quarta-feira, 14 de outubro de 2009

REFRAÇÃO

Por Thonny Hawany

Eu vi um ponto,
Uma mancha,
Um homem,
Uma pétala! ...

Eu vi a Terra,
Um planeta,
Um abismo,
Uma flor! ...

Eu vi o sol,
Uma chama,
Um louco,
Uma rosa!...

Eu vi a guerra,
Mil armas,
Mil mortes,
Mil lágrimas! ...

Eu vi o amor,
Uma mancha,
Um planeta,
Uma chama,

Sem armas,
Sem mortes,
Sem lágrimas!....

Texto escrito em 29 de dezembro de 1993, na cidade de Guanambi, no Estado da Bahia, inspirado no primeiro grande amor da minha vida: R. A. S. Valente. 

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PARADA LGBT - RONDÔNIA - 2009

Por Thonny Hawany

Com o objetivo de dar visibilidade à população de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais do Estado de Rondônia e região amazônica, o GGR – Grupo Gay de Rondônia – promoveu, no domingo, dia 11 de outubro de 2009, a 7ª Parada do Orgulho Gay - Segundo os organizadores a Parada de 2009 superou as anteriores em número de participantes.
O movimento, cujo tema era “Sem Homofobia, Mais Cidadania”, desfilou pelas principais avenidas e praças de Porto Velho, sob o comando do famoso DJ Revanche, exigindo políticas públicas para a comunidade LGBT, em particular, a criminalização da homofobia como forma de preservar a vida de milhares de cidadãos homossexuais vítimas da barbárie e da intolerância sexual. [Niédina Gontijo - presidenta do GGR e coordenadora da Parada/2009 e eu Thonny Hawany].

O evento foi apoteótico, magistral, mas é sempre bom lembrar que apensar da festa, alegria e do colido, o objetivo principal da Parada do Orgulho Gay, é fazer política LGBT. Neste sentido, cabe reforçar as palavras de Niédina Gontijo, presidenta do Grupo Gay de Rondônia, que em nota à imprensa desabafou: “apesar da parada de Porto Velho está na sua sétima edição, nada até agora mudou para o segmento homossexual. Os gays, travestis e lésbicas continuam sendo discriminados e fora das políticas públicas, quer seja na esfera municipal, quer seja na estadual, além da intolerância que tem vitimado, com requinte de crueldade, muitos homossexuais e travestis no Estado de Rondônia”.
Não podemos negar que a Parada é uma festa muito bonita, colorida; contudo, não podemos nos esquecer que seu fundamento é o mais sonoro grito pelos direitos humanos de gays, lésbicas e transexuais que morrem todos os dias, todas as semanas, todos os meses, todos os anos, vítimas de mentes doentias que acreditam estar fazendo um bem para a sociedade quando matam vidas humanas. É preciso dar freios à intolerância contra gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. [Mikaela e Guta  - foto].
O Estado se uniu de Norte a Sul, de Oeste a Leste em favor da luta contra a homofobia e pelos direitos à cidadania, muitas foram as caravanas do interior que participaram da Parada 2009, políticos, ativistas sociais e muitos outros। A luta não é de uma pessoa só, a batalha deve ser de todos que sofrem e que cortam na própria carne a dor do preconceito. [Jordana Star na foto]
Segundo a Assessoria de Comunicação do GGR, “as paradas gays são mobilizações diferentes de outros segmentos sociais, como do MST, das mulheres, dos afros descendentes, dos estudantes, dos sindicatos etc। Os gays escolheram a música e a fantasia para mostrar a sua visibilidade, o que tem dado certo e atraído a simpatia da população em geral e de vários outros segmentos sociais, principalmente pela irreverência, seriedade e alegria com que fazem suas reivindicações”. [Grande Hélio Costa - ex-presidente do GGR e militante de políticas LGBT's e Thonny Hawany].
Conviver com a diversidade é a base dos Direitos Humanos. Tolerância ao diferente é respeitar os princípios da Alteridade, da Dignidade, da Liberdade e da Igualdade que são o cerne da Constituição Federal do Brasil.
Em síntese, quero parabenizar a diretoria do Grupo Gay de Rondônia e seus apoiadores pela 7ª Parada do Orgulho LGBT de Porto Velho। A união de todos fará com que caminhemos rumo a um futuro melhor para todos, sem sofrimento, sem mágoas, sem mortes e repleto de alegrias, de conquistas, de arte, de música, de saúde, de educação, de segurança, de respeito, de CORES como as de nossa bandeira. [DJ Revanche e EU na foto].

