipais, capitaneados pela própria presidente da república que por diversas vezes demonstrou recuo e animosidade para com a questão, o movimento LGBT tem conseguido avanços e em 2011 o maior deles foi obtido junto ao STF, que aprovou, por unanimidade em 05/05/2011, que aprovou a União Civil Estável entre homossexuais.

A pior situação que ações proselitistas e a criminosa omissão do Estado promovem é o avanço da homofobia. Temos assistido a manifestações de ódio absurdas e infundadas. Exemplos não faltam tanto dentro como fora do Estado de Rondônia. Lembremos o pai e o filho que foram atacados por estarem juntos num evento festivo em São João da Vista em São Paulo. O pai do rapaz teve sua orelha arrancada a dentadas por que os agressores o confundiram com um homossexual. Num dos casos mais violentos e vergonhoso de nossa história recente, lembremos o caso do adolescente Alexandre Ivo de 14 anos, empalado no Rio de Janeiro por um grupo homofóbico. Em Vitória/ES, em fevereiro de 2012 o jovem Rolliver de Jesus, de 12 anos, se enforcou com um cinto da mãe e foi encontrado desacordado pelo pai. Ele chegou a receber socorro, mas não resistiu.

Nada disso motivou nosso poder Executivo a tomar medidas duras contra tanto ódio. No Chile a situação já foi diferente. Mas aqui prevalece a omissão. Em Rondônia assistimos a diversos crimes de homofobia, com assassinatos de jovens e adultos por todo o estado, inclusive, diversos deles contra professores e estudantes da Universidade Federal de Rondônia, que nunca se posicionou frontalmente contra esse tipo de crime e tem deixado oportunidades importantes de se manifestar passarem batidas.

Nesse contexto foi comemorado em 17 de maio passado o “dia de combate a homofobia”. É necessário que todos se juntem numa luta como essa, pois trata-se de uma conquista importante. Você tem o direito de não gostar de homossexuais, mas tem, também, o dever de respeitá-los e respeitar os direitos deles, assim como quer que os seus sejam respeitados.

A violência contra minorias deve ser interrompida e o Brasil nunca se notabilizou por práticas de ódio tão ostensivas. Ao contrário, sempre fomos considerados tolerantes e receptivos. Essa situação não pode ser mudada par pior. Rondônia ocupa hoje o 8º lugar no ranking de violência contra homossexuais no Brasil e isso é um mal sinal. Temos diversos casos de assassinatos violentos e, corriqueiramente gays e lésbicas são alvos de bulling em escolas e na vida social.

Por fim gostaria de lembrar a fala contundente da Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, que em maio de 2011, em referência ao Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, declarou:

“Em última análise, a homofobia e a transfobia não são diferentes do sexismo, da misoginia, do racismo ou da xenofobia. Mas enquanto essas últimas formas de preconceito são universalmente condenadas pelos governos, a homofobia e a transfobia são muitas vezes negligenciadas. A história nos mostra o terrível preço humano da discriminação e do preconceito. Ninguém tem o direito de tratar um grupo de pessoas como sendo de menor valor, menos merecedores ou menos dignos de respeito.”

SOBRE O AUTOR: Marco Antônio Domingues Teixeira, ou simplesmente, Marco Teixeira é professor da Universidade Federal de Rondônia, Mestre em História e Doutor em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental. Escreveu “História Regional” e “O Rio e os Tempos”.



segunda-feira, 21 de maio de 2012

I ENCONTRO AMAZÔNICO DA DIVERSIDADE SEXUAL (ENADIS) É REALIZADO EM CACOAL/RONDÔNIA

Thonny Hawany

Neste sábado, dia 19 de maio de 2012, o Grupo Arco-íris de Rondônia (GAYRO), a partir das 18 horas, na sala do Conselho Municipal de Saúde de Cacoal, realizou o I Encontro Amazônico da Diversidade Sexual (ENADIS), para comemorar o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Lesbofobia e a Transfobia. O evento contou com a presença de gays, lésbicas, transexuais e de agentes da saúde municipal que, juntos, construíram uma noite de muitos entendimentos.

O presidente do Grupo Arco-íris de Rondônia fez a abertura do evento falando que esta primeira versão do ENADIS deverá servir como base para a realização da segunda edição a acontecer no dia 18 de maio de 2013. Disse ainda Thonny Hawany que o Grupo Arco-íris de Rondônia (GAYRO) deverá buscar parcerias nas esferas públicas e privadas para que o ENADIS se torne um evento de referência científica, acadêmica e política em favor do desenvolvimento dos direitos humanos e da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intrasexuais da Região Amazônica.

Guta de Matos, ex-presidenta do GAYRO, falou sobre a transexualidade e os ganhos LGBT já conquistados em Rondônia. Segundo ela, “para os descrentes, estamos atrasados na luta, mas para os que sabem comparar o antes e o depois, com a criação do Grupo Arco-íris de Rondônia, há seis anos, avançamos muito na conquista de direitos”.

A conferencista Tainá Gisele Idalgo, enfermeira da rede pública, discorreu sobre o tema Saúde e Prevenção no Contexto Homoafetivo dando ênfase ao preconceito dos profissionais de saúde no tratamento das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. No decorrer de sua palestra, Tainá Idalgo socializou a palavra para que os presentes pudessem externar entendimentos sobre o tema e sobre o que conhecem do preconceito e da discriminação. Sobre saúde, muito pouco sabiam; mas, quase todos, mostraram-se doutores no assunto preconceito e discriminação.

O professor me. Antônio Carlos da Silva Costa de Souza (Thonny Hawany), em sua palestra, discorreu sobre o tema Direito Homoafetivo em Perspectiva enfatizando os avanços no direito, na saúde e na educação.

A presidenta do Conselho Municipal de Saúde, estando com a palavra, falou que ao receber a solicitação do Grupo Arco-íris de Rondônia, por escrito, deverá reunir o Conselho de Saúde para decidir sobre a obrigatoriedade do cumprimento do Decreto do Ministério da Saúde, nº 1.820 de 13 de junho de 2009, que trata no seu art. 4º, parágrafo único, inciso I, do nome social das travestis e das transexuais: “Art. 4º Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a todos. Parágrafo único. É direito da pessoa, na rede de serviços de saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou deficiência, garantindo-lhe: I - identificação pelo nome e sobrenome civil, devendo existir em todo documento do usuário e usuária um campo para se registrar o nome social, independente do registro civil sendo assegurado o uso do nome de preferência, não podendo ser identificado por número, nome ou código da doença ou outras formas desrespeitosas ou preconceituosas”

Thonny Hawany, falando sobre ideias e projetos para os LGBT mais vulneráveis, afirmou que: “o ponto de prostituição deverá ser apenas o ponto de parte para uma vida melhor”. Segundo ele, o Arco-íris de Rondônia deverá desenvolver capacitação profissional das travestis e transexuais que têm a prostituição como único meio de sobrevivência a fim de capacitá-las para outras profissões socialmente melhor aceitas. Ainda segundo o presidente, o que está faltando é parceria, especialmente para elaboração e execução de projetos nas áreas de saúde, educação e de segurança.

Em síntese, o I ENADIS, apesar de sua fase embrionária, trouxe reflexões importantes para o desenvolvimento de políticas públicas destinadas à comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais da região.