segunda-feira, 24 de maio de 2010

POSSÍVEL CRIME POR HOMOFOBIA EM JARU: UM ADEUS PESAROSO A GÉSIO

Por Thonny Hawany

A comunidade LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais de Rondônia) acordou, nesta segunda-feira, mais triste e pesarosa pela falta do companheiro, do amigo, do irmão José Aparecido Moreira de Souza, o conhecido e querido Gésio Cabeleireiro, militante LGBT.

O crime aconteceu neste domingo, 23, e o corpo foi encontrado logo pela manhã do mesmo dia dentro do seu salão, situado na Avenida Padre Adolfo Rohl, no setor 5, no município de Jaru, Estado de Rondônia.

Segundo informações colhidas no local, o assassino usou um vazo de planta de aproximadamente 20 quilos para acertar a cabeça da vítima e assim cometer o bárbaro e ainda sem explicações assassinato.

Acionada por amigos, a polícia esteve no local por volta das 9h e em seguida lá também esteve a perícia da Polícia Civil que colheu impressões digitais, preservativos usados e outras provas com o intuito de elucidar este bárbaro crime que a nosso ver, pode ter sido por motivos diversos, inclusive por total e irrestrita aversão ao homossexual Gesio e não ao homem Gésio, fato que caracterizaria um crime por homofobia.

De imediato, a polícia de Jaru descartou a possibilidade de latrocínio, visto que nada foi subtraído do local do crime. Tanto a motocicleta, quanto a carteira contendo R$ 75,00 (setenta e cinco reais) estavam incólumes na cena da barbárie.

A quem poderia interessar a morte de Gésio? A um latrocida? Não! De seu salão nenhum bem foi levado, só o mais precioso: a vida de um homem que se não pudesse fazer o bem, o mal jamais o faria a quem quer que fosse. Se não o fizeram por força de bens materiais, o que mais poderia ter motivado alguém a tirar a vida de um homem de sucesso, que estava por inaugurar um novo salão e que havia recém comprado um carro novo? Cogitemos: teria sido Gésio vístima de um crime passional como pensa a polícia local? E que amor é esse que mata com tamanha brutalidade? Ou teria ele sido vítima de um louco homofóbico que lhe ceifou a vida barbaramente pelo simples fato de não tolerar a diversidade, o diferente?

Os grupos, as comunidades LGBTs e os militantes da causa não podemos nos emudecer diante do fato. Este não é primeiro crime no Estado de Rondônia com tais características. É hora de partirmos para uma luta mais efetiva cobrando das autoridades políticas a aprovação do PLC 122/2006. Não é mais tolerável que homossexuais morram pelo simples fato de sermos homossexuais. Neste domingo foi a vez do amigo Génio, amanhã poderá ser qualquer um de nós que estamos vulneráveis por falta de uma lei entravada no Congresso Nacional. Há homofóbicos matando homossexuais com se fossemos animais em todo o Brasil e os principais culpados são aqueles que a luz de seus interesses “nobres” justificam a não aprovação de uma lei que venha para nos proteger dessas feras alucinadas e avessas ao diferente pelo simples fato de ser diferente.

Temos quatro grupos de organização social, política e cultural LGBT no Estado de Rondônia. Ainda que não seja este um crime caracterizado como sendo por homofobia, é preciso ouvir pela imprensa, blogs e sites a voz efetiva dessas entidades para que nós e nossas famílias, no mínimo, sintamo-nos amparados e protegidos daqueles que nos espreitam na calada da noite para nos tirar o bem mais preciso que temos: a nossa vida.

Se foi este um crime banal ou mesmo passional que o criminoso responda perante a justiça na medida de sua culpabilidade; mas se foi um crime fruto de homofobia, o mínimo que se espera da sociedade LGBT organizada no Estado de Rondônia é que se mobilize de Norte a Sul, de Oeste a Leste num só grito, num só clamor em favor de medidas que coíbam essa mortandade de gays, lésbicas e transexuais como se estivessem matando insetos e não homens e mulheres. Nenhum crime pode ficar impune, muito menos quando este é motivado por ódio, por raiva, por intolerância ao diferente.

Neste momento, resta-nos aguardar que a diligente polícia de Jaru chegue o mais cedo possível a respostas que possam amenizar o sofrimento da família e de nós amigos de Gésio.

Por fim, a você, amigo Gésio, o nosso até breve! Esteja você onde estiver, saiba que vamos unir forças em favor da dissolução do crime que o afastara de nosso convívio.

Nós do Grupo Arco-Íris de Rondônia, na pessoa de seu presidente de honra Thonny Hawany, de sua presidenta do Conselho Superior, Guta de Matos e dos demais membros vimos a público repudiar a atitude criminosa que levou à morte do irmão-companheiro Gésio de Jaru. De igual modo, aproveitamos o ensejo para pedir cautela a todos até que seja publicado o laudo oficial por parte da perícia e que seja concluído o inquérito policial para que possamos nos manifestar definitivamente e, se for o caso, planejarmos manifestos em favor da punibilidade severa do criminoso.

Fonte Principal: http://www.jaruonline.com.br/index.html#Texto – telefonemas, e-mail e perfis no Orkut de amigos comuns.

Imagem gentilmente cedida por amigos.

2 comentários:

  1. Incrível o que certos seres humanos são capazes de fazer.
    tirar o mais valioso: a vida

    Ontem mesmo vi um ser dizer em um video: "se Gay fosse bom, nao existia preconceito"!
    uma total ignorância.

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  2. Quando o nosso senado, irá aprovar a lei que criminaliza o crime de homofobia????PL; 122
    Sofremos tantA descriminação,pré-conceítos e etc..
    Sem falAr, quando não tira ás vidas destas pessoas.
    Porque, ainda este senado não aprovou?? porque eu me pergunto??até quando isto vai continuar
    que é um absurdo, respeito já e amor ao próximo, "DEUS" ama seus filhos, ninguém deve julgar, para não ser julgado e o telahdo é de vidro reflitam!!!!
    Felicdades a todos e sejam felizes!!!!

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