quarta-feira, 11 de abril de 2018

OBÌ


Material coletado por Thonny Hawany

Olófin, o senhor das leis, um dos títulos de Olódùmarè, decidiu um dia visitar a Terra e ver de perto como as coisas andavam. Em sua caminhada conheceu um homem que se chamava Obì, e que lhe impressionou muito por ele ser uma pessoa muito justa, sem orgulho e pretensões e sem nenhuma vaidade.

Então Olófin decidiu que Obì deveria viver muito alto, vestido de branco por fora e por dentro, que sua alma seria imortal e que trabalharia para ele. Em seguida, Olófin lhe apresentou Èṣù, e entre ambos surgiu grande amizade, sendo que os amigos de um passaram a ser amigos do outro. Os pobres, os ricos, os corretos, os desajustados, todos eram amigos de Èṣù.

Com o correr do tempo, Obì, começou a se tornar vaidoso e cheio de si. O orgulho tomou conta dele, passou a evitar as pessoas que lhe eram inferiores; até Èṣù ele evitava, devido as suas amizades que não agradavam Obì.

Desejando celebrar uma festa, Obì convidou Èṣù e pediu-lhe que evitasse convidar suas amizades. Èṣù, que havia notado a mudança de comportamento de Obì, convidou os poderosos e ricos, mas também convidou os vagabundos e miseráveis da cidade. Quando Obì chegou a casa e viu aquela gente estranha, ficou irado e perguntou: “Quem convidou esta gente a minha casa?” Todos responderam: “foi Èṣù″. Obì se enfureceu e expulsou a todos, dizendo que não admitia vagabundos em sua casa. Èṣù chegou no momento em que todos saíam, dizendo que Obì era vaidoso e ingrato. Em seguida, saiu acompanhando seus amigos.

Compreendendo o que havia feito, Obì tentou reconsiderar, dizendo que havia se equivocado ao tratar daquela forma os amigos pobres de Èṣù. Èṣù porém não lhe fez caso, seguindo o seu caminho.

Certo dia, Olófin convocou Èṣù a sua presença e pediu-lhe que levasse um recado para Obì, porém Èṣù se recusou, e, ao ser inquirido sobre a razão da recusa de ir à casa de seu amigo, respondeu-lhe que Obì havia mudado de comportamento, tornara-se muito vaidoso e se recusava a receber em sua casa os pobres e os humildes.

Olófin escutou em silêncio o relato de Èṣù, e, quando este terminou, lhe disse: “Vou ensinar uma lição a Obì”. Usando de um disfarce, Olófin foi até a casa de Obì. Tocando a porta, foi recebido por Obì, que não lhe reconheceu e foi dizendo para se afastar dali, que ele não dava esmolas a ninguém. Olófin ao ouvir aquilo, firmou a voz e lhe disse: “Olhe para mim! veja quem sou eu!…”

Obì, diante da presença de Olófin, tratou de corrigir-se alegando um engano. Olófin então lhe falou: “Eu lhe acreditava um homem honesto, íntegro e bom, sem falso orgulho ou vaidade, por isso o fiz branco por todos os lados e com espírito imortal. Parece que de viver tão alto, sua cabeça chegou às nuvens. Mas vou corrigir tudo isso. Você, a partir de agora, viverá no alto, mas só que no alto das árvores, porém cairás e rolarás por terra, para que aprendas que por mais elevado que uma pessoa esteja também poderá cair por terra. Você se vestirá de verde por fora e branco por dentro, mas algumas vezes será negro. Quando aprender a corrigir seus erros, eu o perdoarei. Até lá, você deverá servir a todos os òriṣà e ajudará a predizer o futuro a todos que desejarem saber, tanto os ricos como os pobres e necessitados sem distinção social ou de cor”.

Olódúnmarè também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos.

Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo próprio Olódúnmarè e tinha duas peças.

Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente.

A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola.

FONTE: https://meuorixa.wordpress.com/2012/06/04/obi/

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