terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

AMORTECEDOR

Por Thonny Hawany

Amórfico
amortecedor
que amortece
a dor fina e, que,
em si mesmo,
tece a
mesma
dor que
amorfina
amordaça
amorfanha
amortalha
o próprio
amor.
amor.
o próprio
amortalha
amorfanha
amordaça
amorfina
dor que
mesma
tece a
em si mesmo,
a dor fina e, que
que amortece
amortecedor
Amórfico


Ilustração: pintura em éleo "Amor e Dor" do pintor noruguês Edvard Munch.

OBSERVAÇÃO: A expressão amorfina foi criada intenionalmente para significar aquele ou aquilo que é anestesiado com a substância morfina, trata-se portanto de um neologismo, uma licença poética.

4 comentários:

  1. Professor Thonny, acabei de ler os textos, inclusive os dois últimos. É sempre importante passar por aqui para a atualização de temas tão importantes, cada vez mais emergentes. E digo mais: quem se especializar vai arrebentar - como cidadão e profissional. Grande abraço.

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  2. Ainda bem que eu resolvi acessar teu blog só depois de ter postado os meus textos, principalmte o poema. Esse em que comento é digno de gênio.
    A técnica utilizada. Esse espelho.
    Olha Thonny, não é a toa que sou teu fã.

    Abraço

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  3. Thonny
    seu texto é brilhante; sua noção verbivocuvisual foi sensacional e inaugura a poesia totêmica (poesia tótem) no interior de Rondônia; mais do que concreto, mais do que bidimensional, seu texto é pluridimensional, pois é possível soltar o vocábulo e buscá-lo no átimo semântico, reproduzindo ecos de sentido (daça, talha, tece) no amor que entorpece, apalpa e amassa; é possível entever a poética do verso / signo, transbordante de uma lexicogrofia rodeada de sufixos e prefixos de uma gramática surreal, "amor / tece / talha" amor que molda e deflagra dor; cíclico, como a cobra querendo a própria calda, o texto se "amofina" sobre si, que sobre si mesmo, este si, se encontra amofinado; um voltar-se até o momento definitivo da placenta, sentido o sacolejar das intempéries externas, fora da mãe, fora de si, em si mesmo, o amor;
    burilado, seu texto tem forma e conteúdo, está expressivamente criativo e comunica bem a mensagem poética, trazendo tensividade e singulaidade à sua matéria prima; parabéns; guarde-o com cuidado; ele merece;

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  4. O poema em sua visualidade, expressa o ícone do equipamento amortecedor. Assim, a escultura estrutural do poema faz jus ao título “amortecedor”. O autor usa do estilo concreto (concretismo) para realçar melhor a imagem do poema de forma proposital. Na escolha lexical, o autor cria o neologismo “amorfinar” para enriquecer o poema em sua estrutura verbal.
    Na parte inicial do poema a palavra “amortece” é o verbo transitivo direto e “a dor fina” funciona como complemento do verbo, isto é, objeto direto. O sujeito da oração é “Amórfico amortecedor” e o núcleo do sujeito é o próprio “amortecedor”.
    Mais a frente entre a estrutura lexical, criada pelo autor, em forma de neologismos, acontece o fenômeno poético chamado gradação e coordenação. Essa gradação é constituída por palavras verbais: amorfina, amorfanha, amortalha, que são verbos criados pelo autor.
    Entre as intenções pretendidas o eu lírico cria a metáfora da morfina para amenizar a dor sofrida causada pelo próprio amor.


    Comentário de: Elisandro; Lenita e Roseli. Pós-Graduandos em Gramática Normativa da Língua Portuguesa: Teoria e Prática – UNESC-RO.

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