quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

EWÉ ÒWÚ – FOLHA DO ALGODÃO

 Por Thonny Hawany

Conforme está escrito no sítio da AMPA – Associação Mato-grossense dos Plantadores de Algodão, “o algodão é conhecido do homem desde os tempos mais remotos. A domesticação do algodoeiro ocorreu há mais de 4.000 anos no sul da Arábia e as primeiras referências históricas ao algodão estão no Código de Manu, do século VII a.C., considerado a legislação mais antiga da Índia. Os Incas, no Peru, e outras civilizações antigas, já utilizavam o algodão em 4.500 a.C. Os escritos antigos, de antes da Era Cristã, apontavam que as Índias eram a principal região de cultura e que o Egito, o Sudão e toda a Ásia Menor já utilizavam o algodão como produto de primeira necessidade” (online).

O algodoeiro é mesmo uma planta surpreendente, tem boa sombra quando plantado para este fim, tem flores lindas de perfume sutil, veste a humanidade com suas fibras e serve como remédio para o corpo e também para a alma, como veremos mais adiante.

Nomes populares: algodoeiro, algodão-bonito, algodão-de-malta, algodão-herbáceo

Nome científico:  Gossypium L., da família Malvaceae

Nome iorubá: ewé òwú

Orixás associados: Pertence por excelência a Oxalá, mas também a outros orixás da mesma linhagem.

Elemento(s) associado(s): ar

Gênero: folha feminina

Significado sagrado: equilíbrio entre os elementos feminino e masculino. É uma folha gún (quente). O algodão e o algodoeiro possuem muito prestígio na cultura iorubá, pelo menos dois signos de Ifá tratam do assunto: Òsá e Ogbè-Ògúnda, como se pode ler em Barros e Napoleão (2011, p. 204).

Cantiga / Encantamento:


Ewé Òwú jẹ́jẹ́ 

(A folha do algodão acalma)

Ewé Òwú jẹ́jẹ́ 

(A folha do algodão acalma)

Ó ya sábá ni bá ta bá mí

(Ela transborda, abriga, ajuda, ilumina, sacode)

Baba bẹ̀ o!

(Pai, suplica!)

Funções sagradas no Candomblé: o algodão (ewé òwú) é uma folha quente pela qual pedimos proteção para o nosso Orí [1]  e consequentemente para toda a nossa vida. A ewé òwú cobre a nossa cabeça e nos protege contra os nossos inimigos. A folha do algodoeiro é utilizada nos banhos dos obrigacionados e em outros ritos, cujo hunbe [2]  não nos permite descrevê-los aqui.  

Funções fitoterápicas: De modo bem resumido, o chá da folha de algodão é diurético, contribui com a digestão e ajuda na regulação do intestino. Ainda conforme experientes rezadeiras da Região Sudoeste da Bahia, as folhas do algodoeiro também servem para regular o ciclo menstrual.[3]

Referências:

1. História do Algodão. AMPA – Associação Mato-grossense dos Plantadores de Algodão. Disponível em: https://ampa.com.br/historia-do-algodao/. Acesso em 23/02/2023.

2.Ewé òwú. GUNFAREMIM. Disponível em: https://gunfaremim.com/?p=352. Acesso em 23/-2/2-23.

3. BARROS, José Flávio Pessoa de e NAPOLEÃO, Eduardo. Ewé Òrìṣà. 5.ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

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[1] . Cabeça, orixá com o qual nascemos todos.

[2] . Educação religiosa para o povo do Candomblé.

[3] . É importante lembrar que nenhum conhecimento popular sobre doenças exclui a necessária orientação de um médico. Consulte um médico antes de fazer uso de qualquer substância, quer seja ela natural, quer seja ela produzida em laboratório.

FONTE DAS IMAGENS: Arquivo pessoal

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