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

GESTÃO DEMOCRÁTICA

Por Thonny Hawany

Nas últimas décadas, as tendências modernas e pós-modernas vêm discutindo a importância do Projeto Político Pedagógico (PPP) como instrumento de reflexão do homem ao lidar com as questões próprias da diversidade social, a fim de provocar o surgimento de políticas que viabilizem as transformações pelas quais a educação precisa passar, para se consolidar como instrumento crítico na defesa dos direitos à cidadania plena.
Por muito tempo, acreditou-se que o Projeto Político Pedagógico estivesse restrito à descrição de grades, ementas, conteúdos e bibliografias; mas, modernamente, verificou-se que ele representa a alma de uma escola, quer seja do ensino fundamental, quer seja do ensino médio, quer seja do ensino superior. O Projeto Político Pedagógico vai além de meras descrições conteudistas e procura fazer com que os elementos de natureza teórica convirjam com os de natureza prática.
Para que o Projeto Político Pedagógico não represente um “receituário” de como fazer educação, é necessário que, ao elaborá-lo, haja a confluência ativa dos diversos segmentos da sociedade em que a escola esteja inserida.
Nas etapas de reflexão do PPP, diretores, orientadores, supervisores, professores, alunos, pais de alunos e outros interessados deverão participar das discussões desde as fases iniciais até as mais complexas, tais como: a missão da escola, sua filosofia e concepção educacionais, seus objetivos, perfil do profissional que deve atuar como agente de transformação social, perfil do egresso que se pretende formar, além de outros aspectos de máxima relevância como modelos de ensino e projetos de pesquisa e extensão. Tudo isso deve ser levado em conta com a finalidade de que o Projeto Político Pedagógico cumpra com o seu verdadeiro papel de ferramenta norteadora do desenvolvimento humano frente à diversidade social que é, ao mesmo tempo, plurivalente e plurilateral. Plurivalente pela versatilidade social dos indivíduos se juntarem numa ação intersubjetiva e dialética para formar um universo de idéias tidas como conteúdo de massa, e, plurilateral se considerarmos que a sociedade é formada de diversos lados, ou seja: de diversos e diferenentes segmentos, cada um com suas particularidades que unidas formam o todo necessário no desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico ideal.
Conforme Libâneo (2001), para que a escola interaja com o meio e para que esse participe das discussões promovidas por ela com o intuito de transformar; o Projeto Político Pedagógico deve, antes de discutir o que ensinar, estabelecer para quem ensinar, para que ensinar e como ensinar (Homem e contexto histórico social). Para entender melhor tais relações, é necessário considerar certas reflexões sobre a sociedade e seus anseios sociológicos, políticos, econômicos, culturais, psicológicos, antropológicos, lingüísticos e, acima de tudo, ideológicos.
A escola moderna não pode se preocupar única e exclusivamente com os conteúdos a ser ensinados, uma vez que a visão de mundo do aluno pode ir e, geralmente, vai além de “sóbrios” conceitos teóricos, como afirmou Freire (1985) quando disse que para ler a palavra (teoria), era preciso que o indivíduo tivesse antes tudo o mais uma boa leitura de mundo, fato inquestionável.
As teorias que pregam a unidade das atitudes em lugar da diversidade de ações do homem, em tese, são falhas e não contribuem para preencher o hiato existente entre os interesses sociais e o desejo que o homem tem em lograr melhores posições na pirâmide de estratificação social. Qualquer tentativa de escolher um “porto seguro” para a educação, que não seja por meio de projetos que privilegiem o diálogo como fonte de interação indivíduo-sociedade, estará fadado ao insucesso.
O Homem é adverso e controverso por natureza, geralmente está inserido em meios também adversos e, por intermédio de discursos cheios de ideologias, implementa mudanças com a intenção de se consolidar como indivíduo politicamente ativo e atuante no comando do meio em que vive e transforma a si e a outrem. Na tentativa de ver seus interesses individuais representados no conjunto dos interesses coletivos, o homem cria e executa grandes projetos de vida que, geralmente, têm início nas discussões previstas no Projeto Político Pedagógico da escola. Daí a importância de se discutir o Projeto Político Pedagógico que, inegavelmente, tem em seu âmago os primeiros alicerces, não só da vida dos indivíduos que ensinam e aprendem a luz de tudo o quanto nele foi planejado, mas da própria sociedade e de tudo o quanto flui e conflui dela.
Em face do exposto, é possível afirmar que o Projeto Político Pedagógico, como mola propulsora das transformações sociais, deve ser criado para compreender o Homem que, por natureza, vive num universo permeado por elementos dessemelhantes e precisa compreender a tudo e a todos a fim de viver e conviver em sociedade. Por último, urge ressaltar que o fazer da educação deve se dar de forma que o PPP atenda ao que preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) quando discorrem sobre o ensino de línguas, ou seja, pelo USO - REFLEXÃO - USO, ou segundo Freire: (1995) AÇÃO - REFLEXÃO - AÇÃO. Deste modo, é possível afirmar que o Projeto Político Pedagógico tem, a priori, a função de instrumento de interação do Homem com o meio em que vive e, a posteriori, a função de elemento deflagrador das reflexões sobre as mudanças por que devem passar o Homem, a escola e a sociedade.
Referências:
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
LIBÂNEO, José Carlos। Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 17. ed. São Paulo: Loyola, 2001.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: MEC; SEMTEC, 1997.

