Material coletado por Thonny Hawany
Olófin, o senhor das leis, um dos
títulos de Olódùmarè, decidiu um dia visitar a Terra e ver de perto como as
coisas andavam. Em sua caminhada conheceu um homem que se chamava Obì, e que
lhe impressionou muito por ele ser uma pessoa muito justa, sem orgulho e
pretensões e sem nenhuma vaidade.
Então Olófin decidiu que Obì
deveria viver muito alto, vestido de branco por fora e por dentro, que sua alma
seria imortal e que trabalharia para ele. Em seguida, Olófin lhe apresentou
Èṣù, e entre ambos surgiu grande amizade, sendo que os amigos de um passaram a
ser amigos do outro. Os pobres, os ricos, os corretos, os desajustados, todos
eram amigos de Èṣù.
Com o correr do tempo, Obì,
começou a se tornar vaidoso e cheio de si. O orgulho tomou conta dele, passou a
evitar as pessoas que lhe eram inferiores; até Èṣù ele evitava, devido as suas
amizades que não agradavam Obì.
Desejando celebrar uma festa, Obì
convidou Èṣù e pediu-lhe que evitasse convidar suas amizades. Èṣù, que havia
notado a mudança de comportamento de Obì, convidou os poderosos e ricos, mas
também convidou os vagabundos e miseráveis da cidade. Quando Obì chegou a casa
e viu aquela gente estranha, ficou irado e perguntou: “Quem convidou esta gente
a minha casa?” Todos responderam: “foi Èṣù″. Obì se enfureceu e expulsou a
todos, dizendo que não admitia vagabundos em sua casa. Èṣù chegou no momento
em que todos saíam, dizendo que Obì era vaidoso e ingrato. Em seguida, saiu
acompanhando seus amigos.
Compreendendo o que havia feito,
Obì tentou reconsiderar, dizendo que havia se equivocado ao tratar daquela
forma os amigos pobres de Èṣù. Èṣù porém não lhe fez caso, seguindo o seu
caminho.
Certo dia, Olófin convocou Èṣù a
sua presença e pediu-lhe que levasse um recado para Obì, porém Èṣù se recusou,
e, ao ser inquirido sobre a razão da recusa de ir à casa de seu amigo,
respondeu-lhe que Obì havia mudado de comportamento, tornara-se muito vaidoso e
se recusava a receber em sua casa os pobres e os humildes.
Olófin escutou em silêncio o
relato de Èṣù, e, quando este terminou, lhe disse: “Vou ensinar uma lição a
Obì”. Usando de um disfarce, Olófin foi até a casa de Obì. Tocando a porta, foi
recebido por Obì, que não lhe reconheceu e foi dizendo para se afastar dali,
que ele não dava esmolas a ninguém. Olófin ao ouvir aquilo, firmou a voz e lhe
disse: “Olhe para mim! veja quem sou eu!…”
Obì, diante da presença de
Olófin, tratou de corrigir-se alegando um engano. Olófin então lhe falou: “Eu
lhe acreditava um homem honesto, íntegro e bom, sem falso orgulho ou vaidade,
por isso o fiz branco por todos os lados e com espírito imortal. Parece que de
viver tão alto, sua cabeça chegou às nuvens. Mas vou corrigir tudo isso. Você,
a partir de agora, viverá no alto, mas só que no alto das árvores, porém cairás
e rolarás por terra, para que aprendas que por mais elevado que uma pessoa
esteja também poderá cair por terra. Você se vestirá de verde por fora e branco
por dentro, mas algumas vezes será negro. Quando aprender a corrigir seus
erros, eu o perdoarei. Até lá, você deverá servir a todos os òriṣà e ajudará a
predizer o futuro a todos que desejarem saber, tanto os ricos como os pobres e
necessitados sem distinção social ou de cor”.
Olódúnmarè também proclamou que,
como um símbolo da prece, a árvore somente cresceria em lugares onde as pessoas
respeitassem os mais velhos.
Naquela reunião do Conselho
Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo próprio Olódúnmarè e tinha duas
peças.
Ele pegou uma e deu a outra para
Elenini, a mais antiga divindade presente.
A próxima noz de cola tinha três
peças, as quais representavam as três divindades masculinas que disseram as
orações que fizeram nascer a árvore da noz de cola.
FONTE: https://meuorixa.wordpress.com/2012/06/04/obi/
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