"O AMOR FALA TODAS AS LÍGUAS"



Por Thonny Hawany

A História da humanidade é marcada por perseguições e de todo o tipo de barbárie. Ao longo dos tempos, o Homem foi discriminado por ser do sexo feminino, por ser idoso, por ser negro, por ser índio, por ser judeu, por ser cristão, por ser deste ou daquele país, por ser HOMOSSEXUAL, - por ser diferente daquilo que uma sociedade de padrões arcaicos, fundamentalistas, machistas, bairristas, estabeleceu como modelo.
Quem disse que apenas um homem e uma mulher heterossexuais são capazes de AMAR? Quem disse que o AMOR é um atributo deste ou daquele indivíduo? Quem disse que os homossexuais não somos capazes de AMAR, de criar nossos filhos, ainda que estes tenham sido gerados no ventre de uma mãe heterossexual como aquela que nos gerou? Quem disse que um homem por ser dessa ou daquela cor... dessa ou daquela raça... dessa ou daquela religião não é capaz de AMAR?
Em que as classes tidas como minoritárias são diferentes daquelas que se dizem elite? O negro é menos capaz que o branco? O pobre discriminado é menos inteligente que o rico burguês? Você já parou para se perguntar por que estamos todos na luta pela igualdade e o que isso significa exatamente? Será que se toda a humanidade seguisse o filho de Deus – Jesus Cristo – quando disse: “Amai uns aos outros, assim como eu vos amei”, seria necessário levantarmos bandeiras para discutirmos políticas públicas e direitos humanos aplicados à comunidade LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais)?
As respostas a estas perguntas causam pavor àqueles que dependem das classes minoritárias para continuarem brincando de discriminação. É maravilhoso para eles - os agentes da discriminação - quando o herói branco vence o bandido negro nos filmes que retratam a sua cultura ariana. Se uma mulher é violentada, ou se sofre violência doméstica, isso, era, até pouco tempo, justificado pela honra ferida do marido ou pela devida “obediência cega” ao seu “senhor”. As anedotas não têm graça se não figurar no centro delas um protagonista de classe minoritária sendo espezinhado: um negro, uma mulher, um judeu, um HOMOSSEXUAL.
Quando nos dizem que somos dignos de pena, de perdão, estão exatamente dizendo o que? Que estamos em pecado por AMAR o nosso semelhante, só porque esse semelhante é da mesma orientação sexual que a nossa? Com base em que direito, esses homens e mulheres nos tiram os nossos direitos de homens e mulheres: gays, lésbicas, bissexuais e transexuais? Direitos que estão amplamente garantidos na Constituição da República Federativa do Brasil quando afirma que: "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade [...]".
Em síntese, entendemos que uma cultura não se muda da noite para o dia, é preciso fazer como a água, que de modo persistente, abre caminho por entre as duras predras. Os paradigamas embolorados precisam ser estirpados das relações intersubjetivas para que a sociedade viva livre do PRECONCEITO. É preciso, pois, ser como o carvalho que, exposto aos mais rigorosos ventos, faz-se forte e vigoroso para suportá-los... É preciso ser como o diamante que, para ser a mais preciosa de todas as pedras, suporta ser forjado sob a mais alta pressão. O que hoje entendemos por tempestade será, sem sombra de dúvidas, um crescente alicerce na construção de um futuro de PAZ entre os homens, quer sejam héteros, quer sejam homossexuais.

Por Thonny Hawany